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SEJAM BEM-VINDOS!!!







domingo, 8 de novembro de 2020




DE NORTE A SUL PELA N2


PARTE III
 
1º DIA        7/10/2020          ABRANTES - MONTARGIL

Saímos cerca das 11h30, seguindo pela A23 até Abrantes onde íriamos retomar a N2 no ponto onde terminámos a 1ª parte deste percurso.
já há algum tempo que não utilizávamos esta estrada e notámos que este troço se encontra tão ou mais degradado do que na época em que por lá passávamos a caminho de Cabeço de Vide onde os meus pais faziam termas ou, mais tarde, para jornadas de pesca nas barragens de Montargil ou do Maranhão. Enfim, o progresso na rodovia ainda não passou por aqui mas a manutenção... é pena ser tão deficiente.
Em Ponte de Sor, nossa velha conhecida, também não fizemos paragem. Continuámos sempre pela N2 em direção a Montargil visto que já tínhamos decidido ficar no parque de campismo e descansar um ou dois dias dado que os dias que antecedem a partida são sempre mais cansativos para que tudo fique organizado.
Assim foi. Chegados ao Parque já a hora do almoço ia avançada, por isso, foi o que fizemos logo após a instalação. De tarde, um passeio pelo parque que fica encostadinho à barragem, aquele imenso espelho de água que tanta beleza acrescenta a estas lindas terras do norte alentejano.
O Parque é muito agradável, bem organizado, limpo e com todas as infraestruturas para uma estadia de qualidade mas que, nesta altura do ano , estava muito calmo e com uma ocupação reduzida visto que já estamos na época baixa. Estivemos muito bem e o tempo ajudou pois não havia vento e a temperatura era muito agradável. Fizemos a nossa caminhada dentro do parque, circundando a barragem e aproveitámos para relaxar o corpo e a mente. Boas sombras de sobreiros e pinheiros, alguns já com muitos anos e de grande porte mas muito saudáveis. Para começar foi uma boa experiência.. 

     A enorme recta que liga Domingão a Montargil, é um dos troços da N2 mais agradáveis. 

Em tempo quente, tudo o que envolve água e árvores que proporcionem sombra, é uma mais valia. Foi isso que encontrámos no Parque de Montargil


O almoço deste 1º dia não deu muito trabalho, foi só ligar o forno e cozer a pizza, enquanto preparava a salada.

2º DIA     8/10/2020             MONTARGIL - BARRAGEM DE ODIVELAS

Saímos do Parque de Montargil logo após o almoço, passagem por Mora sem paragens porque são locais que também já conhecemos bem. A partir de Mora a N2 passa a R2 e o piso que de Ponte de Sor a Mora tinha sido razoável, passa a estar mais degradado.
Cerca de 11 km a seguir a Mora, encontramos Brotas, pequena aldeia tipicamente alentejana com as suas casa branquinhas decoradas com as tradicionais barras azuis contornando portas e janelas. Um dos pontos de interesse desta pequena aldeia e talvez aquele que leva mais visitas à aldeia é o Santuário de Nossa Senhora de Brotas cuja construção remonta ao séc. XV a partir de uma pequena ermida que deu origem à igreja.

"O santuário de Brotas liga-se, segundo a lenda, a um milagre ocorrido cerca de 1400: uma vaca que pastava teria caído ao fundo do barranco no qual hoje se ergue a igreja; um pastor achando o animal já morto propunha-se esfolá-lo quando lhe surgiu a Virgem com o Menino e lhe disse que no local construísse um templo em veneração da sua imagem. Imagem essa que miraculosamente ali talhou do osso da perna da vaca, já amputado pelo pastor; após a aparição o pastor constatou que vaca estava viva e com os membros intactos (a pequena imagem de Nossa Senhora de Brotas, em marfim, que se encontra atualmente no nicho do Altar das Almas, é popularmente identificada com aquela que a lenda diz ter sido talhada no osso da vaca). A fama do milagre levou ao local um vasto número de romeiros (contar-se-iam milhares nos dias de grande celebração), provenientes em particular do Alentejo e da Península de Setúbal, expandindo-se essa fama para fora de Portugal na sequência dos Descobrimentos. E embora o poder de atração do santuário se tenha reduzido drasticamente nos séculos XIX e XX, com uma afluência cada vez mais escassa de fiéis (no presente o templo desempenha as simples funções de igreja paroquial), Nossa senhora de Brotas é ainda hoje recordada na toponímia de vários países, como na Índia e no Brasil, com 4 localidades com esse nome e 5 arquidioceses cujo orago é Nossa Senhora das Brotas, padroeira dos animais doentes (ver, por exemplo, Nossa Senhora das Brotas, Piraí do Sul ou Igreja de Nossa Senhora das Brotas, Angediva). Por último, em Brotas, as Festas em Honra de Nossa Senhora das Brotas ocorrem anualmente no segundo fim de semana de agosto.[2][3][4] "    Texto da Wikipédia


Junto à porta de entrada, a data de construção da primitiva capela 
À esquerda um pequeno altar exterior que se encontra na varanda do piso superior da igreja forrado de azulejos, talvez do sec.XVI 
A igreja encontrava-se fechada pelo que não foi possível visualizar o seu interior o que nos deixou um desejo de voltar um dia. 

Seguimos para Montemor o Novo onde fomos visitar o castelo, actualmente a sofrer profunda intervenção no sentido de proporcionar condições dignas para um melhor conhecimento do enorme tesouro arqueológico que ali se encontra. Ficámos surpreendidos pela positiva pois, além da vista panorâmica que dali podemos usufruir, o que ainda resta daquele conjunto arquitetónico, merece ser preservado.

.   Junto do castelo temos esta vista abrangente sobre toda a vila de Montemor o Novo e seus arredores.

                      Esta é a Porta da Vila, junto à Torre do Relógio e que dava acesso à fortaleza

A muralha, com 1600 m de extensão e 2 m de largura, foi uma das maiores do país. Contava com 4 portas, cada uma defendida por uma torre. A passagem dos anos provocou danos que foram sendo reparados, sendo a última reparação na década de 40 do séc XX mas nem todas estas reparações foram suficientes para preservar a sua totalidade.


Esta é a igreja de Sta. Maria do Bispo da qual restam as ruinas, apesar de ter sofrido obras de remodelação ao longo dos tempos, uma das quais na época manuelina da qual resta este magnífico portal.

Do lado oposto à entrada, apreciamos outra panorâmica com a vastidão da planura alentejana

Esta é a Rua do Bispo que ligava a Igreja anterior à praça central da vila onde se situava o Paço dos alcaides. Na década de 20 do sec. XVI o edifício sofreu algumas obras com decorações manuelinas..

Estas ruinas são de várias habitações e comércios que existiam na rua que ligava a Porta da Vila à Praça central e onde se fixaram vários judeus, atraídos pela atividade comercial, abrem aqui os seus negócios e permanecem até 1496, data em que D. Manuel I decreta a expulsão desta comunidade do País.

Quando visitamos um monumento procuramos sempre saber algo mais sobre ele para podermos compreender o que estamos a ver e saber a história daquele lugar pois, viajar não é só apreciar a paisagem ou a gastronomia, embora tudo isso faça parte deste prazer. Gostámos imenso desta visita que nos deu imenso gosto e enriqueceu o conhecimento

Tentámos contatar a Gruta do Escoural para agendar visita para o dia seguinte mas não conseguimos e resolvemos seguir para Alcáçovas porém, à hora que chegámos já os locais de visita estavam encerrados. Percorremos as ruas, algumas em calçada portuguesa onde notámos alguns edifícios com traços de arquitetura árabe, várias igrejas e capelas. Inicialmente éramos para ficar em Alcáçovas porque aqui há uma ASA mas decidimos ir dormir à barragem de Odivelas onde existe um parque de campismo. Chegámos ao parque já mesmo ao sol posto. O parque é muito agradável, fica anexo à barragem numa zona de reserva natural com uma paisagem composta de sobreiros, azinheiras, pinheiros e algumas oliveiras e é um recanto de frescura nesta região alentejana. Pena que os níveis da água, na barragem, se encontrem tão reduzidos, a mostrar bem o efeito dos meses de verão.


3º DIA -  9/10/2020      BARRAGEM DE ODIVELAS - ALCÁÇOVAS E VIANA DO ALENTEJO

De manhã, ao acordarmos, vimos, a cerca de 20/30 metros de nós, na margem da barragem, um grupo de coelhinhos que, ao raiar do dia, se entretinham numa divertida brincadeira correndo de um lado para o outro como um grupo de crianças, à hora do recreio, brincando "à apanhada". Que espetáculo maravilhoso|||

      Parque de merendas junto ao paredão da barragem, onde há também uma zona de lazer e um bar

                              No parque de campismo o espaço é amplo e com muitas sombras


Ontem ficámos desgostosos por não termos visitado o Paço dos Henriques em Alcáçovas e decidimos que, hoje, voltaríamos a Alcáçovas para efetuar a visita e aproveitávamos para fazer um desvio a Viana do Alentejo e Alvito. seria um percurso circular que nos levava a fazer um desvio da N2, regressando ao ponto onde a deixámos e que nos permitiria visitar estas duas povoações que ainda não conhecíamos. 
 Após o almoço regressámos a Alcáçovas onde, enfim, pudemos visitar este pedaço da nossa história que pertenceu aos últimos donatários da vila de Alcáçovas, tendo sido, inicialmente um antigo Paço Real mandado edificar por D. Dinis. Foi aqui que se celebrou o Tratado Alcáçovas- Toledo, em 1479, entre os representantes de D. Afonso V de Portugal e D. Fernando de Castela, colocando fim à Guerra de sucessão de Castela e reparte os territórios do Atlântico entre os dois países.

O conjunto arquitetónico foi sofrendo melhoramentos e adaptações ao longo dos tempos. Ficámos encantados com o trabalho artístico da capela de Nª Sra. da Conceição ou Capela das Conchas e o Horto ou Jardim das Conchinhas, cuja decoração, usando a arte dos embrechados, prima pela originalidade e sentido estético.

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Esta arte que utiliza conchas, búzio, pedaços de cerâmica ou pedrinhas incrustados em paredes, formando desenhos, geométricos ou com outras formas, que se tornam muito decorativos.

          Na zona histórica, os pormenores da arquitetura alentejana estão visíveis em todo o lado

         O horto do Paço dos Henriques é um lindíssimo espaço onde a arte dos embrechados tem enorme relevo, transmitindo~lhe grande beleza. Neste horto é de destacar, também, o conjunto hidráulico formado por poço, nora, aqueduto, tanque e casa de frescos que, suponho, funcionaria como frigorífico.



            A pequena sacristia anexa à Capela, também é um belo exemplar da arte dos embrechados




No interior do edifício apreciámos uma exposição de chocalhos e ficámos a conhecer o seu processo de fabrico visto que esta é a terra onde existem várias  oficinas de fabrico dos mesmos, algumas utilizadas por várias gerações da mesma família.

Um chocalhofone

Nesta sala e seguintes podemos conhecer um pouco da história e fabrico dos chocalhos. Alcáçovas foi batizada de Capital do Chocalho que mereceu honras de monumento decorando uma das rotundas de entrada (ou saída) da vila.


A igreja matriz de Alcáçovas é um grande edifício de linhas clássicas construído no sec.XVI num a das pequenas elevações da vila e tem a sua origem na capela do antigo castelo. Como a maior parte dos templos, encontra-se encerrado, só abrindo para o culto e, por este motivo, não pudemos visitar, o que nos deixou uma certa pena porque o seu interior é digno de visita Segundo informações no turismo, lá podemos encontrar o panteão dos Henriques e um conjunto de 4 leões de madeira da Índia, oferecidos por Vasco da Gama ao Senhor de Alcáçovas,

De Alcáçovas seguimos para Viana do Alentejo onde, depois de fazermos uma passagem de reconhecimento pelas principais ruas da vila, nos instalámos na ASA, junto às piscinas e ao parque municipal, uma agradável zona de lazer com equipamentos desportivos, parque de merendas e um excelente percurso pedestre por entre zonas relvadas com apetecíveis sombras de frondosas árvores, onde se ode fazer uma saudável caminhada.
Local tranquilo, bem iluminado e com muitos espaços de estacionamento.


4º DIA - 10/10/2020   

 VIANA DO ALENTEJO - ALVITO- ALJUSTREL

Depois de uma noite calma e bem dormida, começámos o dia com uma caminhada pelo parque municipal, aproveitando as boas condições que ali encontrámos. Foram cerca de 3 km que nos deram muito prazer e boa disposição, após o que fizemos a manutenção da ACe partimos para a visita ao castelo. Excelente local de pernoita!



Depois, iniciámos uma visita à vila e ao castelo para conhecermos um pouco mais desta encantadora vila alentejana.

Numa região em que a água não abunda, foi nos locais onde ela existia que se fixou a população , construindo fontes e chafarizes para poder usufruir deste bem essencial. Algumas são verdadeiros monumentos. Esta, data de 1896.
O Cine Teatro apresenta uma curiosa arquitetura

O Castelo, do início do sec. XIV, apresenta planta pentagonal irregular e alberga no seu interior a Igreja Matriz e a Igreja da Misericórdia
A igreja matriz é o edifício branco que sobressai das muralhas

No interior do castelo, a Igreja da Misericórdia, de pequenas dimensões mas muito bonita. Além do portal manuelino, destacamos no seu interior, a abóbada da capela mor e os frescos e azulejos do sec. XVII que decoram a nave. Atualmente não funciona para o culto mas sim com galeria de exposições.

Cruzeiro no interior do castelo com a particularidade de ter num  lado a imagem de Cristo e, no outro a de sua Mãe



Imagem de Nª Sra. d"Aires, transferida para esta Igreja enquanto decorrem as obras no Santuário


                                                         Interior da nave da Igreja Matriz

Portal manuelino da Igreja Matriz

Ao longo dos séculos, o conjunto foi sofrendo obras que são visíveis nos cinco torreões nos vértices da muralha e no lindo portal manuelino da porta principal da igreja matriz. 

Após visita ao castelo seguimos para o Santuário de Nª Sra. de Aires onde, todos os anos se celebram dois eventos importantes para as gentes da região: a feira franca de Nª Sra. d'Aires e a Romaria a Cavalo que percorre os 120 km da antiga canada real, entre a igreja de Nª Sra. da Boa Viagem na Moita do Ribatejo e este Santuário.
                                            Romaria a cavalo até ao Santuário de Nª Sra. d"Aires

Foto Google

O Santuário encontra-se em obras pelo que está rodeado de taipais e materiais de construção, prejudicando as fotos que tirámos .(foi este o motivo do uso de uma foto Google) 


 
LENDA DE Nª SRA. D"AIRES     ( recolhida no site http//pontosdevista.net)

Existem duas lendas contadas pelo povo. Uma que relata que naquela herdade, chamada dos Vaqueiros, morava um lavrador rico, supõe-se que Martim Vaqueiro, que possuía uma manada de bois. Na herdade existia um curral onde todas as noites os bois eram recolhidos. A certa altura os empregados do lavrador repararam que durante a noite os bois saiam do curral para irem pastar, mas que no outro dia de manhã estavam todos lá dentro, com a porta fechada. Foram então contar o mistério ao patrão que se dispôs a ir dormir uma noite à porta do curral. Nessa noite apareceu-lhe em sonhos Nª Senhora, que lhe disse que era Ela que abria a porta aos bois e que era de Sua vontade que fizessem naquele local uma casa de Deus e que para isso Ela própria o ajudaria. O lavrador tratou logo de juntar os materiais necessários para dar início à igreja e como era preciso muito dinheiro vendeu alguns dos seus bois. Porém, quando os voltou a contar, após a venda, tinha na manada a mesma conta, tendo sido um milagre de Nª Senhora.

O aparecimento da imagem da Senhora d'Aires também tem uma lenda, e encontra-se expressa numa inscrição na portada do Santuário. É um verso em latim, que relata que após a expulsão dos mouros destas terras, um lavrador arava o campo quando encontrou dentro de um pote de barro a imagem que se vê no altar. Sobre esta lenda, diz-se que a imagem foi descoberta por Martim Vaqueiro quando este lavrava o campo. 

Em 1748, existindo em Évora uma enorme epidemia de peste, os comerciantes dessa cidade prometeram à Virgem Srª d?Aires uma festividade se a peste desaparecesse. Como tal se verificou, os comerciantes realizaram festas durante três dias em honra da Santa. No ano seguinte as festas foram ainda maiores, com afluência de devotos não só de Évora mas também das populações vizinhas. Já nesse ano se montaram em redor da igreja muitas barracas de géneros alimentícios e de olaria. As festividades tiveram grande incremento e as barracas de mercadores começaram a ser tantas, que o Senado Vianense obteve o alvará em 1751, que declarava que o mercado realizado junto à igreja fosse considerado feira franca. Esta realiza-se desde então todos os anos no quarto domingo de Setembro.


Como estávamos perto fizemos uma escapadinha à aldeia de Oriola, uma graciosa aldeia alentejana junto à barragem do Alvito que, como todas as que temos visitado, encontra-se com muito pouca água.
Voltámos a Viana de onde seguimos para Alvito onde fizemos uma paragem para uma breve visita ao castelo onde, Actualmente, funciona uma Pousada.

Castelo de Alvito

Dali seguimos para Aljustrel onde visitámos o Santuário de Nª Sra. do Castelo com um lindo miradouro sobre a vila.

O belo escadório através do qual se pode aceder ao Santuário depois de atravessar um arco que funciona como campanário


A pequena capela do Santuário

Todo o espaço constitui um miradouro de onde se tem uma vista panorâmica de Aljustrel e o olhar se alonga pelo horizonte numa vasta área.

Os últimos raios de sol transmitiam ao local ainda maior beleza

"Aljustrel tem uma Mina" é o nome de uma rota de cerca de 12 km que nos leva a conhecer a vila , o parque mineiro e o Santuário da Sra. do Castelo e, para isso tem o percurso sinalizado, tanto na parte urbana como nos arredores rurais até onde se prolongam as pistas de caminhada. Procurámos visitar, somente, os espaços onde pudéssemos manter as distâncias exigidas pela pandemia. Quanto ao parque mineiro limitámo-nos a passar ao lado.
Ficámos em Aljustrel num local também muito sossegado junto ao Pavilhão Municipal e à zona desportiva.

5º DIA -11/10/2020     ALJUSTREL-CASTRO VERDE-ALMODÔVAR-                                          ALPORTEL

A meio da manhã deixámos Aljustrel e, atravessando extensas planícies onde habitualmente se cultivam cereais já que esta região se encontra no centro do chamado "campo branco", fomos até Castro Verde. Tivemos sorte de arranjar um estacionamento junto à igreja dos Remédios e ao Posto de Turismo, mesmo no centro. Visitámos depois a Basílica Real onde assistimos à missa dominical. A Basílica é um imponente templo que sobressai no núcleo urbano. O interior é muito rico: o altar mor revestido a talha dourada e as paredes da nave cobertas de azulejos do sec. XVIII que relatam cenas da batalha de Ourique onde, segundo a lenda, D. Afonso Henriques derrotou 5 reis mouros, conquistando o sul do país.

Este é o aspeto exterior da Basílica, um edifício robusto, de linhas clássicas e simples em contraste com a riqueza interior onde não tirámos fotos por estar a decorrer o culto. Mandada construir por D. João V, o qual, na qualidade de Mestre da Ordem de Santiago, pretendeu prestar homenagem â vila em cujas imediações se travou a batalha decisiva para a consolidação das fronteiras de Portugal como reino independente.

Adjacente à Igreja encontramos um agradável jardim com frondosas árvores e canteiros de flores, ao longo do qual se encontram bancos decorados com azulejos azuis e brancos. É um espaço harmonioso e sempre muito útil nos dias quentes do verão e não só. 

Junto fica também o edifício dos Paços do Concelho, frente ao qual se encontra um obelisco comemorativo da batalha de Ourique.

Em Casrro Verde encontra-se também o Museu da Lucerna, curiosamente aquele que tem maior número de lucernas encontradas no mesmo lugar (cerca de 20000). Este espólio foi encontrado em escavações feitas no Santuário de Arannis, nos arredores da vila. Este santuário nasceu, na antiguidade (sec. I aC) a partir de uma nascente de água medicinal. Os frequentadores que se consideravam curados dos seus males, tinham por hábito oferecer lucernas como agradecimento e assim se formou um imenso depósito que começou a ser descoberto em 1994 nas escavações feitas em Sta Bárbara de Padrões que entretanto foram suspensas por falta de verbas. 
As nossas viagens, além do prazer de viajar e conhecer novas paragens, servem também para aprender um pouco mais sobre os locais que visitamos.

O edifício do Paços do Concelho e o Obelisco comemorativo da batalha de Ourique

O Jardim que nos conduz à Basílica Real

E daqui seguimos a nossa rota pela N2 que, nesta zona, se encontra um pouco maltratada, chegando a Almodôvar onde percorremos grande parte da vila à procura de um lugar de estacionamento. Ficámos a conhecer o essencial da vila onde as profissões que ao longo dos anos empregaram grande parte da população, estão representadas com estátuas em 3 rotundas: os bombeiros, os mineiros e os sapateiros.
À saída de Almodôvar, um troço da N2 de cerca de 50 km, é conhecido desde 2003 como Estrada Património e é realmente bonito mas, a partir do km 666 entramos nas intermináveis curvas da serra do Caldeirão que são uma "seca das antigas". Dogueno é a última povoação do Alentejo, nesta estrada e Ameixial é a 1ª do Algarve. Ao km 697 encontramos o Miradouro do Caldeirão de onde podemos admirar as colinas e vales da serra, visto que se encontra num ponto mais elevado. Mais à frente, já no vale, a Fonte da Seisseira com a sua praia fluvial onde fizemos apenas uma breve paragem devido ao número de pessoas que lá se encontrava 
E chegámos a Alportel, depois de passarmos Barranco do Velho. Tínhamos planeado pernoitar numa As privada que fica em Tesoureiro, entre Alportel e S. Brás. Assim foi e acabámos por ficar não 1 mas 3 noites.  O local é agradável, muito espaçoso, permitindo escolher o espaço que mais nos agrada sem ficar próximo de ninguém e à sombra ou ao sol, conforme as preferências, pois dispõe de belas sombras de sobreiros e azinheiras. Os donos são muito simpáticos e o preço muito acessível. A internet funciona bem em todo o parque e todos os serviços estão disponíveis de um modo muito prático e funcional. Sentimo-nos bem e foi isso que nos levou a prolongar a estadia.


6º DIA  12/10/2020    TESOUREIRO (S. BRÁS DE ALPORTEL)

Hoje foi dia de descanso para a nossa Zabela XE. De manhã fomos fazer uma caminhada pelas imediações, num percurso bonito por estradas secundárias em zona serrana mas de inclinação ligeira. Regressámos ao parque à hora de fazer o almoço, findo o qual ocupámos a tarde a descansar, a ler, a escrever, organizar fotos, enfim, o que nos apeteceu


7º DIA  13/10/2020 -              ALPORTEL - ALMANCIL - S. BRÁS

Seria neste dia que iríamos terminar a nossa rota pela N2 pois já estamos muito perto de Faro mas estávamos a sentir-nos tão bem que resolvemos prolongar mais um pouco.. De manhã fomos a Almancil tratar uns assuntos e aproveitámos para conhecer algumas terras em redor mas sempre em viagem. O resto do dia foi passado no parque como no dia anterior.

8ºDIA  14/10/2020          S. BRÁS - FARO - MINA DE S. DOMINGOS


 O marco do Km 738. Aqui termina a  EN2!!!

E, finalmente, chegou o dia de atingir o km 738 e terminarmos assim esta parte da viagem "De Norte a Sul pela N2. Entrámos em Faro pela rotunda do km 738 e, na impossibilidade de parar ali perto para fazer a foto da praxe, entrámos pela cidade procurando um lugar para  estacionar, o que não é fácil para uma AC. Ao fim de algum tempo circulando pela cidade e num verdadeiro exercício de perícia automóvel para passar entre os inúmeros carros estacionados nas ruas que, já de si não são largas, encontrámos um sítio fabuloso, sossegado, espaçoso e....  (pasme-se)  numa zona residencial com as construções paradas mas já com estacionamentos junto à  avenida que nos levava precisamente à dita cuja rotunda! EUREKA!!! É aqui mesmo que vamos almoçar! Como ainda era cedo, fomos primeiro fazer as fotos, regressando, em seguida, à AC para preparar o almoço e almoçar calmamente. Findo o almoço, porque já conhecemos Faro e a situação não está para frequentar lugares muito concorridos, pusemo-nos a caminho da Mina de S. Domingos que ainda não conhecíamos e era a nossa próxima paragem.
. O objetivo foi cumprido: viajar de Norte a Sul pela N2. Gostámos do desafio se bem que a estrada tenha troços que mereciam melhor conservação e que, no estado em que estão, nos tiram o prazer de disfrutar de uma paisagem tão diferente entre o Norte e o Sul mas sempre tão maravilhosa. 
  

Parte IV

DE REGRESSO A CASA

A tarde estava luminosa e a temperatura amena, seguimos viagem sem pressas, apreciando a paisagem que nos surge sempre nova. Chegámos ao destino ao fim da tarde e estacionámos na As que fica num enorme Largo onde não havia ninguém. Depois fomos fazer o reconhecimento do espaço envolvente. Começámos pela Barragem da Tapada Grande a cerca de 100 m do estacionamento e onde se situa a praia fluvial.

O sol Já se escondia no horizonte quando visitámos a praia fluvial e a fraca luminosidade assim com a ausência de utilizadores transmitiam uma tranquilidade agradável. A época balnear já terminou e por isso não havia actividade mas o local está muito aprazível com zonas relvadas onde encontramos um parque de merendas, uma língua de areia, junto à água, chapéus para fazer sombra, canoas, um café restaurante e dispõe também de nadador salvador. Agora, udo se encontrava encerrado mas no verão deve ser um local muito concorrido a avaliar pela quantidade de estacionamentos que lá existem.
Esta barragem foi construída para fornecer água à mina e à aldeia que ali nasceu para albergar os operários que nela trabalhavam.
Feita uma breve caminhada na zona da praia fluvial, regressámos "aos nossos aposentos" para no dia seguinte visitarmos as ruínas da Mina resultantes da moderna exploração efetuada desde 1858 até 1965 pela Companhia de mineração inglesa Mason & Barry

8º DIA     14/10/2020                   MINAS DE S. DOMINGOS - SERPA

Neste dia dedicámos a manhã para a visita à aldeia e ao que resta das minas, um vasto património industrial que desde !966 esteve ao abandono, provocando a degradação e ruína daquele património mas, ao mesmo tempo, lhe acrescentou uma outra beleza e despertou o interesse pela sua preservação.

 Esta é a igreja da aldeia onde a grandiosidade do exterior contrasta com a singeleza do interior onde apenas sobressai o altar mor de uma simplicidade extrema.   

Esta área mineira está inserida na Faixa Piritosa Ibérica que se estende desde a região de Setúbal até Espanha, na direção de Sevilha.
Desde a época pré-romana e romana que se faz exploração de minério nesta zona mas a moderna exploração, que deu maior incremento e esta região, foi a partir de 1858 até 1965 pela Companhia de Mineração Inglesa Mason & Barry que durante cerca de 100 anos fizeram a exploração da Mina e criaram a aldeia que hoje existe onde ainda é bem visível a diferença de condições habitacionais entre trabalhadores ingleses (os quadros superiores) que viviam num bairro próprio em boas vivendas - o bairro inglês - e a modéstia das pequenas habitações dos operários mineiros (a mão de obra portuguesa) cujas habitações eram muito precárias. As condições de trabalho também não eram as melhores e a segurança muito pouca, pelo que era frequente haver revoltas entre os mineiros, imediatamente travadas pela polícia da empresa. Enfim, histórias de um passado recente que revelam bem as dificuldades e a vida difícil de um povo que não tinha grandes opções de escolha. 
Aqui funcionavam as várias oficinas onde se procedia à reparação do material que, entretanto se ia danificando. 


Nas ruínas existentes é visível uma chaminé pertencente à central elétrica, a primeira a ser construída no Alentejo, tendo, inicialmente funcionado a carvão e depois a gás pobre e a fuel. Parte da chaminé já ruiu e hoje alberga um ninho de cegonhas.

A corta da mina onde se fazia a exploração a céu aberto, com cerca de 120 m de profundidade, é hoje um enorme buraco inundado por águas ácidas . Também havia a exploração subterrânea através de galerias construídas pelo homem num trabalho muito duro.
Neste local situava-se o antigo cais de descarga e seleção do minério transportado pelas vagonetas do interior da mina. O minério era selecionado e armazenado em diferentes compartimentos para posteriormente ser transportado em vagons, por via férrea, para os estacões de tratamento de onde, já tratado, era conduzido, também por via férrea para o cais do Pomarão no Guadiana e daí para navios já no Atlântico que o transportavam para Inglaterra.


Aqui era a gare de onde o minério, já tratado, era transportado até ao Pomarão

Esta foi uma viagem no tempo que nos levou a conhecer uma atividade das mais árduas e perigosas, numa época em que as condições de vida e de segurança eram mais precárias do que são hoje. 

Almoçámos ainda na Aldeia das Minas e seguimos para Serpa onde fizemos um passeio pela zona histórica, limitada pelas muralhas do castelo. Foi D. Dinis quem mandou construir este conjunto defensivo formado por possantes muralhas rematadas por torreões. Das 3 portas de entrada na muralha, a mais importante é a de Beja, ladeada por enormes torres cilíndricas que contrastam com a leveza dos arcos do aqueduto anexo. É um conjunto muito harmonioso que, ao longo dos séculos, teve sempre uma grande importância na defesa de Portugal contra as investidas dos castelhanos.





Nas ruas da zona histórica é comum encontrar-se elementos da arquitetura árabe nas construções. Estas, embora sejam construções recentes, foram buscar elementos  dessa arquitetura.


Procurámos o parque de campismo para pernoitar mas, porque se encontrava completo devido ao alargamento dos espaços em função da pandemia, tivemos de procurar outro local e encontrámo-lo numa zona residencial moderna, numa orla da vila. Local calmo e muito sossegado proporcionando-nos uma noite tranquila.

9º DIA  15/10/2020    SERPA - MOURA - ALDEIA DA LUZ

Visto que estávamos numa terra famosa pelo seu queijo, fizemos uma pesquisa para encontrar uma queijaria que produzisse o famoso queijo de Serpa. A que nos mereceu maior confiança foi uma situada numa aldeia próxima - Aldeia Nova de S. Bento. A aldeia´, que hoje é vila, é uma povoação bem organizada, com um certo desenvolvimento e um parque industrial muito completo. Gostámos de conhecer e o queijo que adquirimos é realmente muito bom.

Dali partimos para Moura que nos recebe com o seu imponente castelo implantado no ponto mais alto da cidade. Já conhecíamos Moura de anteriores visitas pelo que nos limitámos a uma paragem para almoço, tendo seguido depois para Aldeia da Luz, lugar mais calmo onde decidimos ficar na ASA. 


10º DIA - 16/10/2020           ALDEIA DA LUZ - MOURÃO

A aldeia da Luz é daqueles lugares que nos merecem um carinho muito especial, não só por conhecermos a sua origem mas, também, porque estivemos presentes na inauguração da sua ASA, já lá vão alguns anos. Ali vive-se a calma e a tranquilidade do povo alentejano. Casinhas baixas, de um só piso, impecavelmente pintadas de branco com as tradicionais barras de cor, sobretudo azul, contornando portas e janelas. À volta, tudo é imensidão: de um lado as vasas planícies douradas, ligeiramente onduladas por pequenos montes; do outro, o grande lago que, nesta altura, se encontra com os níveis hídricos muito reduzidos. De frente para a água, como que olhando para o sítio onde ficou submersa a antiga Luz, ergue-se a igreja e o cemitério, os mesmos que existiam na original e que para ali foram transportados. Nas ruas, praticamente desertas, o movimento é muito reduzido e o silêncio é quase total.


O largo principal da aldeia

No mesmo largo fica a nova igreja visto que a que foi transportada da antiga Luz só abre ao culto em dias especiais.

As ruas desertas fazem-nos pensar que a vida parou nesta aldeia mas ela está bem viva

De manhã fizemos uma caminhada pela aldeia revendo locais que já conhecíamos, constatando mais uma vez o sossego e a calma daquele local. O museu, bem perto da igreja e do cemitério, lá continua (próximo da água mas a uma distância que lhe dá segurança em tempos de chuvas mais intensas ou de maior enchimento da barragem), qual guardião das memórias daquela comunidade e como testemunho desta história para os vindouros.

Já estávamos perto da hora do almoço quando decidimos ir conhecer a praia fluvial de Mourão. Se bem o pensámos, melhor o fizemos e num instante lá chegámos visto que fica a  apenas cerca de 7 km do local onde estávamos. 


Na margem da barragem, junto ao cais das embarcações de recreio que estava vazio, apenas com um barco já em seco e uma jangada quase na mesma, estacionámos a AC, preparámos o almoço e ali o comemos olhando as águas tranquilas. A certa distância de nós, numa língua de terra que entrava pela água, uma manada de vacas saciava a sede. E é assim este Alentejo onde a vida decorre sem pressas e o espaço se alonga por largos horizontes.



A praia fluvial está bem arranjada e, apesar de tudo fechado, na zona de areal estavam duas famílias espanholas aproveitando os raios de sol ainda bem quentes deste Outono que ainda há pouco começou.
Regressámos à aldeia da Luz onde apreciámos um maravilhoso pôr de sol para terminar em grande este dia de verdadeiro descanso.

11º DIA    17/10/2020    ALDEIA DA LUZ

Continuamos a sentir-nos bem aqui e decidimos ficar mais um dia. 
De manhã aproveitámos para fazer uma caminhada pois temos que cuidar da nossa saúde e o resto do dia foi dedicado ao descanso e, porque era domingo, ao fim do dia fomos à missa na igreja da aldeia onde apreciámos como todas as regras de segurança, distanciamento e de higiene estavam a ser escrupulosamente cumpridas. 
Amanhã continuaremos a nossa viagem.

                                          Caminhada pelos passadiços que levam ao cais





                                       O pôr do Sol é sempre um espetáculo maravilhoso

12º DIA    18/10/2020   A. DA LUZ - MONSARAZ - REDONDO - JUROMENHA           

De manhã fizemos a manutenção da AC e continuámos o roteiro que tínhamos planeado até porque as notícias da meteorologia davam conta que o tempo ia mudar e a chuva chegaria em breve. Passagem por Monsaraz sempre imponente, lá no alto, protegida pelas suas resistentes muralhas. 
                                                           A Caminho de Monsaraz 

A primeira paragem foi no Redondo onde almoçámos na zona de estacionamentos do parque empresarial visto que o local onde se situa a AS estava em obras.
Após o almoço e porque o céu já se apresentava cinzento, seguimos para Juromenha que tínhamos interesse em conhecer. Visitámos o que resta do castelo, uma das fortalezas da raia que tanta importância tiveram na defesa das nossas fronteiras com a Espanha. Lá no alto, a aldeia que já foi sede de concelho, é uma sentinela do Guadiana que corre a seus pés. Até ao início do séc. XX a maior parte da população vivia intramuros mas a partir daí, começaram a construir habitações fora das muralhas e a zona interior foi-se degradando até chegar ao estado em que se encontra atualmente. É pena que não se preserve este local tão bonito e tão antigo já que o castelo foi conquistado aos mouros por D. Afonso Henriques, sendo esta fortaleza testemunha de factos importantes ao longo da nossa história.
As águas do Guadiana correm tranquilamente ao lado de Juromenha
                                                 Uma das portas de entrada na fortaleza

                                       O que resta da antiga Juromenha dentro das muralhas

As guaritas de vigia, guardam, agora, os campos cultivados e as águas do Guadiana

As nuvens escuras apareciam, cada vez em maior quantidade e o vento começava a soprar forte. Tudo isto, aliado aos avisos da proteção civil  de que se aproximava  a tempestade "Bárbara", levou-nos a alterar os nossos planos e a rumar a casa para não correr riscos. 
Assim foi. A viagem já se tornou um pouco difícil, de noite e com chuva mas correu tudo bem e, chegados a casa, foi na casinha rolante que jantámos e dormimos para adormecer ao som do barulhinho da chuva no teto da AC. Esta foi também uma experiência que nunca tínhamos vivenciado - dormir na AC no quintal de casa - mas foi muito agradável.

E pronto... assim terminou mais uma viagem. Cumpriu-se o lema: Viajar... Viajar! Ir... e voltar!!!    
Esperamos que a próxima viagem já se faça em condições mais favoráveia.



 































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