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domingo, 29 de maio de 2011

X Enconto CCP - VIAGEM A MARTE... NA TERRA!

De 21 a 25 de Abril de 2011 realizou-se mais um Encontro CampinCar Portugal - o 10º - que, tal como os outros em que já participámos, nos proporcionou momentos de agradável convívio além de nos dar a conhecer recantos do nosso País que, muitas vezes, nos passam despercebidos. Como sempre, a organização foi excepcional e o programa foi cumprido na íntegra, respeitando os tempos destinados para cada atividade. Estes Encontros têm sempre uma vertente cultural muito importante o que nos agrada bastante. A área visitada foi a Faixa Piritosa Ibérica que vai desde as Minas do Lousal ( onde se situam, também, as minas de Canal Caveira, Aljustrel, Neves Corvo e S: Domingos) até ao Parque Minero de Rio Tinto, na vizinha Espanha (Província de Múrcia).

Dia 21 de Abril
Chegámos à povoação do Lousal cerca das 16 h. Depois de termos estacionado no local que tinha sido destinado para este efeito, junto à nova área de serviços para Acs, do Lousal e onde já se encontravam alguns companheiros, iniciámos os cumprimentos aos presentes, ( alguns já nossos conhecidos de outros Encontros e outros que, sendo a primeira vez que compareciam, logo ficámos a conhecer) após o que fomos fazer um breve reconhecimento pela aldeia mineira que cresceu à volta das Minas e que dispunha de todas as infra-estruturas necessárias para a vida dos seus habitantes.




Dia 22 de Abril

Iniciámos o dia com uma visita guiada ao Centro de Ciência Viva e ao Museu Mineiro do Lousal, um projeto muito bem concebido de aproveitamento e recuperação das instalações existentes para dar vida à povoação e ao mesmo tempo transmitir às gerações futuras este pedaço da história desta região.
Embora esta região tenha sido povoada desde a Idade do Cobre, como o provam os monumentos megaliticos e o Castelo Velho do Lousal, é no final do séc. XIX que se inicia a moderna exploração da mina.
Na década de 1940, a mina foi adquirida por Antoine Velge e, na década de 50, esta mina vai transformar-se numa das mais modernas de Portugal.
Com a crise da produção industrial de enxofre nos anos 80, as minas da faixa piritosa vão sucessivamente encerrando. Esta, do Lousal, terminou a laboração em 1988.
Museu Mineiro do Lousal



Alguns dos enormes geradores que se encontram no museu



Centro de Ciência Viva do Lousal

Após o almoço iniciámos a deslocação para Beja onde ficámos no Parque de Campismo Municipal de Beja.
À tarde fizemos uma 1ª visita guiada à cidade de Beja, a velha Pax Júlia, cidade carregada de história desde o tempo dos romanos como o atestam as descobertas arqueológicas, depois os visigodos, os árabes e finalmente, os cristãos que constroem igrejas para celebrar a vitória sobre os mouros. Todas estas civilizações deixaram as suas marcas que podemos hoje apreciar nesta linda cidade.
Começámos por visitar o castelo cuja torre de menagem, mandada edificar por D. Dinis, é um dos símbolos da cidade, erguendo-se sobre a linda planície alentejana.
Interior do castelo e torre de menagem

Paisagem que se avista das ameias do castelo

Uma das entradas do castelo

Igreja de S. Tiago - Sé Catedral de Beja


Igreja de Stª Maria                                                                           Interior da igreja de S. Tiago




Convento de Nª Srª da Conceição

Igreja de Nª Srª dos Prazeres


Tecto da nave da igreja de Nª Srª dos Prazeres, pintado com lindíssimos frescos representando cenas da vida da Virgem Maria.

A igreja de Nª Srª dos Prazeres, datada do séc. XVI, é de uma enorme riqueza artística e cultural pelas inúmeras obras de arte que se encontram no seu interior. Foi patrocinada pelas elites da cidade com o fim de dotar a cidade de várias obras de natureza artística. É um monumento representativo do barroco português.
As paredes e altares são revestidos de luxuriante talha dourada, dos mestres entalhadores, famosos ao tempo, Francisco da Silva e Manuel João da Fonseca e as lindas telas representando cenas da vida da Virgem são dos pintores Bernardes e seu pai Pedro Figueira. Lindíssimos azulejos, também com cenas da vida de Nª Senhora, da autoria de Gabriel del Barco.


Igreja da Misericórdia - edifício renascentista construído de raiz para ser um mercado. Devido à imponência do edifício, o rei D. Luis resolveu destiná-lo a outro fim e adaptá-lo a igreja. A sua forma quadrangular apresenta grandes arcos em volta de um amplo espaço aberto, criado em função da sua 1ª utilidade. Ao fundo, na capela, sobressai o dourado da talha, contrastando com o cinzento da construção exterior.

Um aspeto do interior das muralhas do castelo.


Dia 23 de Abril

Cerca das 9 h da manhã partimos de autocarro para Espanha, a fim de visitarmos o Parque Minero de Rio Tinto. Iniciámos com a visita ao Museu Minero e, após o almoço, dirigimo-nos a estação ferroviária onde tomámos o comboio que nos conduziu por um percurso de 12 km, acompanhando o curso do rio e toda a zona de exploração mineira. Percurso curioso pela originalidade da paisagem que nos faz lembrar um outro planeta. O nome do rio - Rio Tinto . deve-se à cor das suas águas que, devido ao elevado grau de minério de ferro naquela zona, apresentam uma cor escura.
O periodo de maior esplendor da região mineira de Riotinto, reporta-se ao séc. XIX. Em 1873 o Estado espanhol vende as minas a um consórcio britânico que fundou a Riotinto Company Limited que, com o pretexto da exploração de novos veios, destruiu a povoação existente e construiu uma nova com todas as condições necessárias a uma vida melhor e um luxuoso bairro de moradias ao estilo vitoriano para os funcionários ingleses.
Também foi construída a linha ferroviária Riotinto - Huelva, no tempo recorde de 2 anos, com o fim de transportar o minério. Tudo isto deu um grande desenvolvimento à região




O Museu Mineiro, localizado no antigo hospital britânico, leva-nos à descoberta do ambiente mineiro, geologia e história de toda a região. Exibe peças de arqueologia industrial emblemáticas, como o vagão do marajá, a mais luxuosa carruagem de via estreita do mundo, construído para a rainha Vitória de Inglaterra e trazida para Riotinto para utilização do rei Afonso XIII, quando visitou a região.

Os 12 km de ferrovia que foram recuperados transportam-nos pela zona de exploração mineira, ao longo do rio, numa viagem de cerca de 1 h.













Nascente do Rio Tinto

Estas minas, de origem vulcânica sedimentar, têm a idade de cerca de 300 milhões de anos. A história das minas de Peña de Hierro remonta à época romana mas só em finais do séc. XIX foi explorada com maior intensidade. Visitámos uma galeria subterrânea com mais de 200 m que nos conduziu à nascente do Rio Tinto, onde as variadas cores da rocha envolvente à nascente, dão às águas uma tonalidade a que a luz do sol, em contraste com a sombra confere uma beleza especial.


Na verdade foi uma visita muito agradável, pena foi que o dia estivesse tão chuvoso e não nos deixasse apreciar toda a beleza desta paisagem. Ao fim da tarde a chuva deu tréguas o que nos permitiu apreciar melhor as lindas cores da naturaza, nestas paragens.
O regresso a Beja fez-se em clima de alegre convívio, tendo chegado à hora prevista, a tempo de  nos prepararmos para o jantar-convívio que se realizou na Adega Típuica 25 de Abril.


Dia 24 de Abril

De manhã continuámos a visita guiada à cidade de Beja e foi tempo de conhecer o Convento de Nª Srª da Conceição, uma jóia do gótico e do manuelino, onde funciona o Museu regional de Beja e que foi o convento mais rico do Alentejo, fundado pelos infantes D. Fernando e D. Brites. A maior parte das freiras deste convento eram oriundas das mais nobres famílias de Portugal e a elas se deve alguns dos mais famosos doces conventuais portugueses. Foi neste convento que viveu Mariana Alcoforado, autora das Cartas Portuguesas, obra-prima da nossa literatura e que revelam a sua paixão pelo cavaleiro francês Chamilly.
O convento possui riquíssimos azulejos dos sec. XVII, XVIII e sevilhanas. Na sala do capítulo, azulejos hispano-árabes. A abóbada do teto desta sala, tem lindíssimos frescos com cenas biblicas.

A esplendorosa igreja barroca é rica em talha dourada...

...e aqui se encontram expostos alguns dos andores dos santos de maior devoção na cidade, que são autênticas obras de arte.



Lindíssimos paineis de azulejos do sec. XVII, representando cenas bíblicas. 

Era através desta janela que Soror Mariana Alcoforado via o seu amado Chamilly

Estátua da Rainha D. Leonor, frente ao Convento da Conceição.


Aspeto da Sala do Capítulo.


Janela Manuelina

Imagem de Nª Srª da Conceição da escola Machado de Castro, de uma perfeição impressionante

Praça da República

Pelourinho na Praça da República

Dia 25 de Abril

O Concelho de Portel faz parte do distrito de Évora e encontra-se pràticamente equidistante das cidades de Évora e Beja.
A vila de Portel desenvolveu-se com D. João de Portel e desenvolveu-se à sombra do castelopor ele fundado ou por ele remodelado Incorporada na Coroa no reinado de D. Dinis, mais tarde é integrada no senhorio de D. Nuno Álvares Pereira que a doou, alguns anos mais tarde a seu neto D. Fernando, ficando, a partir daí, integrada no património da Casa de Bragança.
Assente num elevado outeiro, do qual se avista uma grande extensão da linda planície alentejana, o seu conjunto fortificado é composto por duas ordens de muralhas. Uma cerca exterior construída em taipa, que envolve a vila velha e o próprio castelo, e este que, no início do sec. XV foi transformado num paço fortificado.


Castelo de Portel


Igreja Matriz, consagrada a Sta Maria da Lagoa

Monumento a D. Nuno Álvares Pereira

Edifício da Câmara Municipal

Vista de Portel, a partir do castelo





As três fotos superiores são do Museu da freguesia de Portel, um importante testemunho de um passado recente onde se encontram reunidos muitos objetos que fizeram parte do nosso quotidiano, no sec. XX e, a maior parte dos quais se encontram caídos no esquecimento, sobretudo dos mais jovens. Este museu é um lugar de afetos, local de encontro do passado, do presente e do futuro, procurando transmitir as tradições e as memórias da vida quotidiana do povo.


Raro conjunto de altares de cabeceira da igreja do Espírito Santo, distribuídos por dois andares, obra do sec. XVIII. O altar é do estilo ró-có-có. No retábulo central - envidraçado - encontramos uma peça com características do sec. XVII, representativa da Virgem no túmulo - Nª Srª da Boa Morte.
Capela de Sto António (sec. XVI-XVII), com azulejaria seiscentista de tapete, a revesti-la interiormente e que funciona como espaço cultural, efetuando-se ali exposições periódicas.
E aqui está o grupo a preperar-se para a habitual foto em conjunto, foto essa que podemos ver no site do CCP, nos relatos dos Encontros CCP onde esta VIagem a Marte... na Terra, se encontra muitíssimo bem relatada pelos companheiros responsáveis pelo site.



E assim terminou a visita à vila de Portel e simultâneamente este 10º Encontro CCP que , tal como os anteriores nos deixou maravilhados e ansiosos pelo próximo. Não referi ainda que, para iniciar as comemorações do 25 de Abril em Portel, fomos brindados com um lindíssimo fogo de artifício, à meia-noite, a partir do castelo. Foi um espetáculo deslumbrante!