AMENDOEIRAS EM FLOR
PARTE I
MARÇO / 2023
Com a temperatura agradável que se fazia sentir neste início de Março, resolvemos ir até Trás os Montes para apreciar a beleza das amendoeiras floridas e conhecer melhor esta região que tanta beleza tem para nos oferecer.
Saímos de casa após o almoço e seguimos pela A23 até Belmonte onde pernoitámos na ASA situada no Parque de Santiago.
2º dia - 10/3/23 > Belmonte - Fig. de Castelo Rodrigo - Freixo de Espada à Cinta
De Belmonte viajámos até Figueira de Castelo Rodrigo pela sinuosa estrada, contornando encostas que se erguem entre profundos vales. Enormes rochedos em perfeito equilíbrio parecendo desafiar as leis da gravidade, enfeitam estes montes, dando à paisagem uma fisionomia agreste mas, ao mesmo tempo, harmoniosa. É uma paisagem soberba em plena serra da Marofa!
Almoço em Figueira de Castelo Rodrigo no restaurante "A Cerca" que, mais uma vez, não nos desiludiu.
Terminado o almoço seguimos pela N221 até Freixo de Espada à Cinta, passando a ponte sobre o rio Douro em Barca de Alva e continuando ao lado do Douro Internacional até ao Freixo.
No percurso até Barca de Alva passámos por Escalhão, a bonita aldeia que foi vila e sede de concelho até ao início do sec. XIX.
Na passagem pela aldeia, sobressai a imponente igreja datada do sec. XVI, de linhas robustas assemelhando-se a uma austera fortaleza e que se encontra associada a um episódio durante a Guerra da Restauração em que a população se refugiou dentro da Igreja durante bastantes dias, resistindo ao cerco dos espanhóis.
Um pouco mais à frente e nesta estrada com paisagens arrebatadoras, encontramos o Miradouro do Alto da Sapinha onde a natureza nos oferece uma vista espetacular que abrange os recortes montanhosos até Barca de Alva, onde se destacam vastas plantações de oliveiras, amendoeiras e vinhas, em contraste com a amplidão do inóspito planalto espanhol.
...e surgem as primeiras amendoeiras floridas |
Neste cenário grandioso existem aves de grande porte como os grifos, as águias e até o bufo real que nidifica nas arribas do rio Águeda, perto deste seu encontro com o Douro. Aqui o Homem não precisa de construir muros para limitar fronteiras pois os canhões fluviais dos rios Águeda e Douro formam uma fronteira natural de grande beleza.
3º dia - 11/3/23 Freixo de Espada à Cinta
O dia apresentava-se de sol, temperatura amena e sem vento o que convidava a um passeio mais alargado pela vila.
Como decorria a Feira das Amendoeiras em Flor no Espaço Multiusos onde está integrada a ASA, aproveitámos a manhã para visitar a feira, apreciar o artesanato e fazer algumas compras destes artigos e produtos representativos da identidade desta região.
Chegada a hora de almoço, procurámos um restaurante no centro da vila onde degustámos um belíssimo bife de vitela com a textura e o sabor que a carne dos animais desta região nos oferece.
De tarde visitámos o Museu Casa Junqueiro e o Museu da Seda, integrados na zona histórica e num passeio pelas ruas mais antigas deste centro histórico, descobrimos os inúmeros sinais do judaísmo nesta terra, bem patentes na construção das casas, sobretudo nas fachadas onde sobressaem os pórticos e as janelas manuelinas desde as mais sóbrias às mais elaboradas.
Há quem considere esta vila "a vila mais manuelina de Portugal" mas outras temos encontrado em que este estilo arquitetónico se evidencia bastante.
A igreja matriz ou de S. Miguel é um edifício quinhentista com um portal manuelino no alçado principal e outro numa das laterais. No seu interior também se encontram muitos elementos deste estilo arquitetónico.
Neste espaço encontra-se o freixo que deu o nome à vila e e sobre o qual se contam várias lendas e a Torre do Galo junto ao que resta da muralha do antigo castelo.
Busto do escritor, poeta e político Guerra Junqueiro, nascido nesta vila em 1850 |
Homenagem ao Pastor numa bela poesia de Guerra Junqueiro |
Estátua de Jorge Álvares, navegador e explorador português, o 1º europeu a aportar à China por via marítima. Era natural do Freixo |
Um belo exemplar de uma fonte, nesta vila |
Pelourinho manuelino junto aos Paços do Concelho. |
Edifício do Paços do Concelho e o pelourinho como símbolo do poder e da justiça |
Neste percurso pelo centro histórico visitámos o Museu Regional Casa Junqueiro que ocupa o rés do chão daquela que foi a casa do pai do poeta e onde ele nasceu. É um museu de cariz etnográfico e regional que pretende retratar a vida, usos e costume da época refletindo a vivência social e económica de uma casa abastada na segunda metade do sec. XIX e princípio do sec. XX .
A cozinha "coração da casa" era o local onde se preparavam e comiam as refeições e onde se convivia, sobretudo no inverno junto à lareira |
O quarto, local de descanso, era também onde se fazia a higiene diária, onde se guardava a roupa e, para quem a possuía, onde se colocava a máquina de costura e se costurava. |
Reprodução de um "sóto", antigo comércio tradicional e local |
"Escritório" do comércio tradicional, normalmente num canto mais recatado da loja ou numa dependência anexa. |
Expositor de alguns objetos para venda e a balança decimal usada para a pesagem de produtos mais pesados. |
Traje domingueiro |
Estas fotos são uma pequena amostra das muitas peças que pudemos apreciar neste museu e que nos deu um prazer imenso recordar pois, muitas delas ainda conhecemos na infância . São também um belo testemunho para as novas gerações que pouco sabem destes usos e costumes de outrora.
E porque achamos que nos museus se aprende muito e são locais de grande interesse, fomos visitar também, como já referi, o Museu da Seda e do Território, localizado na antiga Casa da Cadeia e que reúne o acervo do antigo Museu do Território e da Memória complementado por um vasto espólio associado à seda e onde ainda se labora a seda de forma 100% artesanal.
Museu da Seda e do Território |
Objetos de várias épocas representativos dos povos que habitaram esta região e dos seus usos. |
Peças usadas na extração e preparação do fio de seda. |
Objetos usados para a extração do fio de seda a partir dos casulos. |
Nestes teares fabricam-se as peças em seda com o fio anteriormente extraído dos casulos |
Estes teares trabalham diariamente pelas mãos de artesãs que fabricam várias peças, depois vendidas na loja |
Mais alguns edifícios da zona histórica |
Igreja do Convento de S. Filipe de Nery O edifício, atualmente não está atribuído ao culto e funciona como monumento de interesse público com exposição de peças relacionadas com o culto. |
Já a precisar de descanso, regressámos à AC precisamente quando estava prestes a começar uma exibição de Freestyle com a dupla Jaque Stunt e NH-Pina. Durante quase 2h assistimos a um espetáculo de que não estávamos à espera mas que nos agradou bastante pela perícia demonstrada.
À noite um concerto com "Os Anjos" de que também gostámos muito.
Terminado o espetáculo cerca da meia-noite, era hora de finalmente descansar para no dia seguinte seguir para Mogadouro.
4º dia - 12/3/23 > Freixo de Espada à Cinta - Mogadouro - Izeda - Bragança
Neste 4º dia desta viagem deixámos o Freixo e seguimos para Mogadouro onde também decorria uma Feira de Artesanato e Produtos da Terra.
À saída do Freixo para Mogadouro, na N217, passámos pelo Miradouro do Alto do Pirocão que nos oferece uma bonita panorâmica sobre o Freixo e a envolvente que é maravilhosa.
As fotos não traduzem a beleza que daqui se vislumbra porque o Sol estava de frente e não permitia imagens melhores
Chegados a Mogadouro, estacionámos perto da Feira e fomos fazer um reconhecimento per correndo as barraquinhas.
Era a hora de almoço e ainda havia pouca gente na feira. |
Demos uma voltinha pelo centro tentando encontrar um restaurante para almoçar visto que nestes dias a frequência é maior que o habitual. Depois de uma agradável caminhada (para abrir o apetite...) acabámos por encontrar um que nos agradou onde degustámos um delicioso ossobuco acompanhado de uma preparação de batatas no forno de que gostámos muito.
Terminada a refeição, lá fomos até à feira para adquirirmos alguns produtos. Na conversa com alguns dos produtores demos conta das inúmeras dificuldades que atravessam para conseguir tirar proveito das terras e para criar os animais que lhes fornecem o sustento e o meio de sobrevivência. Muitos deles já com uma provecta idade mas também alguns mais jovens que, apesar de terem feito os seus cursos, se dedicaram às terras que os pais já não podem trabalhar, não só para que não fiquem ao abandono mas também porque nem sempre é fácil encontrar outros empregos no nordeste transmontano.
Ainda assistimos a um espetáculo de Pauliteiros com crianças das escolas promovido pelas associações culturais de Mogadouro.
Após o espetáculo e com as compras feitas, resolvemos seguir até Bragança pois o tempo estava bom e ainda era cedo. Bonitas paisagens onde não faltaram os amendoais. A estrada é boa mas após a ponte sobre o Sabor apanhámos um troço menos bom porém, mais à frente voltou de novo a estrada boa.
Pensámos ficar em Izeda onde há uma AS. Chegados lá verificámos que a ASA tem boas condições mas, naquela altura, encontrava-se mal frequentada e não nos agradou.
Seguimos para Bragança cuja ASA se situa na encosta do castelo. Chegámos já ao lusco fusco. Depois de instalados, fomos até ao castelo que já tínhamos visitado anteriormente mas aproveitámos para fazer umas fotos com a iluminação do entardecer.
5º dia - 13/3/2023 > Bragança
O dia amanheceu com uma chuva miudinha trazida por uma ou outra nuvem mais escura que, de vez em quando, surgia no céu.
A meio da manhã já o Sol espreitava por entre as nuvens e parecia que as condições do tempo iam melhorar, embora se fizesse sentir um ventinho desagradável. Agasalhámo-nos bem e dirigimo-nos à zona mais central à descoberta de algo que nos interessasse visitar e também um local para almoçar.
Encontrámos um restaurante que nos agradou e embora ainda fosse cedo, resolvemos almoçar para depois irmos visitar a cidade.
Após o almoço saímos para descobrir a cidade mas, eis senão quando, começa a levantar-se um vento mais forte, o céu escureceu e uma chuvada intensa, tocada a vento, se faz sentir.
Valeu-nos uma paragem dos autocarros urbanos para nos proteger até conseguirmos sair para um Café, um pouco mais à frente e bem mais abrigado, onde ficámos até a chuva parar.
Como as condições atmosféricas não mostravam melhoria, decidimos regressar à AC e no quentinho das nossas instalações ficar bem mais confortáveis. Amanhã é outro dia!!!...
Nota - O resto da viagem estará na mensagem com o titulo AMENDOEIRAS EM FLOR - PARTE II