DE NORTE A SUL PELA N2
Parte II
8º Dia - 10/9/2020 Chaves - Peso da Régua
CHAVES
Chegados a Chaves a meio da tarde e já instalados, aproveitámos as últimas horas de sol para visitar aquilo que fosse possível e disfrutar das maravilhas que esta antiga e lindíssima cidade tem para nos oferecer. Já conhecíamos Chaves mas há sempre coisas que nos surpreendem e nos encantam, a começar pelo encantador Parque da margem esquerda do Tâmega, o jardim do Tabolado, que percorremos até chegar à Ponte de Trajano e que nessa tarde de Outono, com a luminosidade própria de um fim de tarde, se espelhava nas águas calmas do Tâmega em lindas imagens de uma simetria horizontal que nos deixavam maravilhados a cada passo.
A Ponte romana de Trajano, construída no rijo granito transmontano, unia as duas margens do Tâmega na importante civitas romana de Aquae Flaviae, hoje cidade de Chaves, e foi uma valiosa obra de engenharia do eixo viário que ligava Bracara Augusta (Braga) à cidade de Astorga, cidade espanhola da província de Leão. A meio da ponte encontram-se duas colunas comemorativas, mandadas colocar pelos imperadores Vespasiano e Trajano com as respectivas inscrições.
Ponte de Trajano
Estas imagens são um dos cartões de visita da cidade de Chaves
A ponte pedonal, unindo as duas margens do Tâmega, permite agradáveis caminhadas nesta zona de lazer.
Um belo mural representando a construção da Ponte de Trajano nos séc. I e II. A sua construção deve-se aos romanos, quando se instalaram no vale do Tâmega devido às boas condições existentes nesta região, nomeadamente as águas minero medicinais e o minério que extraíam do subsolo.
Este núcleo urbano tomou tal importância que foi elevado à categoria de município no ano de 79 d.C. quando dominava Tito Flávio Vespasiano e daí o nome de Aquae Flaviae, antiga nomenclatura da cidade de Chaves.
Na zona histórica, subimos pela Rua Direita, uma das mais típicas de Chaves, apreciando as suas casas, normalmente de 3 pisos, sendo o último adornado com uma varanda pintada de cores alegres e que, no seu conjunto dão um ar característico às ruas.. É agradável passear por estas ruas estreitinhas com algumas janelas e varandas adornadas de vasos floridos, Aqui os vizinhos podem conversar à janela sem ter que falar muito alto. Passámos pela Praça da República com o seu pelourinho, encontrámos a igreja de Santa Maria e a da Misericórdia e chegámos ao Largo de Camões onde se situa a Câmara Municipal. Logo ali ao lado a Torre de Menagem do Castelo sobressaindo num lindo jardim.
Edifício da Câmara Municipal frente ao qual se encontra uma estátua de D. Afonso, 8º Conde de Barcelos e 1º Duque de Bragança. A ele se atribui a fundação da Casa de Bragança.
O Pelourinho A fachada da Pastelaria Maria
Torre de menagem do Castelo de Chaves
As ruas estreitas da cidade medieval com as suas típicas varandas e o colorido das casas
Igreja da Misericórdia
Esta é a buvette das Termas onde podemos beber um copo de água termal à temperatura que sai da nascente (cerca de 70º). Esta água de origem vulcânica, atravessa várias camadas magmáticas, desembocando à superfície com composição e características únicas. São as águas termais mais quentes da Península Ibérica e as águas bicarbonatadas sódicas com maior temperatura da Europa.
Em relação aos afamados Pastéis de Chaves, a nossa avaliação é a seguinte: o folhado é agradável, textura fina, não se nota excesso de gordura mas, o recheio...? onde está ele? ...quase não se encontra. Seriam, realmente uma delícia com um pouco mais de recheio e, sendo um produto certificado mereciam esse aperfeiçoamento, ainda que aumentasse ligeiramente o preço. Possivelmente também depende de quem os fabrica mas comprámos na casa com melhores referências.... Quanto ao Folar, massa excelente e o resultado final é muito agradável.
Marco do Km 0 (cuja identidade se perde bastante devido ao excesso de autocolantes)
ORA VAMOS LÁ....
VIDAGO E PEDRAS SALGADAS
Saímos logo após o almoço com passagem por Vidago e Pedras Salgadas, as vilas termais que já desde a passagem dos romanos pela Península Ibérica são reconhecidas pela qualidade das suas águas para a saúde e bem estar. O Parque termal e o Vidago Palace formam um harmonioso conjunto que a natureza premiou com uma envolvência privilegiada.
Uns Kms mais à frente encontramos a estância termal de Pedras Salgadas num parque maravilhoso com as suas várias fontes de onde brota a belíssima água que nos alivia nas digestões difíceis.
VILA POUCA DE AGUIAR
Em Vila Pouca,, rodeada pelas imponentes serras do Marão e do Alvão, rainhas de uma paisagem verdejante, fomos visitar a Lagoa do Alvão , um espaço de lazer muito agradável para quem queira passar um dia em contacto com a natureza
Voltámos a Vila Pouca para retomar novamente a N2 e daí seguirmos para Vila Real onde não fizemos paragem por também já conhecermos. Preferimos fazer, novamente um desvio até S. Martinho de Anta, terra de Miguel Torga para conhecer este lugar e apreciar a escultura em homenagem ao ilustre escritor, feita na raiz do Negrilho à sombra do qual ele escreveu alguns dos seus trabalhos.
Esta é a escultura feita na raiz de uma árvore centenária, confidente e inspiração para Miguel Torga que lhe dedicou um dos seus poemas. Como o escritor a árvore também chegou ao fim dos seus dias e a Autarquia resolveu homenagear a ambos, unindo as suas vidas e prolongando-as para além da memória. Decisão polémica? Talvez... Quanto a nós, gostámos de ver e concordamos com o trabalho. e achamos que Miguel Torga, também.
Em Santa Marta de Penaguião mais um desvio para visitar o Miradouro de S. Leonardo da Galafuro, com uma vista deslumbrante sobre o Douro e as montanhas onduladas com contornos retorcidos de vinhas e pomares que formam o seu vale. Lindo!!!
Capela de S. Leonardo
PESO DA RÉGUA
Regresso, novamente à N2 para seguir até à Régua onde ficámos nessa noite. A Régua dispõe de uma boa ASA, junto ao rio Douro, com todas as valências para auto caravanas, incluindo eletricidade, e foi para lá que nos dirigimos porém, encontrava-se quase lotada e, nos poucos lugares que havia disponíveis, ficávamos muito perto de outras ACs, não sendo possível fazer o distanciamento social que os tempos exigem. Optámos por estacionar mesmo junto à margem do Douro, num local onde é permitido o estacionamento e onde já estavam outros companheiros. Local maravilhoso e muito calmo, com uma vista de encher os olhos e a alma. Amanhã seguiremos para Lamego pois já conhecemos bem a Régua e o museu do Douro, assim como a sua lindíssima estação de caminho de ferro.
GPS: ASA Peso da Régua : N 41º 09' 21'' W 07º 46' 50''
Este foi o local onde pernoitámos na Régua. À direita temos o rio Douro a cerca de 5 m
Gostaríamos que a selfie tivesse focado também a paisagem de fundo mas tal não aconteceu. Paciência... ficam as caras sorridentes😀😍
9º Dia - 11/9/2020 LAMEGO
Depois de um passeio na zona marginal, almoçámos na AC e, ao princípio da tarde, seguimos para Lamego seguindo a N2 onde , mais uma vez encontrámos a maravilhosa paisagem a que o Douro nos habituou. Esta região é, na verdade um prodígio da natureza que não poupou nos dotes que lhe concedeu.
Atravessámos o centro de Lamego junto ao Jardim da República e seguimos até ao Camping situado no alto do Santuário de Nª Sra. dos Remédios num local com uma vista privilegiada sobre a cidade. Local agradável e perto do centro pela escadaria do Santuário. Fica na N2 (apenas um pequeno desvio de alguns m.) e junto às Caves Raposeira.
GPS: N 41º 05' 29'' W 07º 49' 18''
Lamego é uma cidade antiquíssima, rica em história, monumentos, gastronomia, belos solares, fontenários, etc. A Sé, o Museu de Lamego, o Santuario de Nª Sra. dos Remédios, são locais, entre outros, a não perder numa visita a Lamego. Desta vez não era esse o nosso objectivo porque já o tínhamos feito em anteriores visitas.
10º Dia 12/9/2020 Lamego - Viseu
CASTRO DAIRE
Pusemo-nos a caminho a meio da manhã e à hora de almoço (quase meio dia) estávamos a passar no Mezio onde existe um restaurante mesmo à beira da estrada que faz pratos típicos do Mezio. Parámos a perguntar se serviam refeições para fora ao que a senhora respondeu afirmativamente e que começavam a servir ao meio dia. Calhou mesmo bem, Ficámos com "água na boca2 quando lemos o relato da rota da N2, da Sandra e do Fernando Luís e resolvemos arriscar no arroz de salpicão. Uma dose bem servidíssima que deu almoço para os dois e ainda sobrou. Comida simples da gente do campo que utilizavam os recursos que tinham mais a jeito, mas com um sabor incomparável. Fomos comè-lo uns kms (poucos) mais à frente, num local onde encontrámos umas agradáveis sombras afastadas da estrada. Que bem que soube!!!. Ainda bem que há quem não deixe esquecer estas receitas tão antigas e tão genuínas.
O mesmo aconteceu em S. Pedro do Sul
VISEU
À tardinha chegámos a Viseu, cidade rica em tesouros da história de Portugal onde, há cerca de 2 anos, estivemos uns dias para conhecer a cidade.
Fomos estacionar na ASA da cidade que fica relativamente perto do centro e aproveitámos para fazer uma caminhada pela cidade para também fazer algum exercício.
GPS da ASA: N 40º 39' 53'' W 07º 55' 02''
Subimos, pela zona histórica, até à Sé no bonito largo onde se situa a igreja da misericórdia e o museu Grão Vasco e onde estava a ser preparado um concerto ao ar livre, para essa noite.
No dia seguinte, antes de prosseguirmos a viagem, ainda uma deslocação à Cava de Viriato onde se encontra esta estátua, referência da cidade.
TONDELA . Terras de Besteiros
Passagem por Santa Comba Dão, Penacova e Vila Nova de Poiares, três concelhos atravessados pela N2 com lindas paisagens, sobretudo na zona de Penacova onde éramos para pernoitar mas depois decidimos seguir mais um pouco e ficar em Góis.
A viagem estava a correr muito bem e o tempo não fez partidas o que é sempre agradável. A paisagem vai-se alterando à medida que vamos chegando mais ao centro. As vinhas do Douro e da região demarcada do Dão, dão agora lugar a extensas florestas de pinheiros e eucaliptos. Aproximamo-nos da zona que, nos últimos anos tão castigada tem sido com os incêndios. Encontramos zonas bem cuidadas e limpas de material combustível mas outras, nem tanto...
De qualquer modo, esta região que a N2 atravessa está muito verde e encanta a vista. Oxalá assim continue.
12º e 13º dias 14/9/2020 e 15/9
GÓIS
De Vila Nova de Poiares a Góis são apenas 20 km que se fazem facilmente porque a estrada é bonita. Tínhamos posto o GPS para a ASA de Góis e, quando chegámos perto da sede do Moto clube recebemos a informação "chegou ao seu destino". Pareceu-nos estranho mas resolvemos perguntar no Moto clube, onde nos disseram que era num desvio um pouco mais à frente e logo se ofereceram para nos carimbar o passaporte. Agradecemos e seguimos, não para a ASA mas para o parque de campismo que, entretanto, foi nossa opção.
Um km mais à frente encontramos o Moto clube, uma instituição que tem levado o nome de Góis a todo o Portugal e estrangeiro e que com as suas iniciativas chama muita gente a esta terra do interior, contribuindo para o seu desenvolvimento.
Do parque de campismo, esta era uma das vistas que tínhamos da vila
Ponte real sobre o rio Ceira e capela de S. Sebastião ao fundo
Repuxo no largo central da vila
Capela do castelo junto ao parque de campismo
Praia do Pego Escuro um local muito tranquilo. Na foto em baixo, uma antiga azenha, bem recuperada, naquele local.
Góis é uma lindíssima vila da região centro, no distrito de Coimbra, nas abas da serra da Lousã. É atravessada pelo rio Ceira que lhe confere grande beleza e locais muito aprazíveis, que a autarquia soube aproveitar criando as condições necessárias para que a população possa usufruir desses espaços. Em Góis há 3 praias fluviais: a do Pego Escuro, num extremo da povoação a montante do rio; a da Peneda, mesmo no centro da vila e a das Canaveias, a jusante. Todas elas estão interligadas por passadiços ou pistas de caminhada, com um bom aproveitamento das margens do rio que estão impecavelmente cuidadas com espaços ajardinados, equipamentos desportivos, zonas de restauração e bares, zonas de pesca, enfim um aproveitamento cuidado desta mais valia que o rio traz à vila.
Esta vila nasceu no vale do rio Ceira, envolvida pelas serras da Lousã e o Açor, com uma geografia própria bastante acidentada mas muito bela. Mas não é só o paraíso natural que Góis nos oferece pois dispõe também de um património arquitetónico digno de visita, como a igreja matriz, a ponte real, a capela do mártir S. Sebastião, a capela do castelo (pelas ameias do telhado que fazem lembrar um castelo), a fonte e a cisterna do Pombal e os Paços do Concelho no largo principal da cidade.
A praia da Peneda ou da ilha branca, no centro da vila
A Ponte Real
Passeio ao longo das margens do rio
Um aspecto da vila, onde se destaca a igreja matriz
14º Dia 16/9/2020 Góis Sertã
Passámos dois dias em Góis onde nos sentimos muito bem. Depois, continuámos a nossa viagem, sendo o próximo destino a Sertã como meta para mais uma pernoita.
Passados alguns kms encontramos o marco que assinala o km 300, junto à estrada que leva ao Caniçal.
Um pouco mais à frente, este marco, localizado num miradouro à beira da N2, chamou-nos a atenção. Parámos e deparámos com a lindíssima aldeia de Álvares num encantador vale por onde corre a ribeira do Sinhel. junto à ribeira uma praia fluvial torna o local ainda mais aprazível.
PEDROGÃO GRANDE
Neste concelho que nos tocou o coração, há 3 anos, pelo flagelo que sofreu com os incêndios, na estrada N2 não são muito visíveis os efeitos da calamidade mas ela está bem presente sempre que o atravessamos. Uma homenagem aos Bombeiros que tanto arriscam as suas vidas para salvar os bens dos outros.
A barragem do Cabril, no rio Zêzere é uma das maiores barragens portuguesas e constitui uma grande reserva de água doce utilizada para abastecimento, produção de energia, proteção contra cheias e lazer.
SERTÃ
E chegámos à Sertã onde iríamos ficar. A Sertã tem uma ASA que fica junto ao campo de futebol mas um pouco afastada do centro porém, numa outra visita que fizemos a esta vila, vimos várias autocaravanas no parque junto ao rio, onde existem belas sombras e foi para aí que nos dirigimos.
GPS: N 39º 48' 01'' W 08º 05' 58''
O local é muito agradável, num lindo jardim onde, além das frondosas árvores, encontramos o equipamento de um antigo lagar de varas. Mas esta vila tem outros pontos de interesse dos quais se destacam a Ponte Filipina, o Castelo, a Capela de S. João Batista , a Igreja Matriz e o Pelourinho. É banhada pela Ribeira da Sertã ( junto à qual fica o jardim onde ficámos) e a Ribeira de Amioso, as quais contribuem para o clima fresco de que a Sertã dispõe.
A ponte Filipina
O local onde ficámos
Igreja de S. João batista edificada dentro dos muros do castelo sobre a primitiva igreja medieval
Fonte da Boneca
Lagar de Vara na Alameda da Carvalha
Estátua de homenagem ao, Padre Manuel Antunes, nascido na Sertã e que foi professor na Faculdade de Letras de Lisboa, tendo deixado também alguns escritos sobre temas literários
15º Dia 17/9/2020 Sertã - Casa
VILA DE REI
Ficámos dois dias na Sertã a disfrutar do ambiente agradável que ali encontrámos após o que seguimos para Vila de Rei onde se situa o Centro Geodésico de Portugal. Este concelho é atravessado pela N2 e dispõe de várias praias fluviais, algumas na albufeira de Castelo de Bode como Zaboeira e Fernandaires ou em ribeiras como a do Bostelim. Local de visita é também o Penedo Furado onde as cascatas e as piscinas naturais formam uma paisagem única observável pelos trilhos e passadiços construdos recentemente. Já conhecemos relativamente bem esta zona porque vivemos na zona centro e por isso limitámo-nos a assinalar a nossa presença no Centro Geodésico.
Na serra da Melriça onde fica o Centro Geodésico temos uma fabulosa vista a 360º que, dizem os entendidos, em dias de boa luminosidade permite avistar a Serra da Estrela, a cerca de 100 km de distância.
É este encanto de paisagem que podemos apreciar no Centro Geodésico de Portugal.
SARDOAL
É um concelho de fortes tradições, sobretudo no âmbito religioso o que se avalia pelo grande número de igrejas e capelas que lá se encontram.
Esta é a Praça da República, a zona mais central da vila. Aqui se localiza a Câmara Municipal. O Pelourinho que lá se encontra é uma réplica do original que datava de 1531. O painel de azulejos representa uma cena do auto de Gil Vicente Tragicomédia Pastoril da Serra da Estrela, sendo um dos testemunhos da ligação de Gil Vicente ao Sardoal que a cita em três das suas obras.
Na Primavera, o centro histórico do Sardoal enche-se de cor e beleza dada pelas flores que, em grande quantidade, pendem das sacadas, muros e varandas, motivo por que lhe atribuem o título de Vila Jardim há já alguns anos.
Outra tradição desta vila processa-se na Semana Santa: de Quinta feira Santa até Domingo de Páscoa estão abertas ao público as capelas da vila, que se encontram enfeitadas com tapetes de flores com motivos alusivos à quadra pascal. A confeção desses tapetes é feita na noite de quarta feira, prolongando-se, muitas vezes, até de madrugada. Na noite de Quinta Feira Santa realiza-se a Procissão do Senhor da Misericórdia ou dos Fogaréus passando pelas capelas enfeitadas que são oito.
E estávamos a terminar esta primeira parte da nossa rota "DE NORTE A SUL PELA N2", Continuámos até Abrantes onde tomámos a A23 até casa. Iremos retomar a viagem daqui por alguns dias.
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