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quarta-feira, 11 de janeiro de 2023

AO LONGO DO DOURO PELA N222 

OUTUBRO 2022

No regresso da última viagem ao Norte, em Outubro, resolvemos fazê-lo ao longo do Douro, pela Estrada Nacional 222,  um percurso feito de curvas e contracurvas mas com paisagens de uma beleza ímpar que só o Douro Vinhateiro nos pode proporcionar. A nossa preocupação não era dizer que já percorremos essa estrada de uma ponta a outra (neste caso, de Oeste para Este ) mas sim voltar a apreciar  aquelas paisagens arrebatadoras, algumas em troços que já percorrêramos anteriormente e que sempre nos deslumbram.
Saímos de Esposende (onde tínhamos pernoitado ) a meio da manhã e passando por Barcelos, Santo Tirso e Penafiel, dirigimo-nos a Entre os Rios para aí fazermos a travessia do Douro e seguirmos pela N222. que começa em Vila Nova de Gaia e termina em Almendra, no concelho de Vila Nova de Foz Côa. 

Passagem por Santo Tirso e pelo seu imponente mosteiro


A bela paisagem de Entre-os-Rios num dia com alguma nebulosidade

As pontes sobre o rio Douro que ligam Entre-os -Rios a castelo de Paiva e vice-versa

 Atravessámos a ponte Hintze Ribeiro (da qual só se vê o gradeamento na foto) para Castelo de Paiva onde iríamos apanhar a N222, recordando a tragédia ocorrida em 4 de Março de 2001 com a queda da referida ponte devido ao enorme caudal do rio nesse ano provocada pelas fortes chuvas que caíram nesse início de Março. A ponte Hintze Ribeiro, construída há mais de um século, apresentava algumas fragilidades e não resistiu a um inverno muito chuvoso colapsando na altura em que era atravessada por um autocarro de passageiros e mais dois ou  três automóveis, levando para a morte 59 pessoas. Posteriormente foi construída uma nova ponte, uns metros ao lado, e foi recuperada  a antiga que também se encontra aberta à circulação. Na outra margem do rio foi construído um monumento memorial às vítimas do acidente.

O Anjo da Guarda, estátua, em bronze, com 10 m de altura em homenagem às vítimas da queda da ponte Hintze Ribeiro. Aqui se encontram inscritos os nomes dessas vítimas, muitas das quais nunca foram recuperados os corpos

 Era nossa intenção pernoitar na ASA de Souselo porém, ao chegarmos ao local, desistimos da ideia. A Área é excepcional e com uma envolvência espetacular mas não está concebida para carros com as dimensões do nosso. Já tínhamos tido conhecimento de alguns relatos neste sentido mas pensámos que talvez fosse um pouco exagerado. A entrada na área faz-se com uma curva apertada e um declive considerável em pouco espaço o que, para as AC mais compridas se torna complicado pois a traseira arroja. Não quisemos arriscar e optámos por ir pernoitar a Peso da Régua.




Seguimos até Resende e resolvemos atravessar, de novo, o rio e seguir por Mesão Frio até à Régua. 





Miradouro Imaginário em Mesão Frio de onde se usufrui de uma magnífica vista sobre o rio e a paisagem envolvente. Esta plataforma simulando um barco rabelo suspenso a uma altitude de 145 m, proporciona uma visão, em anfiteatro, das encostas em socalcos, adornadas de vinhedos, ao encontro do rio com o qual se fundem.









Seguindo em direção à Régua, chegámos a meio da tarde e dirigimo-nos à ASA que se encontrava completamente cheia. Mais de 70 ACs, na sua maioria franceses e alemães estacionadas, não só na ASA mas também pelas zonas circundantes, junto ao rio. No entanto, tudo calmo e ordenado sem exageros nem abusos. Estacionámos no local escolhido e jantámos na AC.



A noite foi tranquila. De manhã, caminhada pelo parque junto ao rio e depois pelas ruas do centro até à zona da estação da CP. Verificámos que o turismo de cruzeiros se encontrava muito parado.









Almoço na AC e de tarde saída para S. João da Pesqueira. Este troço da estrada, da Régua até ao Pinhão, é muito bonito mas perigoso: estrada estreita, quase sem bermas e muitas curvas. Nalguns locais as barreiras rochosas estão muito próximas do alcatrão  e quando nos cruzamos com um veículo de maiores dimensões é necessário uma atenção e cuidado redobrados pois o trânsito também é sempre muito intenso. É um percurso um pouco cansativo mas deslumbrante, pena é que também seja muito difícil parar para fazer fotos ou apreciar a paisagem. 

A nossa saída da Régua deu-nos uma bela imagem da velha ponte e da zona ribeirinha

Junto à Foz do rio Tedo conseguimos um espaço para fazer uma paragem  e tirar algumas fotos








Do Pinhão até S. João da Pesqueira a N222 afasta-se um pouco do rio e o seu percurso faz-se contornando os montes cujas encostas, plantadas de vinha, encantam o nosso olhar.





Pensámos ficar em S. João da Pesqueira onde sabíamos haver uma ASA no restaurante Carocha porém, quando lá chegámos verificámos que o restaurante se encontrava fechado e com sinais de já não funcionar há algum tempo e a ASA estava desativada, sem torneiras e com ar de abandono total. Paciência...   a solução era continuar até à ASA mais próxima que é a de Freixo de Numão, uma vez que precisávamos de abastecer de água e fazer os despejos. Continuámos a nossa viagem e num instante lá estávamos pois os encantos da paisagem que apresentava lindas cores deste Outono tão suave, contribuíram para que nem déssemos pelos trinta e poucos quilómetros percorridos.
Já ficámos várias vezes nesta AS que dispõe de todos os serviços, incluindo eletricidade e fica situada num local sossegado perto da zona desportiva e perto do centro também. Foi das primeiras a ser construída na Península Ibérica e por uma taxa de 5€ (salvo erro) temos acesso a todos os serviços.
A noite foi muito tranquila, na companhia de uma dezena de ACs, na maioria franceses. De manhã percorremos a povoação para reconhecimento e, se houvesse algum restaurante cuja ementa agradasse, almoçávamos. Tal não se verificou, apenas uns cafés abertos mas nenhum servia comida. Optámos por comprar uns bifes de vitela num mini-mercado que encontrámos e nos pareceram frescos e de boa origem. Não nos enganámos... a carne era de boa qualidade e o almocinho na AC "soube-nos pela vida" .
De tarde mais uma caminhada pela povoação e visita ao Museu da Casa Grande, instalado num bonito solar barroco de meados do séc. XVIII e que contém um importante acervo arqueológico e de alfaias relacionadas com a actividade agrícola da região.









Toda esta área de Freixo de Numão e arredores tem sido alvo de importantes investigações arqueológicas que permitiram confirmar que a ocupação humana, nesta região, é muito antiga, a avaliar pelos vestígios que têm sido encontrados., alguns da Idade do Ferro. Mais tarde, os romanos também por aqui passaram  e facilmente dominaram os povos autóctones. São inúmeros os vestígios que têm sido encontrados e que permitem aos estudiosos concluir muito do que se sabe hoje acerca desta região tão rica em achados arqueológicos.

  Continuámos depois o nosso passeio pela aldeia apreciando as suas casas, em grande parte construídas em granito, destacando-se algumas das mais importantes construções como a igreja e a casa da justiça, um belo exemplar de arquitectura da época com um brasão no andar superior e dois varandins suportados por figuras trabalhadas na pedra, situadas no largo onde se encontra o pelourinho.

O pelourinho e a igreja

Casa brasonada que dizem ter funcionado como Casa da Justiça

Igreja Matriz


Monumento a S. João 


Uma caldeira a vapor bastante antiga que faria mover os mecanismos, talvez de um lagar, encontra-se em exposição num dos largos da vila, fazendo recordar tempos passados.

O largo onde se situa a igreja e o pelourinho


Mais uma noite passada na AS de Freixo de Numão com toda a calma e tranquilidade. A meio da manhã seguimos para Vila Nova de Foz Côa onde não fizemos paragem, uma vez que já tínhamos visitado anteriormente toda esta região de fama internacional que é o Parque Arqueológico do Vale de Foz Côa e o seu Museu. Apesar disso, não resistimos a tirar mais umas fotos pois a paisagem é tão apelativa que era impossível passar sem levar parte dela para mais tarde recordar.






A paisagem continua lindíssima mas, aqui, a vinha vai alternando com amendoais e olivais




A ponte que atravessa o rio Côa e onde fizemos uma paragem para o ver seguir pelo vale apertado, procurando caminho até se juntar ao Douro.



Pudemos apreciar aquele vale luxuriante e as íngremes montanhas que orlam os vales do Côa e do Douro e abrigam pequenas aldeias que nos ligam á história deste território como se o tempo não passasse por elas. É o caso de Castelo Melhor e Almendra que nos encantam pela sua simplicidade e a a calma que ali se respira.



No monte que se vê em fundo da foto ficam as ruínas do castelo de Castelo Melhor. Trata-se de uma muralha que circunda o cume do monte. No interior do recinto situava-se um povoado e as restantes estruturas defensivas, do séc. XII ou XIII.  A zona de Riba -Côa era constantemente disputada entre o monarca português e o Castelhano, daí a construção do castelo. Pelo Tratado de Alcanises em 1297 Castelo Melhor ficou definitivamente a pertencer à coroa Portuguesa. Mais tarde e devido à paz que já existia, os moradores abandonaram o interior da cerca e foram-se fixando na zona baixa, começando a construir a actual povoação. D. Dinis, como prova de afirmação como monarca do espaço, mandou fazer várias obras e deu novos poderes administrativos à povoação.

Estátua de d. Dinis no largo principal.

Depois de uma breve visita a Castelo Melhor, seguimos para Almendra onde termina a N222. Assim chegámos ao fim desta linda estrada que sempre nos encanta.
O último marco da N222 sinalizado com este esteio de xisto mandado colocar pelo Moto Clube do Côa em homenagem a todos os que percorrem esta mítica estrada, em trabalho ou em lazer.


Solar dos Viscondes de Almendra. É um palácio barroco que foi residência dos Viscondes de Almendra e, por casamento, dos Viscondes do Banho

O palácio encontra-se desabitado há várias décadas e por isso foi sofrendo alguma degradação mas conserva o seu austero estilo barroco revelado na decoração das janelas e na varanda com balaústres.  O brasão de armas da família encontra-se por cima da varanda enquadrado por um frontão curvilíneo. Curiosamente, o brasão nunca foi devidamente terminado de esculpir e já apresentava características do titulo de marquês.



Capela de Nossa Senhora da Misericórdia ou do Senhor dos Passos. Capela edificada na segunda metade do séc. XVI onde deve ter funcionado a extinta Misericórdia da paróquia de Almendra, sendo depois associada à Irmandade do Senhor dos Passos.

Continuando para Sul seguimos até Figueira de Castelo Rodrigo e, como já eram horas de almoço, parámos para almoçar num dos restaurantes da avenida. Seguindo viagem viemos até à Guarda e daí para Belmonte encantados com as lindas paisagens deste nosso Portugal que, diferindo de umas regiões para outras, tem sempre o seu encanto.
Ficámos na área de Belmonte situada no Parque de Santiago, num vale fresco e aprazível no sopé do monte onde se desenvolveu o burgo. À tardinha revisitámos o castelo e o centro histórico.

Brasão da vila de Belmonte

Castelo de Belmonte


Igreja de Santiago / Panteão dos Cabrais



Bairro da Judiaria.

Estátua de Pedro Álvares Cabral



Interior da Igreja Matriz

Igreja Matriz

Pequenas capelas junto ao castelo

Passámos a noite na AS de Belmonte e, no dia seguinte continuámos para Alpedrinha que nos surpreendeu pela positiva e sobre a qual falarei numa nova publicação com o título "ALPEDRINHA, UMA AGRADÁVEL SURPRESA"

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