Resolvemos alterar os planos que tínhamos inicialmente, em relação à Polónia, República Checa, Eslovénia e Hungria: por um lado, achamos que estes países merecem uma visita mais demorada e, por isso, resolvemos deixá-los para uma outra viagem: por outro lado, nenhum dos nossos 2 GPS tem os mapas destes países, o que tornaria muito complicada a visita e, com o calor a começar a apertar, o melhor é acelerar um bocadinho. No entanto, tivemos que atravessar a Polónia e a República Checa para chegar até aqui à Áustria, onde nos encontramos agora, mais precisamente, em Viena.
Esta passagem por estes países, já deu para conhecer um pouco das suas paisagens e das condições de vida destes povos: o norte da Polónia mais plano, grandes planícies cultivadas, agricultura desenvolvida, floresta saudável com árvores de grande porte: o sul, menos plano mas muito mais bonito, grande variedade de culturas, em grandes extensões, incluindo pomares, vales verdejantes onde, muitas vezes, se encontravam os núcleos populacionais. Gostámos muito da Polónia e das suas gentes e a propósito, quero referir aqui um episódio que se passou connosco em Varsóvia e que nos deixou deveras sensibilizados e com amizades feitas neste país.
Tínhamos intenção de pernoitar em Varsóvia, num parque que nos tinha sido referenciado pois, além de precisarmos de abastecer de água e fazer a limpeza da AC, também queríamos aceder à net. Já uns bons quilómetros antes de Varsóvia, o trânsito se tinha tornado infernal (as estradas são más, em muitos locais e algumas andam em renovação – a Mota Engil está em força, na Polónia, a fazer alguns troços de auto-estrada) e, mesmo à entrada de Varsóvia, era um pandemónio com desvios, vias reduzidas, construção de rotundas….obras por todo o lado. Depois, os condutores polacos são um bocado desorganizados e não são grandes cumpridores das regras de trânsito…..Ora, tudo isto e mais a falta do GPS, fez com que nos desviássemos do percurso e fossemos parar a um sítio que não sabíamos como retomar o caminho certo. Depois de algumas voltas ao acaso, perguntámos ao morador de uma vivenda por onde passámos, nos arredores de Varsóvia, e ele, que falava fluentemente inglês, disse para seguirmos um amigo que ia a sair de sua casa nesse momento, pois ele nos levaria ao caminho certo. Ficámos contentes e lá fomos – ainda uns bons quilómetros – até retomarmos o rumo. Já no bom caminho, ultrapassámos uma AC polaca e, por cortesia, cumprimentámos com dois ligeiros toques de buzina. O companheiro retribuiu com um aceno e, a certa altura, fez sinal para os seguirmos – ia com a esposa. Não ligámos e, com tudo isto, passámos pelo parque que procurávamos mas só o vimos no momento em que iamos a passar…..então, saímos na primeira rua que encontrámos para tentar retornar ao parque. Qual não é o nosso espanto quando verificámos que a referida AC nos seguia…..encostámos assim que nos foi possível para saber o que se passava. O condutor veio ao nosso encontro dizendo (em inglês) que vivia ali perto e que tinha na sua casa um bom local para ficarmos e teria muito gosto em nos receber e fornecer o que precisássemos para a AC. Agradecemos e recusámos, dizendo que íamos para o parque e contámos o que se tinha passado. O homem insistiu e….lá nos convenceu, dizendo que o filho falava bem espanhol.Recebeu-nos com muita amabilidade e simpatia, disponibilizando a casa para o que necessitássemos, inclusivé banho e jantar…..dissemos que não pois tínhamos tudo na AC e que já tínhamos jantado, mas insistiram para que fossemos, ao menos, tomar uma bebida. Passámos um agradável serão em casa do Stefan e esposa, falando das mais variadas coisas sobre os nossos dois países e, apesar de não falarmos a mesma língua, a comunicação foi muito fácil porque o filho, o Daniel, fala fluentemente o espanhol e servia de intérprete. Na mesa havia duas enormes taças com fruta: uma de morangos e outra de cerejas, deliciosas, fresquinhas…..que fomos comendo ao longo do serão, sentindo-nos como se estivéssemos em família ou com amigos de longa data. Foi uma experiência muito agradável…..quando nos deitámos (já eram 2 da manhã…) nem queríamos acreditar no que no estava a acontecer….
No dia seguinte, como iam para o emprego, deixaram-nos o comando do portão automático, juntamente com as chaves de casa para nos servirmos se precisássemos de alguma coisa……ficámos sem palavras!!!
Desculpem esta “seca” mas tinha que contar tudo isto porque nos enterneceu bastante e mostra bem a hospitalidade deste povo. Claro que também oferecemos a nossa casa para quando, um dia, visitassem Portugal e teremos muito gosto em retribuir toda esta hospitalidade.
Aqui ficam as fotos
A simpatia das pessoas é bem visível na foto…..
Eis um recanto do seu lindo jardim e o local de estacionamento das ACs: à frente a deles e atrás, a nossa.
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