De Lausanne seguimos para Montreux e Villeneuve, duas lindas cidades nas margens do Lago Leman, rodeadas por montanhas em cujos picos se encontram cobertos de neve. Uma dessas montanhas é o famoso Mont-Blanc. Estamos no cantão do Valais, região de vinhas que, nesta época do ano se encontram lindíssimas, nos seus tons amarelos, castanhos, vermelhos, enfim, uma enorme paleta de tons que proporcionam uma paisagem encantadora.
A pernoita foi em Aigle, uma pequena povoação muito acolhedora.
A noite foi calma e, na manhã seguinte subimos a montanha até LEYSIN, por uma estrada lindíssima e com paisagens de encantar. Lá no alto, a 1500m de altitude, parámos para almoçar no cenário mais maravilhoso que alguma vez tínhamos presenciado: um enorme vale onde, por entre os prados e os pequenos bosques, se distinguem os telhados das casinhas, brilhando ao sol e, para lá do vale, erguem-se novas montanhas, de picos irregulares onde, nalguns deles, ainda se encontra muita neve. É uma paisagem indescritível mas a nossa felicidade é tão grande que não há nada que a supere. Findo o almoço fomos dar um passeio a pé, pela encosta acima, já que estava um dia de sol maravilhoso e os nossos olhos não se cansavam de admirar tanta beleza.Á medida que subíamos, cada vez a paisagem se tornava mais bela porque víamos de mais perto os cumes dos montes em redor, alguns cobertos de neve, brilhando ao sol. Florestas imensas nas encostas dos montes, com um matiz de cores de Outono, alternando com prados verdinhos. Leysin é uma zona turística onde se pratica sky e, por isso, há muitos hotéis na região. Para nos levar ao alto da montanha, existe um teleférico que, nesse dia, estava fechado para manutenção.Enfim, esta região de Leysin é de uma enorme beleza e tudo faremos para repetir esta visita.
Esta região é muito rica em vinhas e, na parte mais baixa das encostas (talvez o 1º terço), encontram-se imensas vinhas suportadas por muralhas de pedra, em socalcos, muito bem encarreiradas e em tons amarelos, lindíssimos, É uma paisagem espectacular!!!
De Leysin seguimos para villard, outra estância turística de grande beleza com belos chalets de montanha, muito florida. Descendo a montanha tomámos a auto-estrada para Martigny, onde pernoitámos numa área de descanso – Relais du grand St. Bernard.
Breve visita a Martigny, uma cidade agradável, situada num vale, também rodeado de montanhas. Tem belas paisagens e é considerada a capital cultural do Valais.
A próxima etapa seria até Sion de onde subimos para NENDAZ a fim de visitar o António e saber da sua saúde. Quando menos esperávamos, já ele vinha ao nosso encontro e, a seguir ao almoço, levou-nos a visitar a barragem de Cleuson que fica a 2475m de altitude. A paisagem é deslumbrante e, à medida que nos vamos aproximando do cume, parece que o céu nos toca a cabeça e a temperatura vai baixando significativamente. O contraste entre as zonas onde há sol e as de sombra dão uma enorme beleza à paisagem. É um sítio maravilhoso onde se respira ar puro e uma paz e tranquilidade incomparáveis. E quando se olha lá do cume para o vale, sentimos que somos imensamente pequenos perante tanta grandeza. No Inverno a superfície da água fica gelada. Esta é a mais alta barragem da Europa. Gostámos imenso desta visita.
Nendaz,há uns anos atrás, era uma povoação rural onde as pessoas viviam da agricultura e da criação de gado. Ùltimamente o turismo tem-se desenvolvido e a povoação tornou-se um importante centro turístico com Kms de pistas de sky e onde abundam os hotéis e chalets de montanha.
Jantámos em casa do António que nos recebeu muito bem.
No dia seguinte, feitas as despedidas, iniciámos a descida, tendo como “pano de fundo” uma vista maravilhosa sobre SION que fica situada numa planície, num vale, entre altas montanhas. É atravessada pelo Rhône que nasce nos Alpes, junto ao glaciar de Furkapass. Na planície do vale onde cresceu a cidade, sobressaem duas elevações de terreno no cimo das quais se encontram dois importantes monumentos da cidade: a Basilique de Valère e o Chateau de Tourbillon. Neste região também há muitas vinhas.
De Sion seguimos para Sierre e daí para Brig e, à medida que vamos avançando, o vale torna-se mais apertado e a montanha mais acidentada.
A pernoita foi em Lax, pequena povoação muito acolhedora e sossegada.
No dia seguinte estava fresco apesar de brilhar um sol radioso mas o percurso, sempre a subir pelo col da montanha, numa estrada cada vez mais sinuosa, com pouca vegetação, os vales profundos e as altas montanhas, com curvas, algumas de 320 graus, era soberbo, agreste por vezes, mas admirável pela grandeza dos profundos vales e das altas montanhas. Realmente é uma viagem de emoções e com uma paisagem deslumbrante, é uma garganta que fica ali entre duas montanhas dos Alpes suiços.
Passando por Munster, subimos até Furkapass, a 2475m de altitude, onde fica o glaciar e a nascente do Rhône. A partir daí iniciámos a descida, por uma estrada tão deslumbrante como a da subida e, a pouco e pouco vamos encontrando já pequenas povoações, pastagens para gado, pequenos bosques, etc.
Ao chegarmos a Chur, o vale alarga-se mais em planície, as pastagens aumentam e as montanhas já não são tão altas.
Andámos mais alguns kms e entrámos no Liechtenstein. Em TRIESEN vimos uma indicação de parque de campismo e dirigimo-nos para lá. A cerca de 200m do parque, deparámos com uma cena inédita: um grupo de caçadores, todos vestidos a rigor com os fatos característicos das montarias, com trombetas, à volta de uma fogueira, junto da qual estava uma carrocinha, enfeitada com ramos de abeto e, em cima, um enorme veado com cerca de 300 kg, umas armações imponentes e uma pelagem lindíssima. Era o troféu de caça. Fizemos algumas fotos e seguimos para o parque de campismo, onde ficámos. Por sinal, era lá que os caçadores iriam jantar num enorme pavilhão que lá existia e ainda pudémos assistir a um concerto de trombetas. Foi muito giro
VADUZ é a capital deste pequeno Principado que, no seu comprimento, não deve ter mais que 25 km. É uma cidade pequena, muito limpa, bem organizada e sossegada.
Feita a visita, seguimos para a Áustria, passando através de alguns túneis. Dormimos em Vols, numa área de AE com boas condições para estacionamento.
No dia seguinte partimos para INNSBRUCK, uma das mais importantes cidades do Tirol, situada num vale entre as montanhas dos Alpes austríacos, tendo a norte a Alemanha e a sul a Itália. É atravessada pelo rio INN, que percorre todo aquele vale. Tem uma vista maravilhosa a partir do monte Bergisel onde se situa uma arquitectónica torre com um café e restaurante panorâmicos e um moderno trampolim de saltos em sky. A torre tem 50 m de altura e é considerada, sob o plano arquitectónico, uma das mais belas construções dos Alpes. O acesso à torre é feito por um funicular e um elevador no seu interior. Do seu terraço, admira-se uma vista espectacular sobre a cidade e as montanhas. Na cidade, encontram-se vários museus, universidade, muito comércio. É nesta região que se situa a fábrica dos cristais Swarovky.
Na À
ustria, visitámos ainda Schwaz e seguimos depois para Itália. O nosso objectivo era Veneza e, após termos atravessado novamente os Alpes, algumas vezes por túneis, a paisagem foi-se modificando e os vales iam sendo mais planos e mais povoados; em vez de pastagens, havia vinhas e pomares, sobretudo de macieiras. Pernoitámos numa área de serviço da AE. Dirigimo-nos a Trento e daí para Mestre que fica a cerca de 5km de Veneza. Estacionámos perto de um restaurante numa zona industrial: gente muito simpática e acolhedora. No dia seguinte, apanhámos o bus e fomos para Veneza. Parte do percurso é feito pela ponte de la Libertá. O bus pára na Piazza di Roma e, a partir daí seguimos a pé pela cidade repleta de canais, atravessando pontes e percorrendo estreitas vielas com prédios de 3 e 4 pisos, alguns com bonitas fachadas mas também, a maior parte deles, bastante degradados.
Veneza é uma cidade lindíssima pela sua originalidade e é também uma cidade dedicada às artes: tem 29 igrejas, todas imponentes, das quais, a mais importante, é a Basílica de S. Marcos; tem 29 museus e centros de exposições. A Música é um dos ex-libris da cidade. Nessa altura estava a decorrer o 11º Festival de música clássica, dedicado a Vivaldi. Visitámos uma exposição de instrumentos musicais integrada no Festival e outra de pintura de grandes telas, na igreja de S. Pantalon. Há lojas de grandes marcas, muitas joalharias e lojas de peças lindíssimas em vidro de Murano. Veneza é uma cidade esencialmente virada ao turismo e às artes mas funcionam lá toda a espécie de serviços.
A praça mais importante é a Praça de S. Marcos, onde se situa a Basílica com o mesmo nome, construção imponente e de uma riqueza artística fora do comum. Além das inúmeras obras de arte que lá se encontram, a peça mais valiosa é um relicário todo feito em ouro e pedras preciosas com cerca de 3x2m. A praça de S. Marcos é uma grande praça rodeada de galerias assentes em colunas de pedra onde se situam inúmeras lojas das melhores marcas. Os pombos são às centenas e convivem perfeitamente com os turistas. Existem vários restaurantes em cujas esplanadas tocam pequenas orquestras. Nesta praça fica também a Torre do relógio. Depois há as gondolas para viajar nos canais e que são um verdadeiro luxo. Os canais são atravessados por inúmeras pontes de que a mais importante é a Ponte do Rialto. Enfim, gostámos imenso de Veneza, é uma cidade diferente de tudo o que conhecíamos, cheia de romantismo e com um ambiente de mistério e secretismo, nas suas ruas estreitas, nos canais que a cruzam e nas suas casas e palácios de cores pardacentas, algumas com janelas e varandas com lindos trabalhados, sinónimo da burguesia que ali viveu. Mas também tem aspectos negativos: há zonas muito sujas e degradadas. A reparação das casas não é fácil, tem tudo que ser feito através dos barcos e os canais são relativamente estreitos. Os barcos servem para tudo, até vimos um que servia de mercado. A recolha de lixo também é feita através de barcos porque ali não há carros a circular. Há casas que têm a porta para um canal, só podem sair de barco. Gostámos imenso de visitar esta cidade.
O próximo destino seria Sanremo. Seguimos por uma região de planície muito semelhante à nossa lezíria ribatejana. Passámos Cremona, Piacenza e Savona. Atravessámos as províncias de Lombardia, Pavia e Piemonte mas quando entrámos na Ligúria, a paisagem foi-se modificando e a planície deu lugar à baixa montanha, densamente arborizada. Entretanto, a montanha vai aumentando de altitude e a estrada atravessa uma série de pequenos túneis, alternando com pontes, sobre os vales. Aqui são já os Alpes marítimos, cujas encostas, para sul, vão ao encontro do mar ( nesta zona Mar de Génova ou Mar da Ligúria ).
Em Sanremo ficámos num parque para ACs, junto a uma zona desportiva. A cidade estende-se pela encosta, amplamente arborizada e vai até poucos metros do mar, quase sem areal. Chamam a esta região “a riviera das flores” e, na verdade,assim é. Sanremo é uma cidade cosmopolita e acolhedora com os seus jardins replectos de plantas e flores de todos os tipos, incluindo as mais exóticas.
A zona antiga de Sanremo, La Pigna,data do ano 1000 e mantém-se quase intacta, com as suas ruelas tortuosas e as suas casas, de 2 e 3 andares, agrupadas pela colina acima, formando como que uma pinha. Este aglomerado de casas (o início da povoação) foi sendo reforçada até ao sec. XVI para a proteger dos ataques dos piratas berbéres. Hoje, este bairro histórico de Sanremo é um universo místico e sugestivo, feito de ruas estreitas e tortuosas, escadas, praças, onde reina um silêncio quase irreal, passagens cobertas e jogos de arcos que sustêm as suas casas. É uma zona curiosa pela originalidade e pela conservação (ainda hoje é habitada). No cimo do monte fica o Santuário da Madonna De La Costa, edifício do sec. XVII que conserva o seu interior ricamente decorado e foi, durante muito tempo, ponto de referência para os navegantes que visitavam a cidade.
O centro de Sanremo, a cidade nova, é um imenso desfile de lojas, das mais simples às melhores marcas, alguns cafés, pizzarias e restaurantes, etc. A cidade moderna desenvolveu-se mais nos sec. XIX e XX, devido ao enorme”boom” turístico do fim do sec. da “belle époque”. Foi nessa altura que em Sanremo se construiram elegantes edifícios, belos e luxuosos hotéis, parques, jardins com a sua frondosa vegetação que, felizmente, ainda estão a salvo do cimento armado.
O clima desta região é extremamente temperado devido à cordilheira que se situa ao longo do mar e que parece ter sido colocada ali para proteger esta região dos ventos frios de norte. É este clima agradável que permite o enorme desenvolvimento da cultura das flores.
O casino de Sanremo, um belo edifício, é um dos mais famosos da Europa. Outros monumentos importantes são a Igreja Russa cujo exterior foi construído à semelhança da Catedral de S. Basílio, de Moscovo, o Palácio Bona d’Olmo, o Museu Municipal, a Catedral de S. Siro e várias igrejas.
Saímos de Sanremo para o Mónaco, passando por Bordighera e Ventimiglia, lindas povoações que nos aparecem num vale com o casario crescendo pela montanha, em tons ocre e brique claro, num maravilhoso contraste com o verde da vegetação que continua bastante exuberante.
Saindo de Itália, entramos em França. Menton é a primeira cidade, muito bonita: amplas avenidas, belos jardins e o mar ali mesmo ao lado.
Seguindo sempre à beira-mar, entramos no Mónaco – Monte Carlo. Esta é uma cidade maravilhosa, tudo ali é imponente e todos os bocadinhos estão aproveitados e até ao mar se conquista terreno pois o auditório Rainier III fica assente em grossos pilares que crescem de dentro de água. Na marina encontram-se estacionados lindos iates e veleiros. Aqui é impossível estacionar e, depois de passar um dia a visitar a cidade, seguimos pela Côte d’Azur.
Ao fim do dia, seguimos para Nice, uma linda cidade, moderna, largas avenidas, jardins e bonitas casas. La Promenade des Anglais, a avenida marginal, é muito agradável para um passeio à beira-mar, para tomar um café, almoçar ou, simplesmente, conversar e olhar o mar. Como não conseguimos estacionamento que nos agradasse, seguimos para Cannes, passando por Antibes, sempre na maravilhosa Côte d’Azur.
A pernoita foi no estacionamento de um bairro residencial, muito sossegado. Logo de manhã fomos visitar a cidade. Estacionámos a Ac no início da principal avenida de Cannes – a La Croisette – e iniciámos o nosso percurso por esta bela avenida, com cerca de 3 km, sempre à beira-mar e onde se encontram jardins lindíssimos. Nessa manhã de domingo viam-se inúmeras pessoas passeando a pé, fazendo corrida, patinando, andando de bicicleta, fazendo ginástica ou, simplesmente apanhando sol nas imensas cadeiras que se encontram no longo passeio, encostado ao mar. É espantoso como esta cidade “mexe”, praticando desporto: novos e velhos, todos saem para gozar o sol, a beleza dos lindos jardins ou tomar um café nas esplanadas da avenida que contorna a baía de águas calmas, quase sem ondulação e temperatura amena. Percorremos toda a avenida até ao Porto Velho, onde havia uma feira de antiguidades com objectos muito curiosos. Visitámos o Palais des Festivals e o Hotel de ville, belíssimas construções dos séculos passados. É, também, junto ao porto velho que se situa o Suquet, o mais antigo bairro de Cannes que pudemos visitar por ruelas íngremes, cruzadas por escadas sinuosas e pitorescas. Do cimo deste velho bairro, tem-se uma vista maravilhosa sobre a Croisette, o velho porto, a cidade, as ilhas Lérins e uma grande parte da baía de Cannes.
Almoçámos já tarde e seguimos viagem, sempre junto à costa, por uma estrada maravilhosa. Nesta zona as povoações quase pegam umas nas outras e a paisagem é encantadora: a costa recortada por baías e cabos; o mar muito calmo, de um azul sombreado de lilás e as rochas de uma cor avermelhada; imenso arvoredo, sobretudo pinheiros e palmeiras, de um verde escuro que contrasta maravilhosamente com a paisagem. Passando por S. Rafael, bonita povoação, chegámos a S. Tropez ao cair da noite. A pernoita foi num parque, junto aos campos de ténis, nos arredores.
S. Tropez é uma vila de pescadores e turística. O porto velho é a zona mais típica, com as suas casas em tons amarelados. Aí fica o mercado e uma das portas da vila “Porte de la Poissonerie”. No porto vêm-se grandes veleiros. De manhã, S. Tropez é uma vila sombria e fria, a zona mais bonita é a das praias, a baía de Pamplona e as praias da Ramatouelle que ficam a cerca de 10 km. A Zona envolvente é muito frondosa. Ramatouelle é uma aldeia num alto, casas antigas, cor de pedra,
De S. Tropez seguimos para Andorra, passando por Marselha mas foi só mesmo de passagem. Ficámos numa área de AE perto de Perpignan, muito boa, onde pudémos fazer a mudança de águas e tomar um belo duche. Estávamos a cerca de 180 km de Andorra e, logo de manhã iniciámos a viagem. Em Villefranche visitámos uma aldeia, onde se situam umas grutas espectaculares Grottes des Cannalettes. É uma aldeia antiga que cresceu junto da abadia e que se encontra totalmente preservada. Chegámos a Andorra ao fim da tarde. Ficámos em Pas de la Casa para fazer umas comprinhas no dia seguinte. De manhã, enquanto andávamos às compras, formou-se um nevoeiro cerradíssimo que dificultava a visibilidade e havia notícia de que ia nevar. Resolvemos seguir para Andorra a Velha. Entretanto, o nevoeiro tinha passado.
A nossa viagem estava a chegar ao fim. Já andávamos há um mês fora de casa e…..as saudades estavam a apertar. De Andorra para casa foi sempre de seguida, apenas com uma paragem para dormir perto de Cáceres. Chegámos no dia 12 de Novembro com a alma cheia de encanto e o olhar saciado de beleza mas com uma enorme satisfação de voltar para casa porque se o “IR” é muito agradável e entusiasmante, o “VOLTAR” também é muito reconfortante, sobretudo quando a viagem corre bem.
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