Na nossa passagem pela Polónia, não podíamos deixar de visitar Auschwitz e prestar a nossa homenagem às vítimas do Holocausto. Já sabíamos que não iria ser uma visita que nos daria prazer, como todas as outras que temos feito até aqui: ali não iriamos encontrar paisagens maravilhosas nem belos monumentos; não é um lugar de alegria nem de boas recordações…….mas sim, visitar um local onde se escreveu, com horror e com sangue, dor, sofrimento e muitas lágrimas, uma das mais negras páginas da História da Humanidade, na nossa época.
Todos nós já vimos fotografias impressionantes dos horrores cometidos naqueles campos de concentração e já lemos relatos das atrocidades ali cometidas que nos deixam incrédulos da sua veracidade mas…..pisar aqueles terrenos, sentir o cheiro daquelas barracas onde milhares de pessoas levaram uma existência indigna de seres humanos, ver montes enormes dos seus objectos pessoais – sapatos, malas de viagem, roupas, os míseros colchões onde descansavam o corpo (se os deixassem….), própeses, objectos de higiene pessoal……tudo isso é demasiado forte para as nossas sensibilidades e muito, muito, muiiiiiito comovente!!!!
Todos os dias há milhares de pessoas que visitam este local - campos de concentração e ao museu- em grupos, acompanhados por um guia que vai fazendo as explicações mas, apesar de tanta gente, impera o silêncio e o respeito. O sentimento geral é de consternação: SENTE-SE…..não se fala! Foi também com esse sentimento que percorremos este local.
Aqui ficam algumas fotos para memória futura em sinal de homenagem a tantas vítimas inocentes da loucura de uma mentalidade criminosa e doentia.
Era por esta entrada ( conhecida por todos como “entrada da morte” ) que os prisioneiros chegavam, em comboios que os levavam até dentro do campo. A maior parte, nunca mais saiu….
O campo encontrava-se completamente vedado com cerca eléctrica e vigiado por guardas. Estas são algumas das barracas que serviam de alojamento.
O interior das barracas, as sanitas comuns e algumas camas. Noutros casos havia apenas um monte de palha, umas enxergas ou uma espécie de prateleiras onde mal se podia respirar.
Aqui era o local onde existiam as câmaras de gás e os fornos crematórios que os nazis tentaram destruir assim que acabou a guerra, para eliminar os vestígios das atrocidades cometidas.
Quem entrava por esta porta, raramente saía…..
No museu, as fotografias não são permitidas ( todas as que fizemos foi clandestinamente…). Neste monte há milhares de sapatos de todos os tamanhos….muitos de criança….
Próteses e malas de viagem……
Outros dormitórios….
Sem comentários……
Num dos muitos escritos que se encontram no Museu, encontrámos um poema de Primo Levi que nos fez pensar e do qual deixamos aqui a tradução. Será, mais ou menos, assim:
SE UM HOMEM….
Vós, que viveis com tranquilidade
No aconchego das vossas casas,
Vós, que à noite, ao regressar
Encontrais a mesa posta e os rostos amigos
Pensai, se um Homem….
Aquele que sofre na lama,
Que não conhece o repouso
Que luta por um bocado de pão,
Que morre por um SIM, por um NÃO
Pensai, se uma Mulher…
Que perdeu o nome e o cabelo
E até a força das recordações
O olhar vazio e o peito frio
Como uma rã no Inverno…..
Não esqueçais que isto aconteceu
Gravai estas palavras no vosso coração
Pensai nelas em casa e na rua, ao deitar e ao levantar
Repeti-as aos vossos filhos.
Para que estes homens e mulheres
Nunca sejam esquecidos…..
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