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sábado, 17 de agosto de 2024

POR TERRAS DO MONTADO





Em Abril, aproveitando uns agradáveis dias de primavera, escolhemos o Alentejo para uma  viagem que não sendo muito grande nos proporcionou momentos de muita satisfação e nos permitiu conhecer um pouco melhor esta região do nosso país que , cada vez mais, não pára de nos surpreender.
Saímos em direção a Coruche onde fizemos a nossa primeira paragem. Ficámos na zona da área de serviço visto que esta se encontrava encerrada para obras. O local é sossegado e a noite foi tranquila, depois de um passeio a pé pela zona junto ao rio. 
Na manhã seguinte, após umas compras no comércio local, seguimos para Alcácer do Sal na intenção de lá pernoitar. Porém, o local que pretendíamos estava vedado a ACs e assim, resolvemos seguir para a Comporta que seria o nosso destino seguinte.
No entanto, aqui ficam algumas fotos de Alcácer, feitas da margem esquerda do Sado e que nos mostra a vila com esta maravilhosa luminosidade.






De caminho para a Comporta passámos pela aldeia piscatória de Carrasqueira, onde almoçámos muito bem no restaurante O Pescador e, após o almoço, aproveitámos para visitar o Cais Palafítico situado na Reserva Natural do Estuário do Sado.


Segundo informações que colhemos, este cais foi construído nos anos 50 do século passado, atendendo a uma necessidade dos pescadores desta aldeia que teriam de atravessar uma extensa zona de lodo até chegarem aos seus barcos para desempenhar a atividade piscatória, sua fonte de rendimento. È formado por uma série de passadiços em madeira, assentes em toscas mas resistentes estacas também de madeira para lhes permitir chegar à zona onde tinham os barcos. O número de passadiços foi aumentando conforme a necessidade. Junto ao local (cais) onde tinham o barco, construíram pequenas casotas onde guardavam os materiais usados na arte da pesca, sendo essa arrecadações pintadas e decorados segundo o gosto de cada um e as suas crenças.



Este é um local muito tranquilo apesar dos inúmeros visitantes que diariamente por aqui passam e, apesar da fragilidade que as estacas de apoio nos sugerem logo que ali chegamos, está feito com imensa segurança confirmada pela sua longa idade mas também pelo reforço das passadeiras que a Câmara Municipal mandou realizar há poucos anos, mantendo no entanto as estruturas básicas efetuadas pelos pescadores e conservando assim aquela estrutura sem lhe retirar o valor tradicional. Na maré baixa, a apanha de bivalves é uma das atividades que aqui se praticam em grande escala.






Após percorrermos grande parte dos passadiços que se estendem ao longo de cerca de 500m, seguimos para a Comporta onde ficámos no local destinado ao estacionamento e pernoita de ACs, um grande largo onde habitualmente fazem a feira e que tem os serviços necessários à manutenção das autocaravanas.

A Comporta, também inicialmente uma aldeia piscatória das várias que se encontram no estuário do Sado, está agora mais virada ao turismo tendo assim perdido muito das características populares que a distinguiam.
Embora ainda se encontrem vestígios da aldeia antiga, a maioria das casas foi transformada em restaurantes, bares, alojamentos turísticos e vivendas modernas em condomínios fechados.




Ao longo da península de Tróia proliferam os hotéis e os empreendimentos turísticos, normalmente com jardins e zonas verdes bem cuidadas.

Na aldeia de Comporta ainda há algumas casa tradicionais, muitas usadas como residência de férias ou AL





Passámos dois dias na Comporta e depois seguimos para S. Sebastião da Giesteira a fim de participar num encontro de autocaravanistas promovido pela A.N.A. em função de um evento que ali se realiza e que pretende recriar uma tradição muito antiga das refeições cozinhadas em pote de barro em fogueiras feitas no chão.


No percurso para S. Sebastião passámos por Alcáçovas onde pernoitámos na AS e aproveitámos para revisitar esta bela povoação onde a História e as tradições alentejanas também estão muito evidentes. Aqui foi assinado o Tratado de Alcáçovas que em 1479 pôs fim à guerra da Sucessão de Castela (1474 - 1479) pelos representantes dos Reis Católicos Isabel de Castela e Fernando de Aragão e os do rei  Afonso V de Portugal e seu filho João II.  Este tratado foi assinado no Paço dos Henriques, um interessante palacete onde podemos apreciar, entre outras coisas, a "arte dos entalhados", tal como já referi na nossa viagem pela N2.


Daqui seguimos para Évora, onde iríamos ficar dois dias, atravessando as extensas planícies alentejanas que nesta 2ª metade do mês de Abril se encontravam lindas, fornecendo alimento
para as manadas de gado que encontrámos ao longo do percurso.


ÉVORA



Chegados a Évora fomos estacionar na AS que fica na Av. Sanches Miranda, muito perto do centro histórico. Esta é uma zona de estacionamento e serviços, normalmente muito cheia mas se todos souberem respeitar e seguir as regras vai sempre havendo lugares. 
Fomos almoçar ao Moinho do Cu Torto, um restaurante típico a cerca de 800 m da AS e que funciona nas instalações de um antigo moinho que, hoje, é também um espaço museológico.










Além da comida tipicamente alentejana que podemos saborear, temos também a oportunidade de conhecer (ou recordar) alguns dos objetos usados no século passado e que hoje estão em desuso, sendo completamente desconhecidos pelas novas gerações.

De tarde aproveitámos para revisitar a zona histórica da cidade enquanto fazíamos a caminhada do dia.


Nesta cidade, Património da UNESCO, a Praça do Giraldo é um dos locais mais emblemáticos e talvez a sua "sala de visitas" pois, sendo um dos locais mais centrais da zona histórica, aqui se concentra um grande número de restaurantes, esplanadas, hotéis, lojas de artesanato e outras, etc. Em tempos passados, entre os sécs. XV e XIX, era aqui que se realizava o mercado diário, uma feira anual e as corridas de touros. O chafariz que se vê ao fundo, frente à igreja de Santo Antâo, foi durante muitos anos uma das importantes fontes de abastecimento de água à cidade.


Ruínas do Templo de Diana, construído pelos romanos no início do séc. I d.c. . As ruinas que podemos observar é o que resta do fórum da cidade de Évora e era destinado ao culto imperial. O edifício, construído em mármore e granito, estava rodeado por colunas em estilo coríntio colocadas sobre um pódio. A tradição popular chamou-lhe Templo de Diana atribuindo ao facto de ser dedicado a Diana, deusa da caça para os romanos, porém, estudos efetuados ao longo dos anos, contestam esta teoria atribuindo-lhe a função de fórum da cidade.




O chafariz da Praça do Giraldo



A Sé Catedral de Évora, também chamada de Basílica de Nossa Senhora da Assunção, é um imponente templo de onde sobressaem, na fachada, duas torres medievais e a sua porta ogival. O interior é digno de visita.

Percorrido parte do centro histórico ainda fizemos uma visita à feira do livro onde adquirimos dois livros do Prof, Galopim de Carvalho que muito admiramos pelos seus escritos e pelos inúmeros ensinamentos que nos transmite de uma forma simples, atractiva e muito didáctica. 

Ao fim do dia regressámos ao local de estacionamento, tendo ficado mais uma noite em Évora de onde saímos na manhã seguinte para Alandroal.


ALANDROAL


Alandroal é uma vila raiana do distrito de Évora que, segundo a tradição, deve o seu nome  a uma planta que se encontra muito nesta zona, o "alandro" ou "aloendro". O alandro é um arbusto tóxico mas também ornamental cujos caules são usados em peças de artesanato e também em fisgas.                                                                                                            
 A localidade foi fundada em 1298, no reinado de D. Dinis, pela ordem militar de Avis, possivelmente pela sua localização estratégica na defesa do território. Ali foi construído, nessa altura um castelo que, juntamente com o de Terena e a fortaleza de Juromenha, formavam um triângulo defensivo que teve grande importância durante a Guerra da Restauração.
O castelo está classificado como Monumento Nacional, tendo recebido obras de reconstrução e restauro em meados do séc. XX
Não conhecíamos Alandroal mas gostámos da visita pois achámos uma vila muito interessante e acolhedora.
Após a nossa chegada dirigimo-nos ao posto de turismo par colhermos informações sobre os locais de interesse para visitar. Fomos recebidos por uma jovem funcionária que nos acolheu com uma simpatia extrema e nos deu todas as informações necessárias. 
Como, entretanto, já eram horas de almoço, optámos por um restaurante ali perto que nos surpreendeu pela originalidade do espaço.
As paredes do restaurante, sendo um espaço interior e coberto, simulam estar voltadas para o exterior como se a sala do restaurante fosse um "largo" com as fachadas das casas que o rodeiam.



Não falta a gaiola do passarinho e a roupa a secar à janela


No restaurante "A Maria" sentimo-nos em casa pela simpatia com que fomos recebidos e pela qualidade da comida. Será uma experiência a repetir quando passarmos por aquelas paragens.

De tarde fizemos a visita ao castelo, construção datada de finais do séc. XIII.



Porta de entrada no castelo


A torre de menagem tem uma altura superior a 20 metros e, no seu terraço, foi construída em 1774 a torre do relógio.
Na altura que visitámos o castelo, andavam a fazer preparativos para as festas que decorreriam dentro de alguns dias, daí as várias mesas que se vêm na foto e que, habitualmente não fazem parte do cenário

A igreja matriz, consagrada a Nossa Senhora da Graça, está situada dentro da cerca muralhada do castelo.
Sendo contemporânea ao castelo, de estilo gótico, apresenta traços renascentistas devido às intervenções a que foi submetida.



Edifício da Câmara Municipal

Fonte das Bicas, situada na Praça da República. Foi construída no séc. XVIII para aproveitar a grande quantidade de água subterrânea da vila e arredores que era de muito boa qualidade.

Percorremos as principais ruas da vila admirando a limpeza dos espaços e a brancura das casas com as tradicionais barras amarelas ou azuis.






TERENA

A poucos quilómetros do Alandroal fica Terena, próximo da ribeira e albufeira da barragem de Lucifecit. É uma povoação cheia de encanto com as suas ruelas estreitas e floridas, casario branco adornado de ocre ou azul, com o castelo altaneiro no cimo da colina, dominando a paisagem em redor e a vista sobre a barragem de Lucifecit.




O castelo de Terena fazia parte da linha defensiva do Guadiana, juntamente com o de Alandroal, Juromenha, Monsaraz e Mourão. Situado no alto do monte, dominava a paisagem em redor. Construído no séc. XIII, sofreu obras de recuperação  pelos danos sofridos na Guerra da Restauração e pelo terramoto de 1755.



Um pequeno rebanho de ovelhas fazia a "limpeza" das ervas que cresceram no interior do castelo, vigiadas pelo cão, ajudante do pastor. ´E o que se chama "juntar o útil ao agradável" e necessário, neste caso






Na Rua Direita, entre o castelo e a igreja de S. Pedro fica a torre do relógio onde pudemos visitar o mecanismo do relógio e apreciar a bela vista que daí se pode observar.


A atual Torre do relógio foi construída na segunda metade do séc. XVIII, anexa à Igreja da Misericórdia em Terena, para albergar o relógio mecânico existente na Torre de Menagem do Castelo e destruída pelo terramoto de 1755. Possui dois sinos antigos, sendo o maior destinado às horas



Igreja de S. Pedro





Barragem de Lucifecit



Próximo de Terena mas em terrenos pertencentes à freguesia, fica o Santuário da Senhora da Boa Nova que se distingue pela planta em cruz grega com três pórticos de arcos góticos sobre os quais se erguem balcões defensivos decorados com as armas reais portuguesas o que o faz assemelhar-se a uma fortaleza. Encontrando-se em bom estado de conservação, constitui um exemplar raro da igreja-fortaleza, no património arquitetónico do nosso País.

  • "A origem da invocação Senhora da Boa Nova parece estar ligada à lenda da Fermosíssima Maria (Dona Maria,Rainha de Castela), a filha do Rei D. Afonso IV de Portugal que se deslocou à corte portuguesa para solicitar a seu pai que auxiliasse o marido na Batalha do Salado."  Texto da web

Este é um santuário mariano muito antigo, julgando-se que terá resultado da cristianização de cultos pagãos originários dos povos que anteriormente povoaram esta região.

A abóbada do altar principal está coberta de "frescos" representando cenas bíblicas e  nas paredes, quadros com os reis da primeira dinastia até D. Afonso IV  O retábulo apresenta belas pinturas com cenas da vida de Jesus e Maria.

A nave encontra-se decorada com pinturas do séc. XIX do pintor alentejano Silva Rato, representando os Santos mais venerados nesta região.

Todos os anos no primeiro fim de semana após a Páscoa se realiza aqui uma importante romaria e várias festividades religiosas de culto à Senhora da Boa Nova que atraem muitos fiéis e outros curiosos.

Gostámos de visitar mais este recanto do nosso País e de conhecer um pouco da sua história, tradições, lendas, tudo aquilo que faz um pouco da nossa identidade. Ficamos sempre mais ricos quando visitamos estes lugares.

Mas, o tempo passa e a viagem tem que continuar pois tínhamos data para estar em Portalegre para assistir à Queima das Fitas do neto António que está a terminar a licenciatura.
Assim, seguimos para Borba e daí até Monforte através de estradas secundárias onde se encontram belas paisagens e pequenas aldeias que gostamos de conhecer.




Um dos símbolos de Borba é a Fonte das Bicas ou Chafariz de Borba. Edificado em 1781 pela Câmara Municipal numa zona central da vila, constitui um monumento que pretende valorizar não só a água tão importante e necessária à vida na Terra mas também  o mármore, importante valor económico desta região. Junto à fonte está um lago que pretende representar o lago onde, segundo a lenda, se achou o barbo que deu nome à vila.

Almoçámos em Borba e após um passeio a pé por esta zona central, recordando uma visita maior que fizemos à vila há alguns anos atrás, continuámos até à simpática aldeia de Prazeres, numa viagem tranquila como só estas terras alentejanas nos proporcionam, enquanto desfrutamos a beleza da paisagem matizada de tapetes de flores que a primavera bordou.





Igreja matriz da aldeia de Prazeres.
Edifício da antiga Escola, hoje transformada na Associação cultural.


Foi aqui , junto à Igreja que pernoitámos, depois de falarmos com alguns moradores que nos disseram ser um local tranquilo e nos informaram que neste mesmo largo existiam sanitários públicos e um fontenário se tivessemos necessidade. Agradecemos a simpatia e disponibilidade mas não foi necessário visto termos tudo o necessário na AC. A noite foi muito tranquila e, no dia seguinte fomos até Monforte onde almoçámos fazendo depois um percurso pelo centro da vila.



No dia seguinte seguimos para Portalegre para almoçar com a família e assistir aos festejos da Queima das Fitas com a alegria de participar em mais um evento da vida e crescimento do neto.


 Terminada a festa, era tempo de descansar e assim regressámos a casa após estes quinze dias tão bem passados.