SETEMBRO, MÊS DE VINDIMAS E TRADIÇÕES
Após um Verão bastante quente e com a perspectiva de temperaturas mais amenas, programámos uma viagem até ao Minho para conhecermos algumas das tradições, usos e costumes destas terras nortenhas, aprendermos um pouco da sua história e desfrutarmos das maravilhosas paisagens que esta região tem para nos oferecer.
Tendo conhecimento de um evento tradicional que se realizaria em Sabariz, uma freguesia do concelho de Vila Verde - "O CALDO DO POTE" - em meados de Setembro, estava dado o mote para uma escapadinha até ao Norte.
Saímos a 13 de Setembro com destino a Águeda, cidade que recebe bem os autocaravanistas e que faz do turismo uma mais valia que a coloca entre as cidades mais visitadas de Portugal. Para isso tem contribuído o "Umbrella Sky Project" com as ruas da zona ribeirinha enfeitadas com centenas de guarda-chuvas coloridos formando um tecto através do qual os raios de sol transmitem uma luminosidade e uma beleza deslumbrantes. A "Street Art" também é relevante nesta cidade encontrando-se pinturas e elementos decorativos por toda a parte.
Chegámos a Águeda à hora de almoço e, depois de instalados na belíssima ASA que se encontra muito bem localizada, perto do centro da zona ribeirinha, fomos à procura de almoço, que não foi difícil de encontrar pois há vários restaurantes próximo.
AS Águeda: N 40º 34' 17´´ W 08º 26´34´´
Após o almoço, para ajudar a digestão, caminhada junto ao rio e visita às ruas da zona comercial para apreciar a sua decoração.
Sendo Águeda uma referência na indústria de bicicletas, não é de estranhar que estes veículos de duas rodas sejam introduzidos nos elementos decorativos. Assim, nesta avenida, vêmo-las com muita elegância nos gradeamentos .
Igreja matriz de Águeda, dedicada a santa Eulália. Esta igreja foi construída em duas grandes fases: a primeira dos inícios do séc. XVII que realizou a nave e as suas capelas e a segunda, no séc. XVIII em que foi feita a capela-mor e a sua frontaria, dando origem a que se distingam dois tipos de cantaria na sua construção : o calcário seicentista e o granito de setecentos. Encontra-se muito bem conservada e a sua localização num ponto elevado permite belas vistas sobre a parte baixa da cidade.
Estas são as Escadas do Adro porque conduzem ao adro da igreja matriz desde a parte baixa da cidade. São muito antigas e ao longo das escadas encontramos vários painéis de azulejos representando as estações da Via Sacra.
Este projecto, iniciado em 2012, trouxe alegria e beleza às ruas de Águeda e impulsionou o turismo nesta cidade que todos os anos recebe milhares de visitantes. Passámos aqui dois dias muito agradáveis, após o que seguimos para Sabariz a fim de participar no CALDO DO POTE.
Sabariz é uma freguesia pertencente ao município de vila verde e uma população de cerca de 450 habitantes que, como a maior parte das aldeias do nosso País , tem visto o número de habitantes diminuir devido à saída dos mais jovens para as cidades. Aqui, os que restam dedicam-se à agricultura e criação de gado principalmente para consumo próprio.
Existe nesta freguesia uma associação cultural que procura manter vivas as tradições e vai realizando estes eventos como forma de honrar a memória dos antepassados e angariar fundos para realizar melhoramentos na aldeia, tornando-a mais acolhedora para todos.
A Junta de Freguesia disponibilizou um espaço para estacionamento das autocaravanas uma vez que, nestas aldeias nem sempre se encontra sítio para estacionar um tão elevado número de veículos.
Os preparativos começaram alguns dias antes do evento, decerto. No sábado foi o grande dia e logo de manhã começaram as actividades finais: acender as fogueiras, preparar os alimentos, cozer as carnes, etc, etc, etc... As 17 h foram abertas as portas do recinto, já a azáfama era grande e a música pairava no ar. Com a apresentação do bilhete de entrada (5€) tínhamos direito a um Kit que constava de uma malga em barro vidrado, uma colher e um naco de broa, podendo comer de todas as sopas que quiséssemos das vinte e tal que havia à disposição. Além disso ainda havia outros petiscos ( panados, bifanas, doces, etc ) que seriam pagos à parte mediante umas senhas adquiridas no interior do recinto, no valor de 1€ cada e com as quais adquiríamos o que nos interessasse comer ou beber além das sopas. Foi uma experiência diferente na qual gostámos de participar e ficar a conhecer, reconhecendo o bairrismo daquela gente que tem amor à terra, às origens e quer preservar a memória dos seus antepassados.
Os homens encarregam-se de manter as fogueiras e as mulheres preparam os alimentos que vão para a panela, algumas bem grandes, guardadas há muito nas casas dos proprietários que já não as usam com tanta frequência mas em perfeito estado de conservação.
Entre o fumo das fogueiras e o vapor que vem das enormes panelas, por vezes é difícil respirar mas ninguém se queixa e a boa disposição é constante.
O evento acabou cerca da meia noite e no dia seguinte continuámos a nossa viagem por terras minhotas seguindo até Ponte da Barca.