Quando, há cerca de três anos, fizemos uma viagem pelo Nordeste Transmontano, ficámos surpreendidos com as maravilhas que esta região tem para nos oferecer, tanto a nivel paisagístico como a nível gastronómico ou arquitetónico e logo decidimos que haveriamos de repetir essa viagem, porém, numa outra época do ano, para apreciarmos as diferenças na paisagem decorrentes do calendário da natureza. Proporcionou-se este ano... e assim, entusiasmados por um dos famosos "cartões de visita" do Alto Douro, começámos, logo em Janeiro, a preparar a viagem a Trás os Montes, a realizar por alturas do Carnaval que coincidia com a habitual floração da amendoeiras. Mas... lá diz o ditado "o homem põe e Deus dispõe... " e a Natureza resolveu pregar-nos uma partida: devido à seca que se tem feito sentir no nosso país e, muito em especial, nas terras frias do nordeste, a floração das amendoeiras estava muito atrasada e não nos foi possível apreciar esse belo espetáculo. Valeu a boa gastronomia, o rico legado histórico e a simpatia das gentes que tão bem nos acolheram.
Sábado, 18 de Fevereiro de 2012
Eram 9h da manhã quando saímos de casa, seguindo pela A23 até à área de serviço de Abrantes onde tínhamos marcado encontro com dois casais amigos, também autocaravanistas e que nos acompanharam nesta viagem. Aproveitámos para comprar o jornal para pôr as notícias em dia é após tomarmos um cafézinho, continuámos a viagem até Trancoso, onde almoçámos, fazendo, em seguida uma visita ao centro histórico situado dentro das muralhas e onde se destaca a igreja de Sta Maria, a igreja de S. Pedro, a igreja da Misericórdia, o Pelourinho e a Casa do Arcos (sec. XVI), entre outras.
Dentro das muralhas da época dinisiana, situa-se o castelo, também ele medieval.
Dentro das muralhas da época dinisiana, situa-se o castelo, também ele medieval.
Portas d'El Rei, uma das entradas da muralha.
Igreja de S. Pedro e, à esquerda, a Casa dos Arcos, imóvel do séc. XVI. O Pelourinho manuelino é um dos mais belos pelourinhos nacionais.
Igreja da Misericórdia. A porta principal é encimada por um escudo real.
Igreja da Misericórdia (alçado lateral)
Estátua de Bandarra, sapateiro de Trancoso, autor de trovas de carácter messiânico que profetizou, nos seus versos, a perda da liberdade e a restauração da independência com o regresso de "o Encoberto" que haveria de devolver a grandiosidade a Portugal. Apesar de proibidas pela Inquisição, as trovas encontraram grande aceitação entre vários setores da população, sobretudo durante a ocupação espanhola.
Monumento aos reis D. Dinis e D. Isabel de Aragão que contrairam casamento em Trancoso.
Antigo Palácio Ducal, do séc. XVIII, solar onde viveu Bartolomeu Meneses, 2º Visconde de Trancoso.
Após uma visita à parte antiga da vila, fizemos algumas compras no comércio local que, por ser sábado à tarde, se encontrava com muitas lojas encerradas. Mesmo assim ainda houve oportunidade de adquirir umas lembranças numa loja de artesanato , tomar um café e comprar umas sardinhas doces, especialidade da doçaria local e que, por sinal, são muito boas.
De Trancoso seguimos para Marialva, antiga vila construída sobre um Castro alguns séculos a.C. e ocupada por sucessivos povos. Conta a tradição que o nome Marialva deriva do facto de D. Afonso II doar esta povoação a uma senhora de nome Maria Alva, por quem se apaixonou. Esta versão, porém, não possui nenhum suporte histórico.
A construção da fortaleza sobre o Castro teve lugar pelo séc. V, tendo sido o castelo restaurado por D. Sancho I e ampliado por D. Dinis.
Acesso à entrada das muralhas, vendo-se o cruzeiro que fica no Largo do Cruzeiro.
Porta do Anjo da Guarda, Uma das entradas de acesso à Cidadela.
Interior da Capela do Senhor dos Passos.
Antiga Casa da Câmara, Tribunal e Cadeia. No largo encontra-se o Pelourinho e a cisterna.
Mais um aspecto da Cidadela.
A Devesa, situada a sul da Cidadela de Marialva, mais baixa e com terras férteis, estende-se pela planície e é aqui que se concentra o maior número de habitações. A norte da Cidadela situa-se o Arrabalde, também conhecido por vila e é um conjunto habitacional, fora de portas mas que apresenta todas as características de uma vila medieval.
Capela de S. João Batista ou de Nª Sra. de Lourdes.
Vista de Longroiva, antiga vila templária onde existe um moderno complexo termal vocacionado para a saúde e o bem estar.
De Longroiva seguimos para Mêda onde ficámos no parque de campismo, um espaço muito agradável, junto às piscinas e que possui muito boas instalações, ficando próximo do centro da vila.
Domingo, 19 de Fevereiro de 2012
Parque de Campismo de Mêda
Anfiteatro na zona de lazer.
Mêda situa-se na zona de transição entre as terras frias da Beira Interior e as terras quentes do Douro. Região essencialmente agrícola, revela-nos a dureza laboral de gerações que trabalharam estas terras, tornando-as produtivas, a par de um vasto legado patrimonial e paisagístico.
Mêda é uma cidade onde se destaca a a Torre do Relógio, um miradouro natural de onde se pode apreciar as belezas panorâmicas do concelho
A Torre do Relógio erguida no alto de um maciço granítico de onde se avistam as terras em redor
A cidade vista a partir do miradouro
Igreja Matriz, construção de influência românica.
Pelourinho, supostamente datado do séc. XVI
A Câmara Municipal, instalada no antigo Solar das Casas Novas, é um belo edfício de estilo barroco que se supõe remontar aos finais do séc. XVII.
Imagem de Nª Sra., situada no miradouro, junto à Torre do Relógio.
A Torre do Relógio adaptada da anterior torre de vigia ou atalaia, era um dos pontos estratégicos do sistema defensivo das fortificações medievais.
Mas Mêda não vive só do passado, é uma cidade com boas infra estruturas e edifícios modernos, onde as actividades culturais e desportivas não são descuidadas.
Daqui, seguimos para Penedono, sede de concelho do distrito de Viseu com rico património arquitetónico de que sobressaem o castelo e o centro histórico que mantêm a traça medieval.
O castelo, de planta pentagonal, ergue-se num maciço rochoso e é de construção anterior à nacionalidade e encontra-se muito bem restaurado.
Uma rua de acesso ao castelo de Penedono.
Do alto das ameias desfruta-se uma paisagem espetacular abrangendo todas as terras em redor
Em frente ao castelo encontra-se um pelourinho de gaiola colocado numa base de degraus de forma hexagonal.
Igreja de Penedono
Interior da igreja de Penedono
Curioso o pormenor da capela com o púlpito no exterior.
Espalhados pelo centro histórico, encontram-se em exposição, réplicas de vários engenhos de guerra, da época medieval.
Feita a visita a Penedono, seguimos para S. João da Pesqueira e descendo em direção ao Douro que atravessámos na Barragem da Valeira, passámos por Carrazeda de Ansiâes e dirigimo-nos para Vila Flor. Percurso muito bonito mas sinuoso, sobretudo na passagem da Valeira onde o Douro corre por entre enormes fragas.
De Penedono para S. João da Pesqueira vislumbram-se lindas paisagens que seriam ainda mais belas não fora a seca que o nosso país está a sofrer durante todo o inverno.
Apesar da seca, os campos encontram-se tratados e com as terras preparadas para receber as culturas
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Casa solarenga em S. João da Pesqueira
Barragem da Valeira
Chegámos a Vila Flor ao anoitecer, mesmo a tempo de nos dirigirmos ao parque de campismo inserido no complexo turístico do Peneireiro, uma zona muito arborizada com uma pequena barragem e condições para a prática de desporto e percursos de natureza. A zona envolvente é muito bonita. Aí pernoitámos para continuar o nosso percurso no dia seguinte.
Segunda feira, 20 de Fevereiro de 2012
A noite foi tranquila e o despertar muito agradável, com um sol radioso e o chilrear dos passarinhos que habitam no vasto arvoredo do parque. Após a higiene matinal e o pequeno almoço tomado no parque, seguimos para a Sra. da Lapa, um miradouro natural no Monte do Facho, de onde se desfruta uma panorâmica magnífica sobre a vila e o vale onde ela está inserida e que é das terras mais férteis de Portugal, segundo os entendidos.
O santuário é composto por 7 pequenas capelas. A que lhe dá o nome, foi parcialmente construída numa gruta escavada no xisto. O espaço envolvente encontra-se bem cuidado e permite usufruir de estruturas de apoio às magníficas condições naturais para descansar e apreciar as maravilhas da natureza.
Vila Flor, vista do miradouro de Nª Sra. da Lapa
Algumas das 7 capelas
D. Dinis, quando da sua passagem por estas terras, gostou tanto deste lugar que a batizou de Vila Flor, concedeu-lhe foral e mandou cercá-la de muralhas de que, hoje, apenas resta a Porta de D. Dinis. Nesta altura em que a visitámos, algumas das ruas encontravam-se em obras o que dificulta um pouco mais a circulação pelo que decidimos seguir viagem e voltar numa outra altura para uma visita mais detalhada.
Na estrada de Vila Flor para Mirandela, no lugar de Vilas Boas, fica um outro santuário, este mais imponente, onde se realiza uma das mais importantes romarias desta região - é o Santuário da Sra da Assunção. Foi para lá que nos dirigimos fazendo questão de subir a pé os vários lances de escadas que nos conduzem à igreja e de apreciar a espetacular paisagem que dali se avista.
O santuário tem sido beneficiado com obras no sentido de tornar mais agradável e funcional o espaço que o circunda pois, em dias de romaria - a 15 de Agosto - são inúmeros os peregrinos que ali se deslocam.
Lá do alto avista-se o imenso vale e as povoações vizinhas.
Encontram-se várias capelas representando cenas da vida de Cristo, até chegar ao cimo onde está a igreja de Nª Sra da Assunção.
O Santuário foi construído no local onde existia uma pequena capela onde se diz que Nª Sra. apareceu a uma pequena pastora de Vilas Boas, de nome Maria.
Seguimos em direção a Mirandela onde fizemos uma breve paragem para almoçar e fazer algumas compras. Já tinhamos visitado Mirandela numa outra viagem e por isso não demorámos muito tempo pois queríamos chegar a Podence a tempo de assistir aos festejos do Carnaval.
Passámos por Macedo de Cavaleiros e seguimos para Podence, ficando estacionados num dos vários parques que a autarquia disponibiliza nesta altura dos festejos e onde já se encontravam várias autocaravanas, tanto nacionais como estrangeiras.
Depois, fomos visitar a Casa do Careto, a Feira de Atividades económicas onde adquirimos alguns produtos da região e assistir aos espetáculos de rua que davam animação e cor às festividades.
Representação do Auto da Barca do Inferno, por um grupo de teatro amador, que estava a decorrer, quando chegámos.
Os Caretos chocalheiros
Casa do Careto - um museu onde se preserva a arte , cultura e tradição deste povo transmontano.
Em Podence o Entrudo é feito de tradição e de mistério. A Festa dos Caretos é uma extensão da Festa dos rapazes, pelo Natal, que tem a ver com a passagem à idade adulta. É uma forma de divertimento como despedida antes da entrada no rigor da Quaresma. Os Caretos saem à rua para anunciar o fim do inverno e o começo da primavera. Vestidos com os seus fatos acolchoados de franjas de lã vermelho, amarelo e verde, com um capuz que tem atrás uma longa trança, usam máscaras de latão ou madeira, de onde sobressai o nariz muito afilado para manter o anonimato. Distinguem-se pelos vários chocalhos que trazem presos a correias entrecruzadas no peito e à cintura, emitindo uma sinfonia de sons que põem fim ao silêncio e dão inicio ao mau comportamento.Também usam guizos presos nos pés e uns paus enormes nas mãos, que os ajudam a dar saltos mirabolantes. Recitam versos, em forma de testamento, onde contam os segredos da vizinhança e piadas brejeiras relacionadas com infidelidades. As raparigas já sabem que o melhor é não se aborrecerem e colaborarem na brincadeira.
Havendo também um festival gastronómico com especialidades da região, foi aí que jantámos, assistindo depois ao pregão casamenteiro, na fachada principal da igreja onde, com ditos jocosos, se anuncia que todos os solteiros da aldeia estão casados, usando uma certa malícia e fazendo uma ironia de costumes. Manda a tradição que os rapazes, depois da pregação dos "caretos",sigam para casa das noivas e lhes deem um abraço ou um beijo. Para completar a festa, juntam-se aos caretos as "matrafonas" e os "madamos", homens vestidos de mulher que com eles transgridem as leis normais da convivência e se divertem "pregando partidas" normalmente, bem toleradas pela população. No final houve a queima do Entrudo, um enorme boneco colocado junto à Casa do Careto e fogo de artifício. Tudo isto ao som de gaitas de foles e de bombos.
Gostámos de conhecer estas tradições que, em muitas terras se vão perdendo para dar lugar às imitações brasileiras porém, em Podence, o Carnaval ainda é bem português e a tradição e a nossa cultura estão a ser preservadas.
Terça feira, 21 de Fevereiro de 2012
O amanhecer deste dia de Carnaval fez-se com um sol radioso, em nada diferente do tempo que tem feito nestes dois primeiros meses do ano. Tempo ideal para passear e para festejar o Entrudo mas péssimo para a agricultura uma vez que a chuva não cai, as terras estão sedentas e a vegetação não se desenvolve. As consequências desta seca em pleno inverno são bem visíveis nesta região de Trás os Montes onde as culturas tradicionais desta época estão atrasadíssimas e o gado sem pastagens... As albufeiras também se encontram muito abaixo do nivel normal, como pudemos observar na Albufeira do Azibo, aqui bem perto, em zona de paisagem protegida. Foi para lá que nos dirigimos quando deixámos Podence ao início da manhã, depois de termos saboreado um cafézinho no bar da Casa do Careto.
É este o aspeto da albufeira do Azibo, devido à seca.
Nesta foto é visivel o nível que as águas costumam atingir, assim como o aspeto da relva, amarelada pela falta de água.
Bragança era o nosso próximo objetivo e para lá nos dirigimos com intenção de ficarmos no parque de campismo porém, encontrava-se fechado e resolvemos procurar estacionamento no parque do mercado. Chegámos a horas de fazer ainda umas compras no mercado: nozes e figos secos, diretamentente do produtor... e se eles eram bons!...
Não nos detivemos por muito tempo em Bragança uma vez que também já tinhamos visitado numa outra viagem e resolvemos seguir para Vimioso que ainda não conhecíamos. Chegámos a Vimioso a meio da tarde e logo fomos procurar o campismo para estarmos tranquilos em relação ao local de pernoita. Mais um que se encontrava encerrado ... Nesta época do ano e nestas terras frias, é difícil encontrar parques a funcionar pois não compensa manter as instalações abertas com poucos turístas. Porém, verificámos que no portão havia um número de telefone para contactar em caso de necessidade. Assim fizemos e daí a poucos minutos já estava junto de nós uma senhora muito simpática, com as chaves do parque para que nos pudessemos instalar - éramos os únicos ocupantes do parque. A sra. disponibilizou-nos todas as instalações e deixou-nos as chaves de tudo, inclusivé do portão de entrada para nos podermos servir à vontade. O Parque é muito recente e tem belíssimas instalações inclusivé uma sala de convívio com cozinha anexa equipada com fogões, esquentador, lava loiças, enfim... tudo o necessário para se preparar uma refeição. O nosso companheiro Bonifácio tinha prometido fazer um caril de camarão e já tinha adquirido todos os ingredientes para o efeito. Então, aproveitámos as instalações e foi lá que fizemos o jantar e depois jantámos. Convém referir que o jantar estava excelente Foi muito agradável pois a senhora que nos recebeu fez questão em que nos sentíssemos o melhor possível que até nos foi lá pôr a televisão que estava na recepção para que pudéssemos ter um serão mais entretidos. É a simpatia destas gentes do norte que nos encanta pela dedicação e pela hospitalidade com que sabem receber aqueles que os visitam, deixando em cada um de nós o desejo de voltar. Com um parque de alguns hectares só para nós, inserido em zona de pinhal, espaços de lazer e percursos de natureza agradáveis, claro que neste dia já não saímos do parque e limitámo-nos a desfrutar aquilo que nos era oferecido.
O "cozinheiro" preparando o jantar ( a Teresa fez o arroz ...)
Parque de Campismo de Vimioso
Quarta feira, 22 de fevereiro de 2012
Depois de uma noite bem dormida no mais completo sossego, aproveitámos a manhã para visitar Vimioso, terra de gente hospitaleira onde a paisagem natural se articula com o património erigido pela mão do homem, onde o homem se mistura com a natureza.
Iniciámos a visita pela Casa da Cultura onde está instalado um museu regional com um espólio interessantíssimo de objetos de uso comum de épocas passadas e desconhecidos da maior parte das novas gerações.
Máquina de sulfatar, do tempo dos nossos avós
Banco de madeira. Em cima do banco encontram-se dois berços de bebé
Móvel de cozinha com alguns dos utensílios usados para cozinhar e guardar alimentos
Balança decimal
Mobiliário de uma antiga escola
Oficina de ferreiro com o respetivo fole.
Igreja matriz de Vimioso
Paços do Concelho
Sé catedral de Miranda do Douro
A fachada principal é ladeada por duas imponentes torres e encimada por uma balaustrada.
Menino Jesus da Cartolinha
A zona histórica encontra-se em fase de recuperação e, por isso, são visiveis as obras em muitas ruas, tornando-se mais complicada a circulação.
Monumento ao povo mirandês
Igreja da Misericórdia
Deixámos Miranda do Douro ao fim da tarde e seguimos para Mogadouro para aí pernoitarmos. Mogadouro possui um excelente Parque de campismo inserido num agradável complexo desportivo, com umas excelentes piscinas cobertas, abertas até às 10 h da noite mas, como a maior parte dos parques nesta zona nortenha, encontra-se encerrado nesta altura. Porém, havia um funcionário a fazer a manutenção dos jardins que nos informou que se o sr. vereador desse ordem, nós poderíamos ficar no parque e assim, graças à hospitalidade desta boa gente nortenha, telefonámos ao dito sr. que nos disse podermos ficar à vontade só não teríamos água quente nos sanitários porque as máquinas levam imenso tempo a aquecer e a água só estaria boa quando estivessemos de partida mas que, para os banhos, poderíamos utilizar os sanitários da piscina, ali mesmo ao lado. Claro que a água quente não era indispensável porque é um bem que temos nas autocaravanas mas agradecemos do mesmo modo.
Logo veio uma funcionária dar uma limpeza nos sanitários para que tudo estivesse em ordem. O parque dispõe de boas instalações e ficámos ali muito bem. No dia seguinte quando fomos pagar disseram que não tinhamos nada a pagar porque o parque se encontra fechado. Agradecemos a amabilidade e prometemos voltar...
Parque de Campismo de Mogadouro
Convento de S. Francisco onde se encontra instalada a Câmara Municipal
Igreja do Convento de S. Francisco
Igreja Matriz
Castelo
Quinta feira, "3 de Fevereiro de 2012
De Mogadouro seguimos para Freixo de Espada à Cinta onde fizemos uma breve visita à zona histórica.
Igreja matriz
Torre de vigia inserida no que resta das muralhas e o Freixo que deu nome à terra.
O freixo de "espada à cinta"
Conta-se que D. Dinis, andando por estas paragens, em várias ocasiões se desentendeu com seu filho, D. Afonso, travando algumas lutas para o castigar e aos seus seguidores pelas desobediências e tropelias que o mesmo provocava. Um dia, cansado de uma dessas escaramuças, parou à sombra de um grande freixo, nesta região quase deserta e, para poder descansar um pouco, tirou a espada e o cinto e colocou-o à volta do freixo. Cansado como andava, em breve adormeceu e então sonhou que à sua frente estava um homem já idoso com a sua espada à cintura. Levantou-se de repente e perguntou-lhe o que fazia com a sua espada e o ancião respondeu-lhe que era um rei visigodo que tinha sido transformado num freixo e que o feitiço só passaria quando um rei de Portugal lhe pusesse a espada à cinta, o que, na realidade, tinha acontecido naquele momento. O dito ancião deu alguns conselhos a D. Dinis, em relação ao modo como tratar o seu filho e a sua esposa D. Isabel. Quando o rei acordou, já não viu mais o velho que achou parecido com o freixo. Então deu àquele lugar o nome de Freixo de Espada à Cinta.
Do alto da Torre, esta é a vista de Freixo
Freixo é a terra do navegador Jorge Alvares e também do poeta Guerra Junqueiro
Saímos de Freixo em busca do Miradouro Penedo Durâo que tinhamos a indicação de ser um local muito bonito e com uma vista espetacular. Metemo-nos pela serra, seguindo as placas mas, após longos quilometros já estávamos fartos daquela triste paisagem, devido à seca e resolvemos seguir , sempre pela serra, para Barca de Alva.
È este aspeto seco e triste que a paisagem apresenta... Amendoeiras em flor... nem uma!!!
A ponte que atravessa o rio Douro, em Barca de Alva
Terras do Douro Internacional
Esta é a vista do Miradouro da Sapinha, na estrada que liga Escalhão a Barca de Alva. É um lugar de referência pela linda paisagem de amendoais e olivais porém, este ano, a vista é esta... Daqui se vê a união do rio Águeda com o Douro e também a Espanha. Em anos normais, com as amendoeiras floridas, a paisagem é espetacular.
Escalhão
Igreja matriz de Escalhão
Continuámos para Figueira de Castelo Rodrigo, região onde predomina a cultura da amendoeira mas que, como nas terras por onde andámos, se encontram ainda muito atrasadas na floração. Decorre de 18 de Fevereiro a 11 de Março a Festa da Amendoeira em Flor em Figueira de Castelo Rodrigo, com muitas atividades culturais, recreativas e desportivas mas, nesta altura em que aqui passámos, nem uma amendoeira florida conseguimos ver.
Subimos a Castelo Rodrigo, uma das mais belas aldeias históricas. O castelo de Castelo Rodrigo foi mandado edificar por Afonso IX de Leão, quando da reconquista cristã da Península Ibérica. Posteriormente, o nosso rei D. Dinis, disputou o território de Ribacôa ao reino de Leão, tendo a sua posse ficado assegurada pelo Tratado de Alcanises. A partir daí, D. Dinis procurou consolidar as fronteiras fazendo reedificar os castelos desta região, nomeadamente o de Alfaiates, Almeida, Castelo Bom, Castelo Melhor, Castelo Mendo, Castelo Rodrigo, Pinhel, Sabugal e Vila Maior.
Em Castelo Rodrigo são atribuídos a D. Dinis a Torre de Menagem, os fossos, a cisterna, e a barbacã do castelo.
Ao longo dos séc. foi esta vila uma importante praça defensiva. No séc. XII, perdida a sua função militar instalou-se o declínio económico e a sede de concelho passou para Figueira de Castelo Rodrigo que cresceu no sopé do monte onde se ergue Castelo Rodrigo.
Castelo Rodrigo
Figueira de Castelo Rodrigo, vista de Castelo Rodrigo
De Castelo Rodrigo seguimos em direção a Almeida, vila do distrito da Guarda que foi uma importante fortificação com papel relevante na defesa da zona fronteiriça. A Praça-Forte, de planta hexagonal, é constituída por seis baluartes aos quais corresponde o mesmo número de revelins (construção externa de duas faces, formando um ângulo saliente para cobrir ou defender, neste caso, os baluartes - as coisas que a gente aprende nestas viagens!!!... ) A reforçar a defesa da praça, há ainda guaritas em todos os ângulos dos baluartes, sendo ainda contornados por um fosso que para além de dispositivo de defesa servia como bacia de drenagens do interior da fortaleza. Almeida, actualmente, perdeu a função de praça de guerra mas continua a ser um marco na História de Portugal.
Portas duplas de S. Francisco ou da Cruz ( Séc. XVII )
Câmara Municipal de Almeida
Pernoitámos junto à entrada das Portas de St. António, entre muralhas, numa zona onde se costumam fazer as festas da vila e que tem algumas infraestruturas para poder ser utilizada pelos autocaravanistas como sejam instalações sanitárias, água e até eletricidade que pode ser utilizada nas AC. Ao fim do dia fomos visitados por um funcionário da autarquia que nos disponibilizou os equipamentes e nos disse que em breve iria ser construída uma área para Acs pois a autarquia congratulava-se com a presença de autocaravanistas na sua terra esperando que sejamos seus embaixadores para levar até lá outros companheiros.
O local onde ficámos era extremamente calmo e dormimos muito bem.
Sexta feira, 24 de Fevereiro de 2012
Deixámos Almeida de manhãzinha e seguimos para Castelo Mendo, outra das aldeias históricas que desempenhou um papel importante na consolidação das nossas fronteiras. Todas estas aldeias históricas se encontram, hoje, quase desabitadas e com uma população muito envelhecida.
Castelo Mendo remonta aos primeiros tempos da monarquia. A aldeia é envolvida por muralhas medievais que serviam de complemento à defesa natural de que o local é beneficiado.
Porta de entrada nas muralhas
As casas tradicionais de Castelo Mendo apresentam dois pisos de planta retangular. O piso inferior servia de loja e o primeiro andar de habitação. Algumas apresentam um acesso exterior para o primeiro andar, através de balcão alpendrado, sustentado por pilares.
O Pelourinho, símbolo jurídico e administrativo, com os seus sete metros de altura é um dos mais altos da Beira.
Igreja de Sta. Maria do Castelo, hoje em ruínas, é um exemplar em estilo românico e situa-se no primeiro núcleo amuralhado.
Entrada principal da igreja de Sta Maria do Castelo, sendo visível a pia batismal
À entrada da aldeia, fora das muralhas, encontra-se um Calvário classificado como Imóvel de interesse público.
De Castelo Mendo seguimos para o Sabugal onde iríamos almoçar, após uma visita ao centro histórico. Já não nos foi possível visitar o castelo porque fechou na hora que chegámos. Paciência... fica para a próxima!...
Sabugal - Casa dos Britos
Domus Municipalis do Sabugal. É de salientar o trabalho artístico do chão feito em seixos, tipo calçada portuguesa.
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A Torre do Relógio, integrada na linha de muralhas.
Castelo do Sabugal - o castelo situa-se no Largo de Sta Maria, num planalto sobranceiro ao rio Côa. Sabugal foi uma importante praça-forte da linha de defesa fronteiriça
Igreja Matriz
A etapa seguinte seria em Sortelha, no concelho do Sabugal, situada num esporão granítico dominante. A sua localização priviligeada resulta de uma escolha estratégica com intenção de dominar todo o espaço envolvente e, deste modo, prevenir e evitar as invasões inimigas. É por este motivo que nesta zona raiana existem várias aldeias históricas, com os seus castelos, todos construídos em pontos elevados.
Sortelha
Sortelha
Sortelha - Bar Campanário
Sortelha - Campanário
Sortelha - Porta Nova
Sortelha - aspeto de uma rua
Sortelha
Sortelha
De Sortelha iniciámos o regresso a casa, passando por Penamacor, Castelo Branco e depois, pela A23, em direção a casa.
Apesar de não vermos concretizado um dos objetivos da viagem - ver as amendoeiras floridas - gostámos imenso de a ter feito. Consideramos que foram uns dias bem passados e permitiu que conhecessemos um pouco melhor as belezas do nosso país. Esperamos que outras viagens se repitam...