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domingo, 8 de novembro de 2020


DE NORTE A SUL PELA N2


Parte I

VOLTAR À ESTRADA           

Após alguns meses de paragem devido às circunstâncias que estamos a viver neste ano de 2020, a nossa nova “Zabela” voltou à estrada para nos proporcionar momentos de inolvidável prazer e um deslumbramento constante pelos lindos recantos que vamos descobrindo neste nosso País, tão rico em belezas naturais, monumentos, história, gastronomia e gente boa.... 
Este ano o nosso projecto era viajar por Portugal para conhecer a nossa terra de uma ponta à outra, mas os planos foram adiados logo desde o início. Fizemos duas breves saídas, num raio relativamente pequeno, mas muito agradáveis e que serviram para aliviar um pouco do confinamento a que todos fomos forçados. O tempo vai sendo, cada vez, mais curto e há que aproveitá-lo o melhor possível. Então, vamos a  isso!
Como já referi num post anterior, festejamos, este ano, as nossas Bodas de Ouro matrimoniais e resolvemos associar esta nossa comemoração aos 75 anos que a mítica estrada NACIONAL 2 completa em 2020. Seria uma forma de percorrer Portugal de Norte a Sul e apreciar a diversidade e beleza das paisagens e monumentos e regressar a casa mais ricos de conhecimento.
Chegou a hora de partir para esta aventura, no início de Setembro, usando de todos os cuidados necessários para garantir a integridade da nossa saúde em relação ao virus que nos surpreendeu e se instalou por todo o mundo sem que ninguém o convidasse.
Planeámos dividir a viagem em 2 partes: a primeira seria de Chaves a Abrantes e a segunda, de Abrantes a Faro, fazendo, entre ambas, um intervalo em nossa casa por motivos logísticos.
Como moramos no centro do país seria necessário chegar a Chaves para depois iniciar a N2. Então aproveitámos para tornar mais rica esta deslocação e assim decidimos seguir calmamente para Chaves através das Beiras, visitando alguns locais que gostaríamos de rever e outros que queríamos conhecer.

1º Dia - 3/9/2020               Casa - Benquerença (praia fluvial O Moinho)

Início de viagem pela A23 em direcção a Vila Velha de Rodão para conhecer a praia fluvial e aí almoçar. Neste tempo de verão as sombras são as mais preferidas e na zona da praia fluvial encontravam-se todas ocupadas sem espaço para estacionarmos. Assim sendo, decidimos procurar outro sítio e foi junto à ponte, sobre o Tejo, que conduz a Nisa, que encontrámos um estacionamento à sombra de uns enormes plátanos que ali se encontram. Comemos o nosso almocinho, fizemos umas fotos do rio e das Portas de Rodão, uma formação geológica que forma um estreitamento do vale, formando duas paredes escarpadas com 170 m de altura, por onde o rio Tejo encontra o seu caminho até se espraiar nas lezírias ribatejanas e, a seguir, se envolver nas águas salgadas do Atlântico.
O rio Tejo na sua passagem por Vila Velha de Rodão


Um pouco mais à frente, as Portas de Rodão

Após o almoço continuámos a nossa viagem tendo como destino Alcafozes para uma visita ao Santuário de Nª Sra. do Loreto, padroeira dos aviadores e da aviação onde, todos os anos, no último fim-de-semana de Agosto, se realizam as festividades em honra da Sra. do Loreto,
com o apoio da Força Aérea. Junto ao Santuário encontra-se um um exemplar de um avião Cessna T-37, oferecido pela Força Aérea e que era pertencente à Patrulha Acrobática dos Asas de Portugal que todos os anos, na altura das festividades, ali fazem uma demonstração aérea.
Entrada do recinto do santuário onde, todos os anos, no início de Setembro se realizam as festas em honra de Nossa Sra. do Loreto, padroeira dos aviadores 

 O avião oferecido pela Força Aérea Portuguesa

 A capelinha e o recinto interior do santuário


Passagem depois por Penamacor que foi conquistada aos muçulmanos por D. Sancho I e, depois de lhe conceder foral, doou os seus domínios aos cavaleiros da Ordem do Templo, na figura do seu Mestre D. Gualdim Pais.

LENDAS  DE  PENAMACOR

"De acordo com uma das lendas locais, o nome da vila terá origem num fora-da-lei que aqui terá habitado, de nome "Macôr". Este salteador vivia numa caverna a que davam o nome de Penha. Com o passar dos tempos, o nome adulterou-se e passou a chamar-se Pena, ficando assim a terra a ser conhecida por Penha de Macôr ou Pena Macôr.

Segundo outra versão, uma luta feroz entre os seus habitantes e salteadores originou tanto derramamento de sangue e de tão má cor, que a vila ficou a ser conhecida por Penha de má cor. Ainda outra refere, que nesta zona existiam duas povoações, ambas localizadas em montes, Pena de Garcia e Pena Maior. Com a adulteração da pronúncia Castelhana, Magor passou a ser Macor, dando origem a Pena Macor.

O desenvolvimento da vila, nos finais do século XII, deveu-se à necessidade de proteção da fronteira portuguesa, pelo que foi construído um castelo (Castelo de Penamacor), de que ainda hoje restam vestígios, considerado monumento nacional"  (Texto da Wikipédia)



Paisagem bonita nesta região e a viagem fez-se calmamente por estradas muito tranquilas, apreciando as belezas naturais e os encantos de uma tarde calma, longe dos grandes centros e do trânsito intenso. 

Passámos depois por Meimoa, uma freguesia de Penamacor, bem perto da Reserva natural da serra da Malcata e onde existe uma praia fluvial à qual se tem acesso por uma pequena ponte romana sobre a ribeira da Malcata e que se encontra inserida num agradável parque de lazer. O estacionamento, para um carro como o nosso, não é fácil e por isso seguimos para o nosso destino que era a praia fluvial "O Moinho" em Benquerença onde existe uma ASA com todas as condições para uma estadia agradável. GPS: N 40º 13' 46''  W 07º 13' 16''

A praia fluvial "O Moinho" é um local muito agradável, tranquilo e seguro nestes tempos de pandemia. O espaço é enorme e podemos estacionar à vontade na margem da ribeira, à sombra de frondosas árvores. tem amplos espaços relvados para quem queira fazer um piquenique, tomar banhos de sol depois de um banho na piscina natural, um café, sanitários, parque infantil, etc. tudo isto muito espaçoso e sem que tenhamos de estar perto uns dos outros. No local existe uma ASA para autocaravanas e também é permitido o campismo.

Árvores frondosas, amplos  espaços relvados e um agradável  espelho de água formado pelo açude de um antigo moinho

Estacionámos na margem da ribeira e, quando acordámos de manhã, tínhamos esta bela vista da janela do quarto

Este é o açude que deu origem ao espelho de água que forma a praia

Espaço agradável para um dia passado em plena natureza

Há espaço para que todos estejam à vontade, respeitando as distâncias

Estivemos neste lindo local mais dois dias, disfrutando das boas condições que ali encontrámos e aproveitando para descansar. Ao 4º dia  seguimos viagem pois ainda havia muito caminho para andar.

4º Dia - 6/)/2020         Benquerença -Almeida

SORTELHA

De Benquerença a Sortelha são cerca de 20 km que se fizeram calmamente por uma estrada secundária, estreita mas com bom piso e com uma linda paisagem. Esta era uma das aldeias históricas que ainda não tínhamos visitado e gostávamos muito de conhecer. Calhou desta vez e foi como que uma viagem ao passado, um passado com cerca de 8oo anos de história onde, cada pedra nos transporta a uma vida tão diferente da que vivemos hoje. A fortificação, mandada construir por D. Sancho I, é um típico castelo assente sobre grandes rochedos com a muralha ondulante adaptada ao relevo. Dentro das muralhas nasceu a aldeia que mantém a sua fisionomia urbana e arquitetónica inalterada até aos nossos dias.
Nos reinados de D. Dinis e D. Manuel a aldeia ganhou maior protagonismo com a atribuição de um novo foral e a construção de novos edifícios.




Acesso ao castelo sendo bem visíveis os imponentes rochedos sobre os quais foi construído. A foto ao lado mostra o interior do castelo e a torre de menagem. Do alto das muralhas avista-se uma paisagem espetacular.



Pelourinho Manuelino junto à Casa da Câmara  e Porta Nova, uma das 4 portas de entrada na aldeia



Antiga Casa da Câmara e cadeia

Igreja de Nossa Sra. das Neves, construída no séc. XIV e remodelada no séc. XVI. Junto da igreja e do Pelourinho são visíveis algumas sepulturas medievais.

Porta da Vila que dá acesso ao maior largo deste recinto muralhado que forma a aldeia

Após o almoço (que fizemos no nosso restaurante itinerante à sombra de umas frondosas árvores à saída de Sortelha) continuámos para o Sabugal, fazendo antes uma passagem pela praia fluvial de Rapoula do Côa, um pequeno paraíso nesta zona beirã e que nos deixou surpreendidos pela sua frescura e beleza, permitindo a quem vive nestas zonas de interior, tão longe do mar, poder usufruir de refrescantes momentos de lazer nos dias quentes de verão.

RAPOULA DO CÔA



Os jovens aproveitam os ramos desta árvore para servir de prancha de onde saltam para a água





Ainda houve tempo para uma passagem pela barragem do Sabugal onde também há uma praia fluvial e uma breve visita à aldeia da Malcata onde, uma das especialidades gastronómicas é o CALDUDO,  uma sopa doce feita com castanhas piladas cozidas, leite, açúcar e canela.


SABUGAL

É uma região rica em património natural do qual se destaca a Reserva da Malcata onde se podem observar algumas espécies de plantas e animais protegidos, entre os quais, o mais divulgado que é o lince da Malcata.  O património construído também é importante havendo vestígios da presença humana nestas paragens desde os tempos pré históricos devido à fertilidade das margens do Côa.
Deste Património destaca-se o castelo, monumento nacional desde 1910 que sobressai na paisagem logo que nos aproximamos da vila.
Já antes tínhamos estado no Sabugal mas nunca visitámos o castelo. Desta vez foi ele a nossa primeira opção de visita e conseguimos subir até ao alto da torre de menagem para apreciar as belas vistas que só das alturas podemos ter.
O castelo, imponente com a sua torre pentagonal, encontra-se muito bem conservado



Lá do alto o casario parece formado por miniaturas que se alongam até onde a vista alcança.

À esquerda, uma foto do pelourinho que é uma réplica do original do qual apenas restam três dos seus elementos que se encontram expostos no museu municipal.
      

O painel de azulejos representa o Milagre das Rosas, atribuído à Rainha Santa Isabel que viveu neste castelo e, segundo a lenda, aqui realizou o milagre.

 
A praia fluvial do Sabugal, um belo espaço de frescura e descanso, no centro da vila por onde as águas do Côa correm tranquilamente formando um lindo espelho de água na barragem do Sabugal.

A Torre Sineira ou Torre do Relógio é também um marco do património histórico desta vila. Encostada à muralha, apoiava a defesa do castelo junto a uma das portas da vila.. 
Gostámos de revisitar esta terra beirã que, nestes tempos difíceis, se encontra com muito pouco movimento.

A tarde já ia longa e era necessário chegar ao destino de pernoita. No nosso plano de viagem estava a dormida em Almeida e foi para lá que nos dirigimos. Ficámos na AS, junto aos Bombeiros e com bons estacionamentos e serviços, incluindo eletricidade, tudo grátis. Parabéns à autarquia por criar estes espaços para os auto caravanistas poderem visitar as suas terras e nelas fazer despesa, contribuindo também para a economia local.


5º Dia - 7/9/2020                Almeida  -  Freixo de Numão


Saímos de manhã para Vila Nova de Foz Côa onde queríamos visitar  o Museu do Côa, Pelo caminho faríamos um pequeno desvio para visitar Algodres, uma localidade portuguesa do concelho de Figueira de Castelo Rodrigo (por onde passámos também mas não fizemos paragem pois já tínhamos visitado anteriormente, assim com a linda Castelo Rodrigo).

ALGODRES

Não, esta não é a de Fornos de Algodres, é a de Castelo Rodrigo como já disse e que em tempos pertenceu ao concelho de Almendra, extinto em 1855. É uma pequena aldeia cujo nome parece ter a sua origem na ocupação árabe, assim como o da sua vizinha Almendra.
Esta aldeia é um bom exemplo da correta utilização dos dinheiros públicos pois o património arquitetónico está muito bem preservado, assim como os serviços e equipamentos públicos muito limpos e funcionais.


Igreja Matriz ou de Santa Maria Maior, cuja fundação datará dos finais do românico e princípios do gótico. A torre, à esquerda, é de fundação posterior, 1777, segundo uma lápide exposta.

 , Ao lado da Capela fica o Centro Interpretativo e Museológico de Algodres que pretende dar a conhecer o património, os costumes e as tradições da aldeia de Algodres, cujos habitantes, desde sempre, foram buscar à terra a sua forma de sustento. O edifício +e construído em materiais da região, estando perfeitamente integrado na arquitetura local, embora com um cunho moderno e funcional: as paredes laterais são em vidro e madeira, permitindo uma visão do seu interior ,
                   
Capela de Santo Antóni

É de referir que esta pequena aldeia possui uma AS para auto caravanas com zona de abastecimentos e despejos.  GPS. N  40º 57' 09''    W  07º 03' 11''

ALMENDRA

Saindo de Algodres voltámos à estrada para Vila Nova de Foz Côa, passando por Almendra onde se nos deparou um bonito Solar em perfeito estado de abandono. Pelas paredes que ainda se encontram de pé podemos avaliar a riqueza arquitetónica do edifício que já não tem telhado mas ainda tem cortinas nas janelas apesar de muitos vidros partido. É uma pena que se percam edifícios como este. Pela investigação que fizemos, soubemos que se trata do Solar do Visconde de Almendra. É um edifício palaciano, um belo exemplar da arquitetura setecentista em estilo barroco que se revela nas janelas com as típicas vieiras invertidas e a varanda com balaústres.
Foi residência de várias gerações dos Viscondes de Almendra e Viscondes do Banho. Atualmente pertence aos herdeiros da filha mais nova do 3º Visconde do Banho, que o deixaram chegar a este lamentável estado de degradação.





Capela de Nª Sra. do Campo

VILA NOVA DE FOZ CÔA

Em Foz Côa o nosso objetivo era, sobretudo, visitar o Museu do Côa e admirar a maravilhosa paisagem que de lá se avista. E assim foi.

O Museu foi concebido para se integrar na paisagem como um elemento natural dessa mesma paisagem. Assim, ele assenta no topo da colina que se eleva na margem esquerda do Côa, junto à sua foz, como se fosse um prolongamento dessa elevação. 
No seu interior podemos observar e aprender um pouco da arte rupestre do paleolítico no Vale do Côa, este sim, o maior museu ao ar livre de arte pré-histórica do vale do Côa.


Alguns exemplos das gravuras rupestres encontradas no vale do Côa


Lindas paisagens, obra da Natureza, que o homem moldou segundo as suas necessidades, formando um conjunto harmonioso que nos deslumbra mas, ao mesmo tempo, nos avassala.


, Neste 5º dia fomos pernoitar em Freixo de Numão, uma pequena vila do concelho de Foz Côa, que já conhecíamos mas que possui uma boa AS (a 1ª construída em Portugal) e é uma vila cheia de história, sítios arqueológicos e belas paisagens. Desta vez foi só mesmo para pernoitar porque já visitámos os locais de maior interesse numa outra passagem que fizemos por estes lados.  

A AS é privada, pertence a uma associação cultural. Paga-se 5€ mas tem tb eletricidade e é muito sossegada.   GPS:  N 41º 03' 40''    W 07º 13' 13''


6º Dia  8/9/2020           Freixo de Numão  -  Murça

Logo de manhã, assim que nos despachámos, seguimos para S. João da Pesqueira já com as lindas paisagens do Alto Douro Vinhateiro que, nesta altura do ano anda em grande azáfama devido às vindimas. Estradas sinuosas, estreitas mas boas as quais fizemos em velocidade moderada pois a morfologia do terreno não permite grande velocidade aliado ao facto dos inúmeros carros de transporte de uvas que encontrámos pelo caminho e que faziam o transporte dessas mesmas uvas para o lagar. Várias quintas nesta região, todas muito bem cuidadas. Quando viajamos gostamos de apreciar a paisagem e esta do Douro, deslumbra-nos a cada km por isso nunca vamos muito depressa.


S. JOÃO DA PESQUEIRA

Em S. João da Pesqueira tínhamos indicação de um restaurante à beira da estrada que é amigo dos caravanistas, disponibilizando um grande parque onde se pode pernoitar. Pensámos que se eles tivessem serviço de take away e se alguma coisa do menu nos agradasse compraríamos e comíamos na nossa AC mas lá no parque. Lá fizemos a paragem mas verificámos que o restaurante estava fechado... paciência!!! A solução foi fazer o almoço e comê-lo ali mesmo aproveitando as boas sombras que ali existiam.

GPS: N  41º 09' 05''   W  07º 25' 26''



Casa do Cabo, antigo solar da família Sande e Castro e, por isso, também chamado Solar dos Castros. Hoje é aqui que funciona o Palácio da Justiça. Ao lado do Solar ficam os jardins ao estilo francês onde estão diversas esculturas representando as estações do ano e outros elementos decorativos usados na época.

ALTO DOURO VINHATEIRO

Não é por acaso que esta região foi  considerada Património da Humanidade pois a paisagem é de tal maneira envolvente e arrebatadora que não nos cansamos de a contemplar. As encostas, algumas bem abruptas, formando uma imensa escadaria ondulante trabalhada pela mão do homem para a transformar num belo jardim a produzir deliciosos frutos que dão origem a um dos mais emblemáticos produtos do nosso país - o vinho do Porto.









As encostas continuam a ser desbravadas e novas vinhas vão surgindo~


Até ao Pinhão a paisagem é  sempre idêntica mas à medida que vamos descendo para o vale e nos aproximamos do rio, fica ainda mais bonita.

PINHÃO


O rio Pinhão que deu o nome à povoação e aqui desagua no Douro

A emblemática estação ferroviária do Pinhão com os seus painéis de azulejos pintados à mão, ilustram paisagens de uma região vinhateira única no mundo e os costumes tradicionais do Douro.

A nossa passagem pelo Pinhão foi breve, limitou-se mesmo a uma passagem a caminho de Murça onde iríamos pernoitar para, no dia seguinte seguir até Chaves.

A AS de Murça fica junto ao parque desportivo e é um local agradável e sossegado com as valências necessárias para a manutenção da AC em viagem.
GPS:  N 41º 24' 11''    W 07º 26' 58''

De Murça seguimos para Chaves, passando por Jou e Carrazedo de Montenegro. Aqui, a paisagem muda bastante pois as imensas vinhas em socalcos nas encostas do Douro, já são mais reduzidas e dão lugar a imensos soutos de castanheiros que se apresentavam em todo o seu esplendor com os ouriços quase maduros para a colheita do saboroso fruto, grande fonte da economia da região.

LENDA DA PORCA DE MURÇA

texto da wikipédia

A lenda da "Porca de Murça", tal como todas as outras, é fruto do imaginário popular. Esse conhecimento é geralmente perpetuado pela memória colectiva de gerações. O sentido da existência desta lenda prende-se com a explicação do significado, na Praça 31 de Janeiro ou 25 de Abril, em Murça, de uma porca.

"Segundo a lenda, era no século VIII esta povoação e seu termo assolados por grande quantidade de ursos e javalis. Os senhores da Vila, secundados pelo povo, fizeram tantas montarias, que extinguiram tão daninha fera ou a escorraçaram para muito longe. Entre esta multidão de quadrúpedes, havia uma porca (ursa) que se tinha tornado o terror dos povos, pela sua monstruosa corpulência, pela sua ferocidade, e por ser tão matreira, que nunca poderia ter sido morta por caçadores. Em 775, o Senhor de Murça, cavaleiro de grandes forças e de não menor coragem, decidiu matar a porca, e tais manhas empregou que conseguiu, libertando a terra de tão incómodo hóspede. Em memória desta façanha, se construiu tal monumento alcunhado a "Porca de Murça", e os habitantes da terra se comprometeram, por si e seus sucessores, a darem ao senhor, em reconhecimento de tal benefício, para ele e seus herdeiros, até ao fim do mundo, três arreteis de cera anualmente, por cada fogo, sendo pago este foro mesmo junto à porca.


   7ª Dia    9/9/2020       Murça  -  Chaves

Os castanheiros carregadinhos de ouriços

Chegados a Jou resolvemos fazer um pequeno desvio até Curros, uma pequena aldeia da freguesia de Carrazedo de Montenegro e que dista cerca de 4 km de Jou, situando-se num fértil vale, para recordar uma viagem feita há 51 anos, no tempo em que as estradas destas aldeias eram simples caminhos de terra por onde só passavam carros de bois, pessoas a pé ou a cavalo e pouco mais. Hoje Curros já é servida por uma boa estrada alcatroada e a pequena ribeira deu lugar a uma agradável praia fluvial onde se pode usufruir de belas sombras, pescar, fazer um piquenique ou, simplesmente tomar um refrescante banho.







A pequena capela da aldeia


Percorremos as ruas, praticamente desertas mas ainda identificámos locais e falámos com pessoas familiares dos que nos receberam há 51 anos. Foi um regresso ao passado e um avivar de recordações muito gratificante. Resolvemos almoçar junto à praia fluvial na ribeira, à sombra das refrescantes árvores que ali se encontram.

Daqui até Chaves, a distância já não é grande e seguindo a nossa viagem calmamente, chegámos a Chaves a meio da tarde. Instalámo-nos na Guest House de Chaves, muito perto do centro e junto ao rio Cávado, em pleno parque ribeirinho da cidade. Local muito agradável e com muito boas condições para as auto caravanas.


 

Estava concluída a 1ª parte desta nossa viagem - chegar a Chaves, A partir daqui já vamos começar o objectivo que nos trouxe até Chaves, desta vez: " DE NORTE A SUL PELA N2"


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