VIAGEM DE OUTONO 2021
2ª PARTE
Terça feira, 12 de Outubro
Viemos ficar na AS de Vila Nova de Cerveira (GPS: N 41º 56' 16'' W 8º 44' 19''), onde chegámos ontem, mesmo a horas de degustar um lanche numa das esplanadas do centro e apreciar alguns dos maravilhosos trabalhos de crochet que esta "vila das artes" tem para nos oferecer.
O dia foi passado em V N Cerveira que parecia ter sido invadida pelos espanhóis. Autocaravanas eram às dezenas e automóveis, a mesma coisa. Os parques de estacionamento perto dos locais mais turísticos estavam repletos e nas ruas do centro histórico só se ouvia falar espanhol. Bom para o comércio da vila que decerto faturou mais nestes dias. A curiosidade levou-nos a indagar o "porquê" de tantos dos "nossos vizinhos" a viajar pela nossa terra em dia de semana. Soubemos depois que, por ser hoje feriado em Espanha, muitos fizeram "ponte" e resolveram visitar o nosso país.
A "Casa Verde" uma moradia apalaçada dos finais do sec. XIX ou princípios do sec. XX e que chama a atenção pela beleza estética.
Edifício da Câmara Municipal
De manhã aproveitámos para visitar o Aquamuseu, situado no Parque do Castelinho, junto ao rio Minho e pudemos apreciar as espécies de peixes que habitam na bacia hidrográfica do rio Minho, algumas delas em vias de extinção. Várias fotos e objetos ligados à pesca completam a exposição assim como textos explicativos daquilo que íamos observando. Muito interessante a visita.
Depois fomos e observar melhor os vários quadros históricos (totalmente feitos em crochet com as figuras em tamanho real), comemorativos dos 700 anos da fundação da vila, através de atribuição do foral pelo rei D. Dinis em 1321.
A edição de 2021 de "O crochet sai à rua" adaptou-se a este tema e foram criados vários quadros alusivos à comemoração. Espetacular trabalho de muitas mãos que contribuíram para este fim e que surpreendem quem os observa. Parabéns aos artistas, muitos dos quais anónimos, que criaram estas maravilhas!
Assinatura do foral pelo rei D. Dinis
A rainha Santa Isabel e o Milagre das rosas
A Nobreza O Clero
Almoço na AC e tarde para descanso.
Amanhã seguiremos para Guimarães para tentar resolver um problema que temos na parabólica.
Quarta feira, 13 de Outubro
Eram cerca de 9h quando saímos de Cerveira. Convinha-nos chegar a Guimarães ainda antes do almoço pois tínhamos encontro marcado com um companheiro que conhecemos no "Encontro de ACs" e que nos levaria a uma oficina onde, talvez nos resolvessem o problema da parabólica.
Assim foi, mas não foi possível, sendo, no entanto, uma boa ajuda pois ficámos a saber onde era o "mal". Temos que nos dirigir a um técnico dessa especialidade.
Almoçámos com o nosso amigo num restaurante perto de sua casa e, de tarde, seguimos viagem para Amarante onde vamos passar a noite.
Amarante - Parque florestal junto ao rio Tâmega
Quinta feira, 14 de Outubro
Em Amarante ficámos no Parque Florestal, junto às piscinas, muito próximo do centro. Local agradável e muito sossegado, junto ao rio Tâmega que ao fim do dia e durante a manhã é um autêntico espelho de água onde os raios de sol fazem realçar a imagem das árvores e do casario que nele se reflete. Imagens maravilhosas que nos encantam e nos levam a fazer várias fotos procurando captar sempre o melhor ângulo, o que nem sempre conseguimos. Para uma estadia de 24 ou 48h é ideal pois fica muito central.
A ponte de S. Gonçalo - de acordo com a tradição local, acredita-se que esta ponte terá sido construída ou reconstruída, cerca do ano de 1250, pelo Beato Gonçalo de Amarante com o dinheiro das esmolas. Em 1763 essa ponte desmoronou devido a uma grande cheia no rio. Foi reconstruída em 1782 vindo a ser aberta ao trânsito em 1790. Durante o período da 2ª invasão francesa foi palco, durante 14 dias, de uma heroica defesa contra as tropas de Napoleão. Hoje, é um dos ex-libris de Amarante, juntamente com a igreja e convento de S. Gonçalo que , atualmente se encontra em obras de conservação.
Museu Municipal Amadeo de Sousa Cardoso
De manhã, passeio pelo centro histórico. A igreja de S. Gonçalo encontra-se envolvida em painéis de proteção pois está em obras. A ponte, lá continua a cumprir a missão para a qual foi construída e mantém-se intacta e bela, apesar das marcas do tempo.
Fomos buscar o almoço a um restaurante junto à ponte: feijoada à transmontana, (que estava uma delícia!!!... ) em dose tão avantajada que nos deu para 2 dias, e só comprámos uma dose pois foi-nos dito que era o suficiente para nós dois. Afinal chegava para 4 !...
À tarde seguimos viagem para Mesão Frio, ao encontro do Douro onde a paisagem, que já era bonita, ganhou um encanto ainda maior pela beleza do rio e a predominância das vinhas que descem as encostas em socalcos ondulantes que o outono pintou com as suas lindas cores.
De Mesão Frio para a Régua e daí para Lamego, cada curva se transformava num quadro, sempre belo, que queríamos levar para casa nas muitas fotos que fomos fazendo.
A cidade da Régua já se avista com todo o seu encanto
Desta vez, foi só de passagem. O destino era Lamego.
As cores de Outono pintavam a paisagem ao longo de todo o percurso, formando lindas mantas de retalhos que cobriam montes e vales.
Chegados a Lamego ao cair da tarde, ficámos junto ao santuário da senhora do Remédios, outra maravilha que não nos cansamos de admirar.
Sexta feira, 15 de Outubro
O Monte de Santo Estevão é um local muito aprazível repleto de denso arvoredo de entre o qual sobressai o Santuário de Nª Srª dos Remédios no topo de uma imponente escadaria de 686 degraus que une a principal avenida de Lamego ao Santuário, formando um magnífico um conjunto arquitetónico . A monumental escadaria é formada por nove patamares (para amenizar a subida) enriquecidos com várias esculturas e painéis de azulejos, capelas , fontes e obeliscos.
Desde 1984 que todo este conjunto é considerado Imóvel de interesse público e todos os anos é visitado por milhares de pessoas que não ficam indiferentes à sua beleza. A construção do Santuário iniciou-se em 1750, no local onde existiu uma antiga capela, inicialmente dedicada a Stº. Estevão. Durou 28 anos a construção do templo. Entre 1778 e 1868 fez-se a construção da escadaria. As torres laterais da igreja e a reconstituição da sacristia fez-se entre 1868 e 1905. No total foram 155 anos que demorou a construção de todo este monumento.
Esta fonte, ao lado da igreja, é da autoria de Nicolau Nasoni, autor de várias obras de arte no nosso país.
No altar mor da igreja há uma imagem de Nª Srª dos Remédios esculpida em madeira
O tronco deste antiquíssimo castanheiro mede cerca de 10 m de perimetro. Da árvore original só resta o tronco, a rama é decoração.
Junto ao Santuário existem dois castanheiros multiseculares, decrépitos, que, dizem os entendidos, devem ter cerca de 900 anos.
Terminada a visita continuámos a nossa viagem iniciando a descida do Monte de Stº Estevão que é atravessado por uma rede de caminhos que nos conduzem a várias direções, com sinalização que nem sempre está muito correta. Desta vez o GPS e a sinalização pregaram-nos mais uma partida, esta a mais difícil de todas mas... tudo bem! Nada que o excelente condutor deste To ambulante não conseguisse resolver com a maior calma do mundo. Parabéns Velhinho!!!
Seguimos em direção a Castro de Aire pela N2 para recordar a viagem que fizemos o ano passado "De Norte a Sul pela N2" São paisagens que não nos cansamos de rever: vales profundos encostados a altos montes, florestas densas de castanheiros, cedros, pinheiros, carvalhos, etc. Estrada sinuosa mas bonita, é pena que esteja tão degradada.
Em Castro de Aire paragem para almoço e para umas compras de bens de que necessitávamos. O almoço foi o resto da feijoada que comprámos em Amarante e ainda nos sobrou arroz que vai servir de acompanhamento para o almoço de amanhã. Nunca nos tinha acontecido comprar uma refeição servida com tanta fartura😊.
Após o almoço continuámos para Carregal do Sal onde chegámos a meio da tarde, a tempo de nos instalarmos na nova ASA que a Câmara construiu para bem receber os autocaravanistas, num local muito sossegado, bem iluminado e com Wi-Fi de que podemos dispor em toda a vila. GPS: N 40º 26' 10'' W 7º 59' 59''.
A ASA dispõe de boas instalações sanitárias e os serviços próprios para a manutenção dos nossos veículos.
Aproveitámos o resto da tarde para um passeio pela vila, recordando uma outra passagem de que gostámos muito. Ainda não existia a ASA e ficámos num local perto dos Bombeiros e da Sta. Casa da Misericórdia, tendo sido muito bem recebidos pelos locais que nos ofereceram os seus préstimos caso precisássemos de alguma coisa.
Terminámos a tarde numa agradável esplanada do Parque Alzira Cláudio, um local muito aprazível onde se estava bem nesse fim de tarde. Regresso à AC, jantar e descanso para amanhã estarmos em forma.
Sábado, 16 de Outubro
De manhã aproveitámos para ir conhecer a Quinta de Cabriz e comprar uns vinhos na sua loja.
Regresso à AC, onde almoçámos. Durante a tarde, mais um passeio descobrindo outros recantos da vila que nos parece estar a sofrer alguma recessão no que diz respeito ao comércio pois encontram-se muitas lojas fechadas e algumas moradias que seriam de gente abastada, com um certo ar de abandono. É o resultado dos tempos que temos vivido ultimamente...
Um museu ao ar livre. Aproveitamento de uma rotunda expor as peças essenciais de um lagar de azeite.
Ao anoitecer começou a cair uma chuvinha miudinha que a pouco e pouco foi engrossando, tornando-se muito agradável e confortável ouvir essa melodia dentro da AC.
A chuva parou e o sossego é total. São horas de ir descansar pois... amanhã é outro dia!!!
Domingo, 17 de Outubro
O sol apareceu meio envergonhado por entre as nuvens nesta manhã de domingo. Estavam previstos aguaceiros, para esta zona, mas nada de muito intenso.
Cerca das 11 h seguimos para Tábua, a cerca de 20 km de Carregal, onde tínhamos encontro marcado com um "camarada de armas" do Velhinho, que há muito andava a convidar para o visitarmos quando passássemos perto.
Quando chegámos a Tábua já estava à nossa espera e, para o almoço, tinha convidado mais dois colegas (também ex-paraquedistas embora de anos diferentes) e respetivas esposas. Almoçámos no mercado municipal onde, todos os domingos, é o restaurante de excelência de dezenas de Tabuenses ( inclusive muitos estrangeiros que compraram casas e propriedades nesta região e aqui fazem a sua vida ou gozam as suas reformas).
Almoço à base de grelhados, que estavam excelentes, num local ao ar livre mas apenas com cobertura para proteção do sol ou da chuva. Foi um dia bem passado. À tarde visitámos um pequeno museu (que o nosso anfitrião tem andado a criar na casa que era dos pais) dedicado às tropas pára-quedistas, e onde tem expostas, além das fotos, muitos objetos relacionados com o paraquedismo. É curioso como estas pessoas têm um carinho tão grande pelos seus companheiros de armas, sobretudo os mais antigos que viveram a triste experiência da guerra colonial. Para muitos destes homens, o antigo RCP é como a "casa de família" onde todos os anos se reúnem no 23 de Maio e mesmo que não se tenham conhecido quando por lá passaram, são sempre como irmãos que visitam a "Casa Mãe".
Ao fim do dia e porque os chuviscos voltaram, resolvemos regressar de novo a Carregal do Sal para pernoitar na esplêndida área onde ficámos nas 2 noites anteriores.
Segunda feira, 18 de Outubro.
É dia de seguir viagem, sem pressas porque não temos horários a cumprir mas apreciando a paisagem que se renova a cada km percorrido. E que bom é descobrir sempre coisas novas... mesmo nos lugares onde já estivemos, há sempre algo que nos chama a atenção e nos desperta os sentidos. Fomos até à Costa de Lavos. Seguindo pelo IP3, passámos pela Barragem da Aguieira, Montemor o Velho, que nos saúda lá do alto do seu imponente castelo e Figueira da Foz. Depois de atravessar a ponte sobre o Mondego, no seu estuário, entramos na estrada que nos leva à Costa de Lavos, que continua esburacada como sempre a conhecemos. É um suplício viajar assim, sobretudo com uma autocaravana. Limitam-se a fazer uns "remendos" mas não resolve o problema de uma via que tem tanto movimento. Enfim... isto é só um desabafo!!!
Chegados ao destino, parque bem composto de ACs como habitualmente, sobretudo estrangeiros. Estão aqui como peixe n"água: juntinho à praia, pinhal bem perto, terra pacata onde podem estar à vontade... Ainda havia lugar para nós e que bem se está aqui!. Passeio pela praia, após o almoço, com uma temperatura amena e sem vento. Amanhã decidimos o próximo destino.
Imagens de uma tarde calma na Costa de Lavos onde, apesar da temperatura amena, eram poucos os que aproveitavam este fim de tarde para desfrutar da natureza.
Terça feira, 19 de Outubro
Rumámos a sul, junto ao mar, pela estrada atlântica, entrámos na zona do pinhal de Leiria, esse vasto pulmão verde que tanto nos encantava, sempre que por aqui andávamos e, à sombra do qual, em tempos já longínquos, se faziam agradáveis piqueniques. Agora nem uma amostra temos dessa maravilha mandada plantar por D. Dinis, tal como aprendíamos na escola. Os incêndios, há uns anos atrás, tudo destruíram e hoje apenas restam alguns esqueletos no ar. Chegámos à Praia do Pedrogão, onde fizemos uma breve paragem e seguimos para a Praia da Vieira, muito calma nesta altura do ano. Fomos à procura de almoço num restaurante já conhecido mas estava fechado; procurámos outras opções mas quase tudo encerrado. Finalmente encontrámos um mesmo junto à praia, com uma agradável esplanada e foi aí que aterrámos. Foi boa opção: local agradável, refeição boa e preço moderado.
A foz do rio Lis que, com o seu pequeno caudal, é invadido pelas ondas do mar, na maré alta, formando uma apetecível zona de pesca desportiva.
Quarta feira, 20 de Outubro
Quando nos preparávamos para sair tivemos a agradável surpresa de uma visita inesperada: um casal amigo, residentes na Madeira e a gozar umas pequenas férias em Portugal, andavam a passear e, conhecendo a nossa AC, foram cumprimentar-nos. Ficámos contentes.
Como não há ASA na Vieira, durante a manhã fomos ao parque de campismo tratar da higienização da AC.
Feito isso fomos até ao Pedrogão para reconhecimento visto que já há alguns anos que não usamos esta praia como destino.
Caminhada à beira mar num dia em que o sol aparecia por entre uma neblina agradável.
Almoço num restaurante da marginal e mais uma caminhada, em passo moderado, descobrindo novos recantos.
Ao fim da tarde, regresso à Vieira onde ficaremos mais uma noite para, amanhã, após o almoço, seguirmos para casa.
Foi uma viagem muito agradável de apenas 20 dias mas... tanto que se viveu nestes dias!!!..
Ao regressar a casa vamos muito mais ricos sobretudo pelos momentos inesquecíveis que se vivem em contacto com a natureza e sem horários a cumprir. Havemos de repetir...
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