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quarta-feira, 5 de julho de 2023

SEIA

A PRINCESA DA BEIRA

A serra da Estrela e a sua envolvência constituem um território com características próprias e uma beleza natural que, ao longo do ano, atraem muitos turistas, nacionais e estrangeiros, ávidos de descobrir os seus encantos.  Se no Inverno é a neve e os desportos a ela associados, no tempo mais quente temos a paisagem, as praias fluviais, os monumentos, a gastronomia e as actividades culturais que são próprias desta região e que aqui se revelam com as mais genuínas características. 

Este ano, o CAS organizou um encontro em Seia aproveitando o último fim de semana de Abril e o feriado do 1º de Maio. Já tínhamos visitado Seia noutras ocasiões mas há sempre coisas que descobrimos de novo e também gostamos do convívio que se gera nestes encontros, pelo que resolvemos  participar. 

Saímos de casa dois dias antes do encontro para podermos parar pelo caminho visitando outras localidades. Como decorria a "Semana da Chanfana" em Miranda do Corvo, foi lá a nossa primeira paragem. Na verdade, valeu a pena e nem sequer tivemos que esperar muito para nos servirem num restaurante familiar que nos indicaram e que apesar de estar cheio, o pessoal desdobra-se para que não haja grande espera. Boa chanfana, simpatia e atendimento no restaurante "A parreirinha".
Cumprida a 1ª etapa, resolvemos continuar até Vila Nova de Poiares que tem uma belíssima ASA para aí pernoitarmos pois sabemos que é muito tranquila.
Como ainda era muito cedo, aproveitámos para um passeio pela vila e, como não pode deixar de ser, as inevitáveis fotos que sempre gostamos de fazer para mais tarde recordar.














Passeio agradável pela vila e noite bem dormida.



O almoço ainda foi em Vila Nova de Poiares mas de tarde seguimos calmamente para Oliveira do Hospital onde recentemente tinha sido inaugurada uma nova ASA e queríamos conhecer. Está situada no Parque do Mandanelho,  anexo a um grande espaço de estacionamento, perto da Rodoviária.

Quando chegámos à ASA, encontrámos esta bela vista cuja beleza a foto não consegue transmitir na totalidade porque foi tirada de dentro da AC, através do vidro.






Apesar de haver um grande parque de estacionamento junto da ASA, a noite foi muito tranquila.
A distância entre Oliveira do Hospital e Seia é de cerca de 20 km que fizemos calmamente apreciando a linda paisagem primaveril que nos ia surgindo à medida que avançávamos. Almoçámos pelo caminho num restaurante à beira da estrada onde havia um enorme espaço de estacionamento. Refeição saborosa que tinha o sabor da comida caseira e barata, no restaurante Ar e Sol, casa simples mas já com um toque de modernidade. Pela qualidade da refeição e simpatia no atendimento, foi muito agradável.



Lindos os campos nesta viagem para Seia.
Chegámos ao destino ia a tarde a meio e logo nos instalámos no espaço que nos tinha sido destinado para o  Encontro.
Aproveitámos o resto da tarde para uma visita ao centro histórico que ficava a cerca de 300m do local, utilizando um caminho pedonal.
Pela sua situação geográfica Seia é bastante acidentada pelo que, qualquer percurso, inclui sempre subidas e descidas, algumas bastante acentuadas mas, como não havia pressas, devagar tudo se faz.
Visitámos a Igreja Matriz, situada numa elevação de terreno no centro da vila, no local onde já existiam outras construções e também o castelo, já desaparecido. 
Data de meados do séc. XIX , partindo da reconstrução em estilo neobarroco, dos edifícios existentes. Está muito bem conservada tanto interior como exteriormente.
O espaço envolvente é muito bonito por existir um belo jardim que permite uma bonita panorâmica sobre a cidade.





Descendo da matriz, numa zona mais plana do centro fica a Igreja da Misericórdia e a Capela de S. Pedro que também visitámos.



Interior da Igreja da Misericórdia

Interior da capela de S. Pedro , cuja fachada vemos na foto inferior.



Ao fim do dia regressámos à AC para jantar e descansar.


No sábado foi o dia da visita a Loriga, vila do concelho de Seia, situada a cerca de 20 Km da sede de Concelho, na parte sudoeste da Serra da Estrela. É conhecida pela Suíça portuguesa devido à sua beleza natural.
Os socalcos e a sua complexa rede de irrigação são um dos ex-libris de Loriga, uma obra construída ao longo de centenas de anos e que transformou um vale rochoso, num vale fértil.
Para lá chegar foi um percurso bonito mas muito sinuoso, com paisagens espetaculares, não só das verdejantes encostas que parecia tocarem as nuvens e desciam sobre os vales, estes ainda mais verdejantes e as pequenas aldeias que sobressaíam aqui e além, de toda aquela verdura.






Em Loriga visitámos a praia fluvial, percorremos algumas das estreitas ruas da povoação, apreciando as robustas e bem cuidadas construções onde o granito confere um aspecto forte e as flores com que os habitantes as enfeitam lhes dão a graça e beleza que torna aquele conjunto muito harmonioso.














Pudemos constatar que o povo desta terra é muito bairrista e procura preservar os usos e tradições dos seus antepassados, ao mesmo tempo que trabalha para desenvolver a povoação. Visitámos a padaria onde é feito o famoso Bolo Negro de Loriga , assistindo à sua confecção assim como da sua Broa.
Esta terra, além da sua beleza natural, já foi um grande centro da indústria de lanifícios. Hoje, devido à mudança dos tempos, as várias fábricas existentes estão, praticamente, em ruínas.
Almoço convívio num restaurante da vila e de tarde visita à Central Hidroelétrica do Desterro.
Esta foi a primeira central elétrica construída em Portugal no ano de 1909, sendo o primeiro aproveitamento hídrico da Serra da Estrela, no rio Alva, ao qual se seguiram outros três em Jugais, Vila Cova e Sabugueiro. Estes empreendimentos  representaram um importante desenvolvimento da eletrificação regional numa época em que o restante país não beneficiava de eletricidade pública. Seia foi a primeira vila a ter eletrificação das ruas e das casas. Isto deveu-se à iniciativa de um grupo de industriais  que viram no aproveitamento das águas da serra da Estrela um grande potencial na produção da eletricidade necessária para fazer trabalhar as máquinas das suas empresas. O projeto, concebido pelo industrial António Marques da Silva, foi construído ao longo de seis décadas. um sistema de centrais hidroelétricas em cascata que percorrem altitudes entre os 400 e os 1600 m, reguladas no verão com as águas da barragem da lagoa Comprida, entre outras. 
O local onde esta central está implantada, a mata do Desterro é muito agradável. Antes da visita fizemos os passadiços junto ao rio, um local muito fresco,  e de uma beleza singular.






Esta central manteve-se em atividade até 1994 e em 2011, o município de Seia, através de uma parceria com a EDP, abriu ao público este museu para preservar a memória dos primórdios da exploração da energia elétrica em Portugal.
As enormes condutas que, descendo a serra, transportavam a água para a central onde os potentes geradores produziam a eletricidade

Nesta sala podemos observar os equipamentos utilizados

Este é o túnel que nos conduz ao enorme reservatório de água.



A tarde estava a chegar ao fim e eram horas de regressar a Seia. No dia seguinte visitámos o Museu do Pão, inaugurado em Setembro de 2002, é o maior complexo museológico dedicado ao tema "Pão". Fica situado num local privilegiado e tem uma função didática e de preservação da memória das técnicas ancestrais de fabrico do pão.




Um pequeno carrocel faz as delícias dos mais novos


Podemos observar uma variada mostra de objetos antigos relacionados com o pão.


A cultura dos cereais, tal como se fazia antigamente, também está representada.








Através de vários quadros e com figuras do imaginário infantil, de uma forma didática, é contada a "História do Pão" desde a sementeira do cereal ao fabrico do pão

Reconstituição de uma mercearia do séc. passado onde podemos adquirir pão e outros produtos da região.




Existe também um bar/biblioteca onde se pode descansar saboreando uma bebida e lendo um livro, com uma vista maravilhosa sobre a encosta da serra.


Foi agradável esta visita ao Museu do Pão findo o que descemos até ao local onde tínhamos as autocaravanas, sendo este o último evento do nosso encontro.

No dia seguinte iniciámos o regresso a casa. Atravessámos a serra e fizemos uma passagem por Valhelhas onde há um parque de campismo e uma praia fluvial que queríamos conhecer.



Contornámos a serra, apreciando a maravilhosa paisagem que ela nos oferece em todas as épocas do ano.




Lá em baixo Manteigas. Pena que a foto não esteja muito boa pois foi feita de dentro do carro em circulação

Almoçámos no restaurante do parque  de campismo de Valhelhas mas optámos por ir até à praia fluvial "O Moinho" em Benquerença pois a de Valhelhas (na foto a baixo) não nos seduziu muito.




Benquerença



Passámos dois dias em Benquerença, aproveitando fazer  umas caminhadas visto que o terreno não é muito acidentado e a paisagem é bonita e, sobretudo, deu para descansar tranquilamente pois não havia muita gente.
A nossa viagem estava a chegar ao fim. Iniciámos o regresso a casa mas, no caminho, resolvemos desviar para Mação para almoçar e conhecer a ASA e, porque nos agradou, decidimos ficar ali uma noite e conhecer melhor a vila.

Linda a paisagem que encontrámos nesta zona da Beira Baixa, quando saímos de Benquerença. Os campos pareciam um grande jardim ondem predominavam os tons verdes e amarelos.








A ASA situa-se neste largo, o Campo de Feiras, um local sossegado e próximo do centro. 

Dispõe de todas as valências necessárias ao autocaravanista, incluindo eletricidade



A igreja matriz ou de Nª Srª da Conceição, em Mação, foi mandada construir por Filipe II em 1547. É constituída por três naves separadas por colunas e a planta é em cruz latina. Destacam-se os azulejos do arco triunfal.

Um lindo Tapete de Arraiolos encontra-se na capela mor junto ao altar








E pronto... estava cumprida mais uma voltinha à descoberta deste nosso lindo País que nos surpreende com tantas maravilhas pelas quais muitas vezes passamos sem sequer reparar nelas.
Que venha a próxima!!!