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segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

A VIAGEM

No dia 16 de Dezembro de 2010 acordámos bem cedinho pra dar início a esta viagem até ao continente africano, mais concretamente a Angola, onde iremos passar o Natal com o nosso filho e conhecer um pouco deste grande país, tão rico de riquezas naturais mas onde os contrastes são tão evidentes e quase chocantes, por vezes.
Feita a viagem até ao aeroporto e, depois dos procedimentos normais, eram 12 h quando tomámos o nosso lugar no avião onde iríamos passar as 8 h seguintes, voando através dos céus africanos, rumo ao hemisfério sul. Tudo decorreu com normalidade e, apesar de sairmos com quase 1 h de atraso, fizemos uma viagem tranquila, aterrando em solo angolano cerca das 9 h locais.
Se, em Lisboa, tudo se processou com certa rapidez, dentro do aeroporto, em Angola já não foi bem assim: depois de quase 1 h na bicha para o controle de passaportes, mais 1 h depois para recuperar as malas....bem....mas lá chegaram, finalmente....e nem sequer nos importunaram pelos "petiscos" que levávamos na bagagem.
A temperatura ambiente é que não era a mesma que deixámos em Lisboa - na verdade, estamos noutro hemisfério - mas como já sabíamos o que nos esperava, tudo se resolveu despindo uns casacos....

À nossa espera lá estavam os nossos filhos que nos receberam com muita alegria.
Seguimos para casa deles, através do intenso trânsito de Luanda e, depois de uma refeição e de pôr a conversa em dia, fomos descansar porque o dia tinha sido longo e, na verdade, estávamos a precisar de umas horinhas de descanso e, para eles, o dia seguinte era dia de trabalho que, aqui, começa pelas 7 e meia da manhã.

SANGANO

Estava planeado, no domingo de manhã ir comprar peixe a uma praia de pescadores que fica a cerca de 8o Km de Luanda, na estrada para Benguela. Como os barcos começam a chegar cerca das 7 h, combinámos levantar-nos pelas 5 da manhã para lá podermos estar bem cedinho e comprar o peixe fresquinho porém, a essa hora chovia intensamente e então adiámos a partida para um pouco mais tarde.
Seguimos pela estrada de Benguela, sempre junto ao mar, até que chegámos a Sangano, uma praia de pequenos pescadores que, de uma forma ainda bastante artesanal, se dedicam à pesca e à apanha de marisco.

Só é pena que estas lindas praias se encontrem tão sujas





Estes são os barcos usados pelos pescadores - barquitos frágeis, movidos a pequenos motores....
 



Este foi um dos peixes que comprámos - uma garoupa com 7,5 kg.

Mas Sangano não é apenas praia de pescadores: a linda baía de fino areal e águas tépidas e calmas é utilizada por muita gente que, aos fins de semana, aí procura disfrutar das maravilhas que a natureza nos oferece.


Sangano possui um  complexo turístico com bungalows, restaurante, esplanada.....onde se podem passar alguns dias de descanso, num ambiente descontraído e calmo.


De regresso, passámos pela Praia do sobe e desce onde comprámos mais peixe ( um cacusso com 5 kg ), lagostas e quitetas ( um bivalve semelhante à ameijoa ). Aqui vemos a chegada de um dos barcos, este já com motor.


Preparando o peixe para vender

Estrada de acesso à praia

Miradouro da Lua - local onde a paisagem envolvente se assemelha à superfície lunar.



Mussulo



  Depois de dois dias com chuva, no domingo, 26 de Dezembro, o tempo manteve-se seco e fomos fazer um diazinho de praia no Mussulo. Fomos até ao embarcadouro para apanhar o barco que nos levaria ao Mussulo, travessia que foi feita em pouco mais de 10 minutos. Escolhemos uma lingua de areia, na ponta da península, uma zona sossegada um pouco afastada dos equipamentos de apoio ao lazer e onde havia pouca gente.

Aqui é o Clube náutico, onde fica o embarcadouro para o Mussulo

Enquanto uns vão de barco, outros vão na mota de água.






E que tal este novo modelo?


Areal imenso e o mar a perder de vista....


Fixe!!! Foi um dia bem passado!!!......



CAXITO

Um dos nossos passeios pelos arredores de Luanda levou-nos à cidade do Caxito, capital da província do Bengo e sede do município do Dande. É uma pequena cidade, para interior mas ainda muito próximo de Luanda ( cerca de 60 Km ) onde a vida decorre a um ritmo muito mais calmo, sem a confusão e o trânsito caótico da capital. Saímos de Luanda pela auto-estrada que circunda a cidade e onde se situa o recente estádio de Luanda, construído para a realização do CAN.






  Nos terrenos anexos à auto-estrada estão a ser construídos grandes blocos de apartamentos com a finalidade de realojar grande parte da população que invadiu Luanda quando da guerra civil e que presentemente habita os inúmeros musseques que cresceram na cidade de uma forma anárquica, sem infra-estruturas básicas e onde as pessoas vivem em condições degradantes.


Convém referir que esta auto-estrada tem regras diferentes daquelas que encontramos nas europeias: embora possua faixas separadas bastante largas, o trânsito processa-se de um modo bastante desordenado, não sendo raro encontrar-se veículos parados, pessoas que circulam a pé, ciclistas e motociclistas, ultrapassagens pela direita, enfim....um sem número de procedimentos a que não estamos habituados nas nossas auto-estradas. No entanto, a construção desta moderna via de comunicação, veio facilitar muito a circulação do trânsito ao redor de Luanda e também no acesso às cidades vizinhas.


Uma igreja, ainda do tempo colonial, já bem perto do Caxito.


As árvores mais abundantes nesta região são os imbomdeiros, com o seu imponente tronco....

À beira da estrada é frequente ver-se pequenas bancas improvisadas onde se vende fruta , produtos agrícolas, etc


Uma antiga fábrica de elásticos e passamanarias que foi abandonada e hoje se encontra neste estado
Uma avenida do Caxito


Monumento que se encontra perto da residência do governador a qual não pudemos fotografar porque a polícia e os militares não gostam de ser fotografados e a residência em causa tinha guarda à porta.


Ao anoitecer, o céu fica com este encanto, nestas terras quentes.....Esta é uma das horas mais bonitas do dia....mas também das mais perigosas pois é quando os mosquitos atacam com maior intensidade.
O encanto da savana, nesta terra de largos horizontes.....

Igreja do Caxito

Jardim no Caxito

Os cabritos pastam calmamente junto às casas.

Um velho imbondeiro na berma da estrada.

O rio Bengo


Barra do Cuanza

O Cuanza ou Kwanza é o maior rio totalmente angolano: nasce nna região do Planalto Central, em Mumbué e percorre 960 km até chegar à foz, na Barra do Cuanza, situada cerca de 70 km a sul de Luanda, onde se encontra com o Oceano Atlântico.
Seguindo de Luanda pela estrada de Benguela, um percurso muito bonito ao longo da costa, chegamos à Barra do Cuanza, local muito aprazivel, frequentado aos fins de semana por famílias que procuram a tranquilidade e a beleza que estas paragens proporcionam. É também uma excelente zona de pesca.
Na margem direita, junto à foz, existe  um complexo turístico bastante aprazível: tem restaurante, cais para embarcações de recreio, zonas de lazer e alojamento em pequenas habitações de madeira. Pena é que, para lá chegar se tenha de percorrer uma estrada, possivelmente ainda do tempo colonial, completamente esburacada....







Atravessando o rio, na margem esquerda, encontramos as praias ainda em estado natural mas que são muito procuradas para a pesca desportiva. Passámos lá um dia muito agradável, em contacto com a natureza.

No decorrer da nossa pescaria, depois de termos pescado 2 corvinas e 1 bagre com cerca de 0,5 kg cada, uma das canas vergou completamente, sinal de que teria peixe graúdo. Fomos a correr e, depois de alguma luta, lá se tirou o peixe para fora. Estranhámos os seus dentes que mais pareciam um bico de papagaio....
Felizmente estávamos com quem conhecia este peixe e nos disse ser um  peixe que só os japoneses sabem preparar porque é bastante tóxico, mesmo mortal se não lhe soubermos extrair o veneno que se encontra nas suas visceras e que funciona como mecanismo de defesa face aos predadores. Trata-se do BAIACU ou FUGU, também conhecido por PEIXE BALÃO. No Japão só os restaurantes credenciados podem servir este peixe e os cozinheiros têm que fazer uma formação durante 2 anos para o poderem preparar. É o peixe mais caro e mais tóxico.....Claro que nem pensámos em consumi-lo....mas aproveitámos-lhe os dentes para recordação.


Vêem-se inúmeras plantas espalhadas na praia e na água - são jacintos aquáticos, trazidos do rio pela maré.

Reflexos de prata na calma de uma praia deserta....

Cruzando o rio, no regresso a casa....(para atravessar esta ponte sobre o rio Cuanza, temos de pagar portagem, nos dois sentidos.....)

Outro aspecto da ponte.