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domingo, 4 de setembro de 2011

Escapadinha de 3 dias

Aproveitando uma deslocação ao Norte para um almoço com amigos, resolvemos fazer uma "escapadinha de 3 dias" e ficar a conhecer, um pouco melhor, algumas das maravilhas que temos no nosso País e às quais, muitas vezes, não damos o devido valor. Assim, olhando para o mapa, condicionados pelo tempo e pelo percurso que iriamos efetuar, decidimos visitar Arouca (que só conhecíamos de passagem... ) e a lindíssima Serra da Freita, seguindo, depois, para Guimarães e daí para Belinho onde os nossos amigos nos esperavam para um alegre convívio

Saímos de casa no domingo, de manhã, tomando a opção de viajar pela estrada nacional, pouco movimentada ao domingo, e assim podermos apreciar melhor a paisagem. Depois de um pequeno troço da A23, apanhámos o IC3, ladeando Tomar, Ferreira de Zêzere, Penela ( lindíssima.... com o branco casario, descendo em cascata pela encosta, tendo o castelo, lá no alto, a dominar o burgo numa imagem de imponência mas, ao mesmo tempo, de graciosa harmonia... - a merecer uma visita numa próxima deslocação...).

Chegados a Arouca, após o almoço, fizemos uma visita ao seu afamado Mosteiro, construção românica do sec. X ligada à Ordem de S. Bento tendo sofrido, ao longo dos séculos grande número de modificações e melhoramentos, sendo com a Ordem de Cister que terminou a sua atividade como mosteiro. A Igreja, com lindos altares em talha dourada num barroco flamejante, possui, no Coro das Freiras,  um riquíssimo cadeiral em madeira vinda do Brasil, uma belíssima decoração em talha dourada e um imponente orgão dos mais bonitos que já admirámos. Nas paredes, inúmeras pinturas de autores desconhecidos, representando cenas biblícas. Facto curioso: um dos quadros, representando a Última Ceia, em mesa redonda, o que não é muito vulgar.
No sec. XVIII o mosteiro sofreu um enorme incêndio que destruiu grande parte das suas instalações, tendo beneficiado nos últimos anos de importantes obras de restauro. Hoje, é nas suas instalações que funciona o museu de arte sacra com peças muito valiosas para o conhecimento deste tipo de arte.
O Mosteiro de Arouca encontra-se ligado ao nome de Santa Mafalda, filha de D. Sancho I, que ali se encontra sepultada e ali viveu parte da sua vida.
Os espaços mais notáveis de todo o conjunto são a Igreja, o Coro das Freiras, o Claustro, o Refeitório e a Cozinha.
Exterior do Mosteiro

Interior da Igreja

Vista do Claustro

Sala do Capítulo

Cozinha do mosteiro com a sua enorme lareira e uma mesa cujo tampo é formado por uma só pedra

Pia da cozinha, também talhada numa só pedra



Orgão de tubos
Alguns aspetos do Coro das Freiras com o seu lindo cadeiral.





Existem vários destes altares, ricamente decorados em mármores e talha dourada, oferta das famílias nobres de algumas noviças, que procuravam competir em beleza e riqueza.




Peças do museu de arte sacra

O museu de arte sacra, criado pela Real Irmandade da Rainha Santa Mafalda, ocupa grande parte do edifício do Mosteiro de Arouca. É considerado um dos melhores museus prticulares, no seu género, em toda a Península Ibérica. Do seu espólio faz parte inúmeros objetos de culto, peças de mobiliário ( a maior parte das quais pertencente ao enxoval das noviças, normalmente, de famílias nobres...), paramentos, manuscritos litúrgicos e peças raríssimas de escultura, pintura, tapeçaria e ourivesaria.

Curiosa, a lista do enxoval das noviças e a ração a que cada uma tinha direito:






                                                                        O vale de Arouca visto da Serra da Freita

Ao fim da tarde, dirigimo-nos à Serra da Freita onde iríamos pernoitar no parque de campismo do Merujal. A Serra da Freita faz parte do Maciço da Gralheira e alguns dos seus cumes ultrapassam os 1000 m de altitude. Pertence ao Arouca Geopark, um belíssimo parque geológico, assente sobre xisto e granito com uma história de 550 milhões de anos e que acolhe 41 pontos de interesse geológico, a céu aberto. É na serra da Freita que se situam alguns desses pontos de interesse, tais como a Frecha da Mizarela e as Pedras Parideiras. Alberga espécies raras de fauna e flora, algumas em vias de extinção. A vegetação é, essencialmente constituído por fetos, carqueja, urze, azevinho, medronheiro e arvoredo formado pelo pinheiro bravo e carvalho. Aqui vivem o lobo ibérico, o javali, a águia de asa redonda, o gato bravo, entre outras espécies.
Telhados de xisto nas casas serranas

Paisagens naturais nos percursos através da serra

Maciços graníticos em harmonia com a flora existente

Parque de campismo em plena serra - local ideal para descanso e para fazer percursos de natureza.


Santuário da Senhora da Laje.
Paisagem natural de grande beleza
Frecha da Mizarela - queda de água do rio Caima com um desnível superior a 70 m, que a torna a mais alta queda de água de Portugal continental. Formou-se devido à erosão diferencial provocada pelo rio Caima sobre duas rochas que ali contactam: o granito e o xisto.



Depois de uma noite repousante no Refúgio da Freita - parque de campismo do Merujal - aproveitámos a manhã seguinte para descobrir alguns percursos através da serra e apreciar as suas belezas, tendo seguido depois para Castelo de Paiva e daí para Entre os Rios, onde almoçámos no restaurante Ponte da Pedra, um belíssimo Naco de vitela arouquesa, que estava uma delícia, enquanto desfrutávamos da vista maravilhosa sobre o rio Tâmega.


Esta é a ponte que caíu em 2001, levando para a morte mais de meia centena de pessoas. Actualmente já foi reconstruída e, a seu lado, foi construída uma outra.

                 Monumento construído em memória dos que perderam a vida na queda da ponte.

Daqui seguimos para Penafiel e daí para Guimarães onde vamos fazer uma visita à cidade e pernoitar.
Esta foto é já de Guimarães, tirada na subida para a Penha onde se situa um lindíssimo parque natural e o santuário da Senhora da Penha.

Escapadinha de 3 dias - 2ª parte


Guimarães, cidade medieval, nasceu a partir de um mosteiro, mandado construir pela condessa Mumadona, que se tornou polo de atração e deu origem à fixação de um núcleo populacional. Mais tarde, mandou construir um castelo para defesa do mosteiro e assim surgiu novo núcleo populacional.
No sec. XII, com a formação do Condado Portucalense, o conde D. Henrique e D. Teresa, vêm viver para Guimarães e mandam realizar grandes obras no castelo. Diz a tradição que aí nasceu D. Afonso Henriques.

Castelo de Guimarães - ligado a façanhas heróicas do período da fundação da nacionalidade como a batalha de S. Mamede, serviu ainda, ao longo da sua história, de palco a vários conflitos reais.

Estátua de D. Afonso Henriques

Junto ao castelo existe uma majestosa casa senhorial do sec. XV que é o Paço dos Duques de Bragança e que hoje funciona como museu. Palácio de vastas dimensões, com características arquitetónicas de casa fortificada, coberturas bastante inclinadas e inúmeras chaminés cilindricas que denotam a influência da arquitetura senhorial da Europa Setentrional, é um exemplar único na Península Ibérica.


Paço dos Duques de Bragança

Convento de St. António dos Capuchos
O Convento de St António dos Capuchos , situado em plena Colina Sagrada, foi adquirido pela Misericordia em 1842 para aí instalar o seu hospital. Atualmente funciona como museu onde se expõe algum património móvel da instituição e os visitantes podem também admirar os pátios e claustros do imponente edifício, bem como visitar a igreja do convento e a sua magnífica sacristia do sec. XVIII.
Santuário da Senhora da Penha
Na impossibilidade de fazer uma visita mais demorada ao centro histórico de Guimarães, tão rico em monumentos que evocam épocas notáveis da nossa história, optámos por nos dirigir à Penha, onde iríamos pernoitar no parque de campismo, e deixar o centro histórico de Guimarães para uma outra visita, com tempo mais alongado.
A montanha da Penha proporciona ao visitanta uma ampla oferta de espaços e serviços: parque de campismo,estabelecimentos hoteleiros, campo de mini-golfe, centro equestre, circuitos de manutenção, áreas de passeio e pic-nic, restaurantes, bares e cafetarias. Podemos ainda aventurar-nos na descoberta de inúmeras grutas e desfrutar as magníficas paisagens que os miradouros naturais nos proporcionam.
A Penha encontra-se ligada à cidade por estrada ou por um teleférico com a extensão de 1,7 Km, que vence uma altitude de 400 m.

Monumento erigido a Pio IX, num dos miradouros da Penha.

Enormes pedregulhos, apoiads estratégicamente, formam grutas, impressionantes pelo equilibrio das pedras que as formam.




Os grandes maciços rochosos em perfeita harmonia com os relvados e jardins criados pelo homem.

                            Vista panorâmica da cidade de Guimarães, a partir de um dos miradouros da Penha.


Na 3ª feira de manhã, deixámos a Penha e dirigimo-nos a Belinho onde iríamos encontrar-nos com os amigos com quem fomos almoçar.
Foi uma viagem agradável, que nos deu a conhecer alguns recantos do nosso lindo país e nos permitiu juntar o útil ao agradável. Pena foi o tempo ser tão reduzido mas não tinhamos possibilidades de prolongar devido a outros compromissos assumidos. Fica para uma próxima....