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quarta-feira, 27 de dezembro de 2023

 SETEMBRO, MÊS DE VINDIMAS E TRADIÇÕES

Após um Verão bastante quente e com a perspectiva de temperaturas mais amenas, programámos uma viagem até ao Minho para conhecermos algumas das tradições, usos e costumes destas terras nortenhas, aprendermos um pouco da sua história e desfrutarmos das maravilhosas paisagens que esta região tem para nos oferecer.
Tendo conhecimento de um evento tradicional que se realizaria em Sabariz, uma freguesia do concelho de Vila Verde - "O CALDO DO POTE" - em meados de Setembro, estava dado o mote para uma escapadinha até ao Norte.
Saímos a 13 de Setembro com destino a Águeda, cidade que recebe bem os autocaravanistas e que faz do turismo uma mais valia que a coloca entre as cidades mais visitadas de Portugal. Para isso tem contribuído o "Umbrella Sky Project" com as ruas da zona ribeirinha enfeitadas com centenas de guarda-chuvas coloridos formando um tecto através do qual os raios de sol transmitem uma luminosidade e uma beleza deslumbrantes. A "Street Art" também é relevante nesta cidade encontrando-se pinturas e elementos decorativos por toda a parte.
Chegámos a Águeda à hora de almoço e, depois de instalados na belíssima  ASA  que se encontra muito bem localizada, perto do centro da zona ribeirinha, fomos à procura de almoço, que não foi difícil de encontrar pois há vários restaurantes próximo.

 AS Águeda: N 40º 34' 17´´  W  08º 26´34´´

Após o almoço, para ajudar a digestão, caminhada junto ao rio e visita às ruas da zona comercial para apreciar a sua decoração.














Sendo Águeda uma referência na indústria de bicicletas, não é de estranhar que estes veículos de duas rodas sejam introduzidos nos elementos decorativos. Assim, nesta avenida, vêmo-las com muita elegância nos gradeamentos . 







Igreja matriz de Águeda, dedicada a santa Eulália. Esta igreja foi construída em duas grandes fases: a primeira dos inícios do séc. XVII que realizou a nave e as suas capelas e a segunda, no séc. XVIII em que foi feita a capela-mor e a sua frontaria, dando origem a que se distingam dois tipos de cantaria na sua construção : o calcário seicentista e o granito de setecentos. Encontra-se muito bem conservada e a sua localização num ponto elevado permite belas vistas sobre a parte baixa da cidade.

O altar-mor da igreja matriz







Estas são as Escadas do Adro porque conduzem ao adro da igreja matriz desde a parte baixa da cidade. São muito antigas e ao longo das escadas encontramos vários painéis de azulejos representando as estações da Via Sacra.








Este projecto, iniciado em 2012, trouxe alegria e beleza às ruas de Águeda e impulsionou o turismo nesta cidade que todos os anos recebe milhares de visitantes. Passámos aqui dois dias muito agradáveis, após o que seguimos para Sabariz a fim de participar no CALDO DO POTE.
Sabariz é uma freguesia pertencente ao município de vila verde e uma população de cerca de 450 habitantes que, como a maior parte das aldeias do nosso País , tem visto o número de habitantes diminuir devido à saída dos mais jovens para as cidades. Aqui, os que restam dedicam-se à agricultura e criação de gado principalmente para consumo próprio.
Existe nesta freguesia uma associação cultural que procura manter vivas as tradições e vai realizando estes eventos como forma de honrar a memória dos antepassados e angariar fundos para realizar melhoramentos na aldeia, tornando-a mais acolhedora para todos.
A Junta de Freguesia disponibilizou um espaço para estacionamento das autocaravanas uma vez que, nestas aldeias nem sempre se encontra sítio para estacionar um tão elevado número de veículos.

Os preparativos começaram alguns dias antes do evento, decerto. No sábado foi o grande dia e logo de manhã começaram as actividades finais: acender as fogueiras, preparar os alimentos, cozer as carnes, etc, etc, etc... As 17 h foram abertas as portas do recinto, já a azáfama era grande e a música pairava no ar. Com a apresentação do bilhete de entrada (5€) tínhamos direito a um Kit que constava de uma malga em barro vidrado, uma colher e um naco de broa, podendo comer de todas as sopas que quiséssemos das vinte e tal que havia à disposição. Além disso ainda havia outros petiscos  ( panados, bifanas, doces, etc ) que seriam pagos à parte mediante umas senhas adquiridas no interior do recinto, no valor de 1€ cada e com as quais adquiríamos o que nos interessasse comer ou beber além das sopas.   Foi uma experiência diferente na qual gostámos de participar e ficar a conhecer, reconhecendo o bairrismo daquela gente que tem amor à terra, às origens e quer preservar a memória dos seus antepassados.



Os homens encarregam-se de manter as fogueiras e as mulheres preparam os alimentos que vão para a panela, algumas bem grandes, guardadas há muito nas casas dos proprietários que já não as usam com tanta frequência mas em perfeito estado de conservação.

Entre o fumo das fogueiras e o vapor que vem das enormes panelas, por vezes é difícil respirar mas ninguém se queixa e a boa disposição é constante.



O evento acabou cerca da meia noite e no dia seguinte continuámos a nossa viagem por terras minhotas seguindo até Ponte da Barca.









SETEMBRO, MÊS DE VINDIMAS E TRADIÇÕES 

Ponte da Barca 

Terminada a festa do Caldo do Pote em Sabariz, era tempo de continuar a nossa viagem um pouco mais para norte. 
O domingo amanheceu chuvoso, uma chuva miudinha mas certa que era "ouro" para as terras e para os cursos de àgua. Durante a manhã, muitos dos nossos companheiros partiram para as suas terras pois grande parte deles ainda são jovens e têm obrigações laborais. Nós pertencemos ao grupo dos que já podem dispor do tempo mais à vontade e, como o clima não convidava a andar muito na rua, resolvemos almoçar ali, na AC, e seguir logo após o almoço. Assim foi. De tarde as condições atmosféricas melhoraram e nós dirigimo-nos a Ponte da Barca por onde já passáramos várias vezes mas que nunca tínhamos visitado.
Após uma curta viagem de cerca de 20 Km, chegámos a Ponte da Barca e instalámo-nos na AS situada no largo da feira.
AS:  N  41º 48'  27,72''   W 08º 25' 26,72''
O local é muito agradável  com muitas sombras e perto da zona ajardinada junto ao rio, a pouca distância do centro histórico e ao lado do supermercado Continente.
Depois de estacionados demos um passeio de reconhecimento da zona envolvente que nos deixou maravilhados e com imensa vontade de visitar a vila, o que fizemos no dia seguinte.


Pequena ponte sobre o rio Vade, afluente do Lima e que tem a sua foz a cerca de uma centena de metros deste local e do nosso estacionamento.



Local de meditação e relaxamento junto à foz do Vade: a paisagem, o suave murmúrio das águas e a calma do lugar permitem momentos de paz e descontração que fazem bem ao corpo e à mente.



A ponte que deu o nome à vila e que foi classificada como monumento nacional desde 1910. Foi construída na 1ª metade do séc. XV e está assente em dez arcos de volta perfeita. Antes da construção da ponte havia uma barca que fazia o transporte das pessoas entre as duas margens do rio Lima e por peregrinos que faziam o Caminho de Santiago.


Atravessámos a ponte o que nos permitiu uma maravilhosa vista sobre o casario da vila e as margens do rio.

De entre o casario sobressai a torre da igreja matriz e na parte inferior o Mercado Pombalino e o Pelourinho mandado construir por D Manuel.

A meio da ponte encontram-se dois varandins, miradouro e local de descanso com espaldares contendo os brasões de Ponte da Barca e de Arcos de Valdevez, um de cada lado




À entrada da ponte, em Ponte da Barca, mantém-se uma construção característica dos tempos do Estado Novo: um posto da BT (antiga Brigada de Trânsito) que hoje se encontram desativados mas representam um "marco" na nossa história e são uma referência a  uma época não muito distante. Estes postos encontravam-se em cruzamentos dos eixos rodoviários ou em locais estratégicos onde era necessário regular o trânsito e todos eram construídos segundo o mesmo modelo.


Imagens do mercado pombalino que foi durante algum tempo o mercado da vila e o pelourinho . Perto fica o jardim dos poetas numa homenagem aos poetas desta bela região
Num dos locais mais elevados da vila encontra-se a Igreja matriz

A Igreja Matriz é um edifício do séc. XVI de estilo maneirista  com uma bela fachada e uma torre sineira que se avista de qualquer parte da vila. Não foi possível visitar o seu interior  porque, como a maior parte das igrejas do nosso País, só abre nas horas de culto.

A Igreja da Misericórdia é um dos monumentos mais antigos da vila, datado do séc. XV. A sua arquitetura é simples mas elegante. Foi fundada pela rainha D. Leonor e servia como hospital e albergue para os peregrinos que iam para Santiago de Compostela.

O casario da zona antiga encontra-se muito bem recuperado

Quer sejam antigos solares ou casa mais modestas, por todo o lado se encontram belos recantos


Edifício da Câmara Municipal, uma construção recente. Anteriormente funcionava num edifício solarengo na rua principal que, pela sua antiguidade e situação deixou de ter condições para as atuais exigências, tendo sido aproveitado para outros fins.

Das antigas quintas e casas senhoriais junto ao rio foram aproveitados elementos que hoje são utilizados na decoração de jardins



O antigo e o moderno em perfeita conjugação


No centro histórico existem várias esplanadas que a proximidade do rio torna muito convidativas.


O rio Lima, bordejando a vila, confere-lhe uma enorme frescura e beleza.








Foi com muita satisfação que visitámos Ponte da Barca , um dos municípios que integram o Vale do Lima e que se revelou uma pérola de rara beleza situada nesta região verdejante junto ao Lima e integrada na região demarcada dos Vinhos Verdes. Parte deste concelho está inserido no Parque Natural da Peneda-Gerês que atravessámos quando nos dirigimos a Lindoso, a nossa paragem seguinte.